A CPA e seus desafios: uma leitura fenomenográfica das distintas concepções e práticas no cenário do ensino superior brasileiro

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/1983-4535.2023.e93450

Palavras-chave:

SINAES., Avaliação Institucional, Comissão Própria de Avaliação

Resumo

A avaliação do ensino superior tem sido um tema discutido em diversas esferas, com mais intensidade a partir de 2004 com o surgimento do SINAES. Nesse sentido, a Comissão Própria de Avaliação ganha certa notoriedade como instituto responsável por coordenar a prática avaliativa no contexto de uma IES. Sob a ótica destes aspectos, este artigo preleciona a contextualização das concepções de gestores institucionais a partir das atividades das CPAs de suas respectivas IES. A partir de uma abordagem fenomenogrática como estratégia de pesquisa, buscou-se analisar as concepções de gestores sobre as atividades da Comissão Própria de Avaliação, e em que nas conclusões foi possível identificar que há diferentes concepções, a depender do modelo institucional, relacionadas com as atividades desta Comissão. O escopo teórico tratou da fenomenografia e seus desafios na prática da pesquisa, sobre a avaliação institucional e seus desafios, contribuindo para a organização das etapas desenvolvidas até a coleta e o tratamento dos dados, que se utilizou, reitera-se, da fenomenografia. Os resultados permitiram considerar que a CPA é concebida de formas distintas pelos gestores de IES universitárias e não universitárias, e tais concepções indicam novas oportunidades de pesquisa para o aprofundamento de discussão.

Biografia do Autor

Thiago Henrique Almino Francisco, Universidade do Extremo Sul Catarinense

Pós-Doutor em Administração (PPGA/UFSC). Doutor pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento da Universidade Federal de Santa Catarina (EGC/UFSC). Mestre, pelo Programa de Pós-Graduação em Administração Universitária da Universidade Federal de Santa Catarina (PPGAU/UFSC). Especialista em Gestão de Pessoas e Competências Organizacionais e Bacharel em Administração com ênfase em Marketing pela Faculdade de Ciências Econômicas da Região Carbonífera. Atualmente é Coordenador do Setor de Avaliação Institucional (SEAI), da Comissão Própria de Avaliação (CPA), e Professor do Departamento de Administração, ambos vinculados a Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC). Desde 2019, é Coordenador Adjunto dos Cursos de Administração e Administração ? Comércio Exterior. Atua como pesquisador, vinculado ao Instituto de Estudos e Pesquisas em Administração Universitária (INPEAU ? UFSC) e ao Grupo de Estudos sobre Universidades (GEU - UNESC). Tem experiência, e produtos tecnológicos, em temas relacionado a avaliação e regulação da educação superior e gestão acadêmica. Desde 2007, desenvolve atividades técnicas e executivas relacionadas com a gestão acadêmica, gestão da avaliação institucional e coordenações de curso, colaborando na formulação de estratégias de gestão dos indicadores provenientes do ENADE. É docente de graduação e pós-graduação, certificado pelo Consórcio SthemBrasil (Laspau ? Harvard) para o uso de metodologias inovadoras de ensino e aprendizagem, e preconiza temas vinculados com ao Marketing, ao Growth Hacking, a Administração Estratégica, a Gestão do Conhecimento, a Inovação, a Metodologia qualitativa de Pesquisa. Na Pós-Graduação, atua em temas emergentes vinculados à área da gestão da educação superior, a inovação tecnológica em Gestão Universitária e a Gestão Acadêmica, com ênfase nos subtemas da Avaliação Institucional e da Gestão Acadêmica. Integra o Banco de Avaliadores do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (BASis), do INEP/MEC, o corpo de parecerias do Education Quality Accreditation Agency e, desde 2020, o consórcio internacional de gestores universitários Rectoral Board Institute.

fica e temas emergentes vinculados à área da gestão da educação superior.

Giancarlo Moser, Universidade do Sul de Santa Catarina

Pós-Doutor pela FGV/RJ (2010), Doutorado em Ciências Sociais (2007), Doutorado em Patrimônio Cultural (PPGTH/UNIVALI, 2019), Mestrado em Patrimônio Cultural (PPGTH/UNIVALI, 2001), Especialização em Cultura e Idioma (ITC/UTrento, 1997), Graduação em História pela UFSC (1992), Licenciatura em Sociologia (1993) e Graduação em Processos Gerenciais (2008). Professor da Universidade do Sul de Santa Catarina em cursos de Graduação e Pós-Graduação. Atuação também como Diretor Acadêmico, Diretor Executivo, Pró-Reitor, Coordenador de Cursos em Grupos Educacionais de abrangência nacional e internacional e Diretor de Escolas Técnicas. É Professor de Ensino Superior (Graduação, lato sensu e Stricto Sensu), Avaliador de Projetos de Patrimônio Histórico, Avaliador de Cursos de Graduação do Conselho Estadual de Educação/SC, Avaliação de Ensino Superior do INEP /MEC desde 2002. Foi também membro do Grupo de Pesquisa: GT em Turismo, Hospitalidade e Gastronomia (UNIVALI), Laboratório de Estudos e Pesquisas em Paisagem e atualmente do Patrimônio Cultural - LEPPaC (UNISUL) e do GT em Gestão e Tecnologia no Ensino Superior (GeTES). Membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina (IHGSC), desde 2017; recebeu Menção Honrosa pela Contribuição e Dedicação pelo Ensino Superior em Santa Catarina (Ofício Presidência AMPESC N. 2.922 de 02/08/2013); Professor Emérito do Centro Universitário Leonardo da Vinci (2010); em 2016 recebeu a Medalha Paulo Freire do MEC/Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Port MEC n. 10, 19/04/16) e em 2018 recebeu a Comenda de Honra ao Mérito Cultural, da Fundação Cultural de Rio do Sul, Academia de Letras de Rio do Sul. É Autor e/ou Organizador de 12 livros.Tem experiência na área de Educação, História, Patrimônio Histórico, Ensino Superior (Presencial e EaD) e Gestão de Ensino, atuando principalmente nos seguintes temas: História Regional, Educação Superior, Patrimônio e Turismo e Docência no Ensino Superior.

Melissa Watanabe, Universidade do Extremo Sul Catarinense

Possui doutorado em Agronegócio (2009) e mestrado em Administração pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2001), graduação em Agronomia pela Universidade Federal do Paraná (1996) e graduação em Ciências Econômicas pela Universidade do Sul de Santa Catarina (2016). Atualmente é professora permanente do Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Socioeconômico da Universidade do Extremo Sul Catarinense - UNESC. Atual coordenadora do Observatório de Desenvolvimento Socioeconômico e de Inovação. Responsável técnica da Blendy Cervejaria Ltda, do Horto Florestal da UNESC, do acompanhamento e avaliação dos Relatórios de Monitoramento da Qualidade Físico-Química dos solos em Recuperação Ambiental contratada pela FUCRI. Orientadora de doutorado, mestrado, iniciação científica e de graduação. Participa do Conselho Municipal do Desenvolvimento Econômico. Tem experiência na área de Agronegócio, Administração, Economia, atuando principalmente nos seguintes temas: bioenergia, uso da terra, gestão de recursos hídricos, estratégia, desenvolvimento regional, empreendedorismo, empreendedorismo social, inovação, Triple helix, inovação social, terceiro setor. Lider do Grupo de Estudos e Pesquisas em Produção, Agronegócio e Desenvolvimento (GEPPAD) - dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/6115605720736555 Líder do Grupo de Pesquisa Estratégia, Competitividade e Desenvolvimento - dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/5949552664974500. ResearcherID n. R-9114-2017, ORCID n. 0000-0003-2205-6235.

Bruna Feiden, Universidade Federal de Santa Catarina

Mestranda em Administração Universitária pela Universidade Federal de Santa Catarina, Especialista Pedagógica em EdTech, educadora social.

Referências

AKERLIND, G. Phenomenographic methods: A case illustration. In: Doing developmental phenomenography. RMIT Press, p. 103-127, 2005.

AMARO, R. de A. Concepções de empreender e o desenvolvimento da competência empreendedora: um estudo à luz da fenomenografia. Tese (Doutorado). Universidade Presbiteriana Mackenzie. 2012.

BOWDEN, J. et al. Reflections on the phenomenographic team research process. Doing developmental phenomenography, v. 11, 2005.

BRASIL. Decreto nº 9.235, de 15 de dezembro de 2017. Dispõe sobre o exercício das funções de regulação, supervisão e avaliação das instituições de educação superior e dos cursos superiores de graduação e de pós-graduação no sistema federal de ensino. Disponível em: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/2017/decreto-9235-15- dezembro-2017-785940-publicacaooriginal-154513-pe.html.

BRASIL. Lei nº 10.861/04 de 14 de abril. Instituiu o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior - SINAES e dá outras providências. Brasília, DF: D.O.U. 2004.

CASTRO, R. N. A. de et al. Integração de processos avaliativos em uma instituição de ensino superior brasileira. Avaliação: Revista da Avaliação da Educação Superior (Campinas), v. 23, p. 58-74, 2018.

CHERMAN, Andrea. Valoração do conhecimento nas organizações: Percepções dos indivíduos e impactos nas práticas organizacionais. Tese 234 fls. Programa de Pós-Graduação em Administração. PUC-RJ. Rio de Janeiro. 2013.

CHERMAN, A.; ROCHA-PINTO, S. R. Fenomenografia e a valoração do conhecimento nas organizações: diálogo entre método e fenômeno. XXXIX EnANPAD, Belo Horizonte, 2015.

CORDAZZO, E. G. et al. Estudo bibliométrico da produção científica sobre o sistema nacional de avaliação da educação superior. Brazilian Journal of Development, v. 5, n. 2, p. 1510-1532, 2019.

DAVOK, D. F. Quality in education. Avaliação: revista da avaliação da Educação Superior (Campinas), v. 12, n. 3, p. 505-513, 2007.

DIAS, C. L.; HORIGUELA, M. de L. M.; MARCHELLI, P. S. Políticas para avaliação da qualidade do ensino superior no Brasil: um balanço crítico. Educação & Pesquisa, São Paulo, v. 32, n. 3, p. 435-464, set./dez. 2006.

DUNKIN, R. Using Phenomenography to study or-ganizational change. In: BOWDEN, J. WALSH, E. Qualitative research methods: Phenomenography. Australia: RMI Publishing, 2000.

FARIAS, L. C. Educação para sustentabilidade em Administração: Uma Análise das Concepções de Estudantes da UFPB. Dissertação 89fls. Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Federal da Paraíba. João Pessoa. 2016.

FERREIRA, B. W. Análise de conteúdo. Aletheia, p. 13-20, 2000.

FRANCISCO, T. H. A. et al. A contribuição da avaliação in loco como fator de consolidação dos principios estruturantes do Sinaes Avaliação: Revista da Avaliação da Educação Superior, v. 17, n. 3, p. 851-876, nov. 2012.

FRANCISCO, T. H. A.; VEFAGO, Y. B.; MELO, P. A. de. Qualidade formal e política na educação superior: um ensaio a partir do SINAES. Competência: Revista da Educação Superior – SENAC/RS. V.11; N.2. 2018.

FRANCISCO, T. H. A.; VEFAGO, Y. B.; FERREIRA, E. D. Uma reflexão sobre o conceito preliminar de curso (CPC) nos cursos de administração: resultados de uma responsabilidade do núcleo docente estruturante (NDE). Revista Panorâmica online, v. 24, 2018.

GUBA, E. G. The failure of educational evaluation. Educational Technology, v. 9, p. 29-38, 1969.

HOUSE, E. R. Justice in evaluation. In: GLASS, G. V. (Ed.). Evaluation studies review annual. Beverly Hills, CA: Sage, v.1, 1976.

KREUTZ, R. R.; VIERA, K. M.; COSTA, F. N. V. Avaliação institucional: análise da participação e percepção dos discentes de uma IES. Meta: Avaliação, Rio de Janeiro, v. 11, n. 32, p. 321-345, 2019.

LARSSON, J.; HOLMSTROM, I. Phenomenographic or phenomenological analysis: does it matter? Examples from a study on anaesthesiologists’ work. International Journal of Qualitative Studies on Health and Well-being, n. 2, 2007, p. 55-64.

MARTON, F.; PANG, F. M. Meanings are acquired from experiencing differences against a background of sameness, rather than from experiencing same-ness against a background of difference: putting a conjecture to the test by embedding it in a pedagog-ical tool. Frontline Learning Research, v. 1, 2013, p. 24-41.

MARTON, F. Necessary conditions of learning. New York: Routledge, 2015.

MARTON, F. Phenomenography—describing conceptions of the world around us. Instructional science, v. 10, n. 2, p. 177-200, 1981.

MARTON, F. The idea of phenomenography. In: Conference Proceedings, Phenomenography: philosophy and practice QUT, Brisbane. 1994. p. 7-9.

MARTON, F. Phenomenography: a research approach to investigating different understandings of reality. In: SHERMAN, R.; WEBB, R. Qualitative research in Education: focus and methods. London: Falmer Press, 1986.

MEDEIROS-FILHO, A. E. C. et al. Fatores associados ao desempenho discente no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (ENADE): uma revisão integrativa. Revista Expressão Católica, v. 8, n. 1, p. 88-96, 2019.

PELLETIER, K. et al. 2022 EDUCAUSE Horizon Report Teaching and Learning Edition. EDUC22, 2022.

POLIDORI, M. M. Políticas de avaliação da educação superior brasileira: Provão, SINAES, IDD, CPC, IGC e... outros índices. Avaliação: Revista da Avaliação da Educação Superior (Campinas), v. 14, p. 439-452, 2009.

POLIDORI, M. M.; FONSECA, D. G. da; LARROSA, S. F. T. Avaliação institucional participativa. Avaliação: Revista da Avaliação da Educação Superior (Campinas), v. 12, p. 333-348, 2007.

POLIDORI, M. M.; MARINHO-ARAUJO, C. M.; BARREYRO, G. B. SINAES: perspectivas e desafios na avaliação da educação superior brasileira. Ensaio: avaliação e políticas públicas em educação, v. 14, p. 425-436, 2006.

RICHARDSON, J. The concepts and methods of phe-nomenographic research. Review of Educational Research, v. 69, n. 1, 1999, p. 53-82.

RISTOFF, D. Avaliação institucional: pensando princípios. In: DIAS SOBRINHO, José; BALZAN, Newton César. (Org.). Avaliação Institucional: teoria e experiências. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2000.

RISTOFF, D. Construindo outra educação: tendências e desafios da educação brasileira. Florianópolis: Insular, 2011.

SABZALIEVA, E.; CHACON, E.; LIU, B. L. Thinking higher and beyond: perspectives on the futures of higher education to 2050. 2021.

SANDBERG, J. Understanding human competence at work: an interpretative approach. Academy of management journal, v. 43, n. 1, p. 9-25, 2000.

SANTOS, L. S. et al. O método fenomenográfico na pesquisa científica em Administração no Brasil: Análise e Discussão sobre o seu Uso. Revista de Ciências da Administração, v. 20, n. 50, 2018.

SCRIVEN, M. Evaluation thesaurus. 4. Newbury Park, CA: Sage, 1991.

SCRIVEN, M. Scientific method: Statistics. In: CALVIN, A. (Ed.). Psychology: Allyn & Bacon, 1960.

SCHLICKMANN, R.; MELO, P. A. de; ALSPERTAD, G. D. Enfoque da teoria institucional nos modelos de avaliação institucional brasileiros. Avaliação, Campinas; Sorocaba, v. 13, n. 1, p. 153-168, mar. 2008.

SILVA, A. L. da; GOMES, A. M. Avaliação institucional no contexto do SINAES: a CPA em questão. Avaliação: Revista da Avaliação da Educação Superior (Campinas), v. 16, p. 573-601, 2011.

SIN, S. Considerations of quality of phenom-enographic research. International Journal of Qualitative Methods, v. 9, n. 4, 2010, p. 305-320.

STAKE, R. E. Program evaluation, particularly responsive evaluation. Kalamazoo: Western Michigan University Evaluation Center, 1975.

STRAUSS, Anselm; CORBIN, Juliet M. Grounded theory in practice. Sage, 1997.

STUFFLEBEAM, D. L. The relevance of the CIPP evaluation model for educational accountability. Journal of Research and Development in Education, n. 5, p. 19-25, 1971.

STUFFLEBEAM, D. L.; SHINKFIELD, A. J. Systematic evaluation. Boston: kluwer-Nijhoff, 1985.

TORRES, A. A. G. Uma avaliação do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES): medir o quê para quem, eis a questão! 227 f. Tese (doutorado em Administração) – Universidade do Grande Rio. Escola de Ciências Sociais e Aplicadas, Rio de Janeiro, 2018.

TYLER, R. W. General statement on evaluation. Journal of Educational Research, n. 35, p. 492-501, 1942.

VIEIRA, K. M.; KREUTZ, R. R.; COSTA, F. N. V. Conhecer, acreditar e participar? A avaliação institucional na percepção dos discentes. Avaliação: Revista da Avaliação da Educação Superior (Campinas), v. 24, p. 615-636, 2019.

WORTHEN, B. R.; SANDERS, J. R.; FITZPATRICK, J. L. Avaliação de programas: concepções e práticas. São Paulo: Editora Gente, 2004.

ZANDAVALLI, C. B. Avaliação da educação superior no Brasil: os antecedentes históricos do SINAES. Avaliação: Revista da Avaliação da Educação Superior (Campinas), v. 14, p. 385-438, 2009.

Downloads

Publicado

2023-12-28

Edição

Seção

Artigos