Gestores intermediários e a ação gerencial: um estudo sobre a percepção de suporte organizacional em uma universidade federal

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/1983-4535.2024.e96425

Palavras-chave:

Ação Gerencial, Gestor Intermediário, Universidade Federal, Suporte Organizacional

Resumo

Gestores de Instituições Federais de Ensino Superior (IFES) têm sua ação permeada por dilemas, com relações marcadas por assimetria de informação e poder. Este estudo teve como objetivo identificar como os gestores intermediários percebem o suporte organizacional da Universidade Federal de Viçosa (UFV), especificamente para sua ação gerencial. Entende-se a gestão como prática social, a partir de um olhar relacional, visto que é permeada por ambiguidades e contradições. Foi realizada pesquisa qualitativa, com a realização de entrevistas semiestruturadas com gestores intermediários da UFV, profissionais responsáveis por fazer a ponte entre o nível estratégico e o operacional. Utilizou-se a análise de conteúdo temática. Os resultados indicam uma IFES gerida coletivamente, que valoriza as questões finalísticas acima das gerencias e não busca capacitações gerenciais. Os entrevistados entendem sua função como diversa, intensa, fragmentada e autônoma, mas limitada por normas, hierarquias, recursos e pela liberdade do docente. Eles percebem falta de conhecimento gerencial e sobrecarga de trabalho, mas sentem-se parcialmente apoiados pela instituição, superiores, pares, subordinados, colegiados departamentais e Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas (PGP). Identificou-se, ainda, traços de corporativismo e personalismo, nos quais o apoio é personificado para o ocupante do cargo, mas não a restrição, relevando-se a eventual baixa performance.

Biografia do Autor

João Marcio Silva de Pinho, Universidade Federal de Viçosa

Mestrando em Administração Pública pela Universidade Federal de Viçosa (conclusão em outubro de 2023), com pesquisa vinculada ao Instituto de Ciências Humanas. Graduado em Administração pela Universidade Federal de Minas Gerais. Especialista em Regulação pela Agência Nacional do Cinema (servidor público federal), onde atuou como Coordenador substituto de Acompanhamento de Projetos, Assessor do Diretor-Presidente, Chefe de Gabinete substituto e Secretário Executivo. Foi ainda Chefe de Gabinete da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais.

Adriana Ventola Marra, Universidade Federal de Viçosa

Doutora e Mestre em Administração pela Universidade Federal de Minas Gerais. Professora Titular no Instituto de Ciências Humanas da Universidade Federal de Viçosa/Campus de Florestal. Pesquisadora do grupo Estudos de ciências humanas e aplicadas da UFV. Tem experiência na área de Administração, com ênfase em Gestão de Pessoas e Comportamento Humano nas Organizações, desenvolvendo pesquisas nos seguintes temas: função gerencial, trabalho docente, gestão universitária, identidades, aposentadoria, envelhecimento, psicodinâmica do trabalho e significado do trabalho. 

Referências

ABREU, R. M.; MARRA, A. V. Mudança organizacional e as reações dos servidores após a implantação do Reuni. Revista GUAL, Florianópolis, v. 12, n. 3, p. 86-105, set./dez. 2019.

ANDRADE, G. Burocracia de médio escalão: uma análise da atuação no nível municipal a partir da abordagem dos arranjos institucionais. São Bernardo do Campo: Universidade Federal do ABC, 2018

ASELAGE, J.; EISENBERGER, R. Perceived organizational support and psychological contracts: A theoretical integration. Journal of Organizational Behavior, Chichester, v. 24, n. 5, p. 491-509. 2003.

BARBOSA, M. A. C. et al. Modelo de gestão burocrático ou gerencialista: estudo em uma Universidade Federal do Brasil. Caderno Profissional de Administração UNIMEP, Piracicaba, v. 9, n. 2, p. 267-291, ago./nov. 2020.

BARDIN, L. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2011.

BLAU, P. M. Exchange and Power in Social Life. New York: Wiley, 1964. 352 p.

BRASIL. Casa Civil. Exposição de motivos nº 37, de 18.8.2000. Brasília, DF: Presidência da República, 2000. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Codigos/codi_conduta/Cod_conduta.htm. Acesso em: 30 nov. 2022.

CAVALCANTE, P.; LOTTA, G.; YAMADA, E. O desempenho dos burocratas de médio escalão: determinantes do relacionamento e das suas atividades. Cadernos EBAPE.BR, Rio de Janeiro, v. 16, n. 1, p. 14-34. 2018.

CRESWELL, J. W. Projeto de pesquisa: métodos qualitativo, quantitativo e misto. 3. ed. Porto Alegre: Artmed/Bookman, 2010.

DAGNINO, R. P. Como é a universidade de que o Brasil precisa? Avaliação, Campinas; Sorocaba, SP, v. 20, n. 2, p. 293-333, jul. 2015.

DAGNINO, R. P.; GOMES, E. O processo decisório na Universidade Pública Brasileira: uma visão de análise de política. Avaliação: Revista da Avaliação da Educação Superior, Campinas; Sorocaba, SP, v. 7, n. 4, 2002.

DAVIS, A.; RENSBURG, M. J. V.; VENTER, P. The impact of managerialism on the strategy work of university middle managers. Studies in Higher Education, Oxfordshire, v. 41, n. 8, p. 1480-1494. 2016.

DOURADO, P. C. et al. Aprendizagem individual, suporte organizacional e desempenho percebido: um estudo com docentes universitários. Educação em Revista, Belo Horizonte, n. 34. 2018. Disponível em: https://www.scielo.br/j/edur/a/xYtSTkb39w5kLQG6y5wMCbD/?lang=pt. Acesso em: 20 ago. 2023.

EISENBERGER, R. et al. Perceived organizational support. Journal of Applied Psychology,

Washington, v. 71, n. 3, p. 500-507. 1986.

EISENBERGER, R.; MALONE, G. P.; PRESSON, W. D. Optimizing perceived organizational support to enhance employee engagement. Society for Human Resource Management and Society for Industrial and Organizational Psychology, v. 2, p. 3-22. 2016.

ÉSTHER, A. B.; MELO, M. C. O. L.; A construção da identidade gerencial dos gestores da alta administração de universidades federais de Minas Gerais. Cadernos EBAPE.BR, Rio de Janeiro, v. 6, n. 1, mar. 2008.

FARIAS FILHO, M. C.; GARCIA, R. R.; HERREROS, M. M. A. G. A institucionalização do planejamento na gestão universitária. Revista GUAL, Florianópolis, v. 6, n. 3, p. 252-268, set. 2013.

GODOI, C. K.; BANDEIRA-DE-MELO, R.; SILVA, A. B. (Orgs.). Pesquisa qualitativa em estudos organizacionais: paradigmas, estratégias e métodos. São Paulo: Saraiva, 2006.

GOULDNER, A. W. The norm of reciprocity: a preliminar statement. American Sociological Review, Menasha v. 25, p. 161-178. 1960.

GIDDENS, A. The constitution of society. Berkeley: University of California Press, 1984.

JUNQUILHO, G. S. Nem “burocrata” nem “novo gerente”: o “caboclo” e os desafios do Plano Diretor de Reforma do Estado no Brasil do real. Revista de Administração Pública - RAP, Rio de Janeiro, v. 38, n. 1, p.137-56, jan./fev. 2004.

KRAVARITI, F.; JOHNSTON, K. Talent management: a critical literature review and research agenda for public sector human resource management, Public Management Review, London, v. 22, n. 1, p. 75-95. 2020.

LOPEZ, F.; PRAÇA, S. Cargos de confiança e políticas públicas no executivo federal. In: PIRES, R.; LOTTA, G. S.; OLIVEIRA, V. (Orgs.). Burocracia e políticas públicas no Brasil. Brasília: Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, 2018. p. 141-160.

MARGON, J.; POUBEL, L. Tomada de decisão estratégica em organizações complexas: a dinâmica de processos decisórios colegiados em uma universidade pública virtual. Revista Pensamento e Realidade, v. 31, n. 3, p. 88-106, 2016.

MARRA, A. V.; MELO, M. C. O. L. A prática social de gerentes universitários em uma instituição pública. Revista de Administração Contemporânea, Curitiba, v. 9, n. 3, p. 09-31, jul./set. 2005.

MARRA; A. V.; SILVA, R. R. L.; LARA, S. M. Aprendizagem informal: ex-técnicos administrativos x novos gerentes municipais. Navus, Florianópolis, v. 10, p. 01-14, jan./dez. 2020.

MENDES, M. S. et al. Percepção sobre a Gestão Estratégica de Pessoas em uma Instituição de Ensino Superior Pública Federal. Competência, Porto Alegre, v. 11, n. 1, jul. 2018.

MINTZBERG, H. Criando organizações eficazes. São Paulo: Atlas, 2009.

NOVATO, V. O. L.; NAJBERG, E.; LOTTA, G. S. O burocrata de médio escalão na implementação de políticas públicas. Revista de Administração Pública – RAP, Rio de Janeiro, v. 54, n. 3, p. 416-432, mai./jun. 2020.

NUNES, T. S.; TOLFO, S. R.; ESPINOSA, L. M. C. Percepções sobre a natureza humana e das relações profissionais no trabalho de servidores universitários. Revista GUAL, Florianópolis, v. 11, n. 2, p. 274-296, 2018.

PATTON, M. Q. Qualitative research and evaluation methods. 3. ed. California: Sage Publications, 2002.

PEREIRA, R. F. et al. Funções de confiança na gestão universitária: a dinâmica dos professores-gestores na Universidade Federal de Viçosa. Revista GUAL, Florianópolis, v. 8, n. 1, p. 260-281, jan. 2015.

PINHO, A. P. M.; BASTOS, A. V. B.; ROWE, D. E. O. Diferentes vínculos indivíduo-organização: explorando seus significados entre gestores. Revista de Administração Contemporânea, Rio de Janeiro, v. 19, Edição Especial, p. 288-304, out. 2015.

PINTO, T. R. G. S; MARTINS, S; FARIA, R. O significado da gestão para os coordenadores de curso superior. Revista GUAL, Florianópolis, v. 12, n. 1, p. 49-72, jan./abr. 2019.

PIRES, R.; LOTTA, G. S.; OLIVEIRA, V. (Orgs.). Burocracia e políticas públicas no Brasil. Brasília: Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, 2018.

REED, M. Sociologia da gestão. 1. ed. Lisboa: Celts, 1997.

SALLES, M. A. S. D.; VILLARDI, B. Q. O desenvolvimento de competências gerenciais na prática dos gestores no contexto de uma IFES centenária. Revista do Servidor Público, Brasília, v. 68, n. 2, p. 467-492, abr./jun. 2017.

SANTIAGO, N. T.; BARROS, M. J. F.; JESUS, D. M. C. Análise das políticas de gestão docente à luz do modelo da burocracia profissional de Mintzberg: um estudo de múltiplos casos em IES privadas na Bahia. In: XVIII Colóquio Internacional de Gestão Universitária. Anais... Equador, 2018.

SCHEIN, E. H. Coming to a new awareness of organization culture. Sloan Management Review, Cambridge, v. 25, n. 2, p.3-16. 1984.

SCHIKMANN, R. Gestão estratégica de pessoas: bases para a concepção do curso de especialização em gestão de pessoas no serviço público. In: CAMÕES, M. R. de S.; PANTOJA, M. J.; BERGUE, S. T. (Orgs.). Gestão de pessoas: bases teóricas e experiências no setor público. Brasília: Enap, 2010. p. 09-28.

SILVA, C. R. S.; MENDONÇA, J. R. C. Suporte Organizacional no Setor Público: a Percepção de Gestores de uma Secretaria Estadual. Teoria e Prática em Administração, v. 9, n. 2, p. 77-92. 2019.

SIQUEIRA, M. M. M.; GOMIDE JÚNIOR, S. Vínculos do indivíduo com o trabalho e com a organização. In: ZANELLI, J. C.; BORGES-ANDRADE, J. E.; BASTOS, A. V. B. (Orgs.) Psicologia, Organizações e Trabalho no Brasil. Porto Alegre: Artmed, 2014.

SOUZA, E. M. de. (Org.). Metodologias e analíticas qualitativas em pesquisa organizacional: uma abordagem teórico-conceitual. Vitória: EDUFES, 2014.

STAKE, R. E. Pesquisa qualitativa: Como as coisas funcionam. Porto Alegre: Artmed, 2011.

TAMAYO, M. R. et al. Construção e validação da escala de suporte organizacional percebido (ESOP). In: SOCIEDADE BRASILEIRA PARA O PROGRESSO DA CIÊNCIA (Org.). 52a Reunião Anual da SBPC, Resumos. Brasília: SBPC, 2000.

TAMAYO, M. R.; TRÓCCOLI, B. T. Exaustão emocional: Relações com a percepção de suporte organizacional e com as estratégias de coping no trabalho. Estudos de Psicologia, Natal, RN, v. 7, n. 1, p. 37-42. 2002.

TOSTA, H. T. et al. Gestores universitários: papel e competências necessárias para o desempenho de suas atividades nas universidades federais. Revista GUAL, Florianópolis, v. 5, n. 2, p. 01-15, ago. 2012.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA. Pró-Reitoria de Planejamento e Orçamento. Relatório de Gestão 2022. Viçosa: Universidade Federal de Viçosa, 2023.

Downloads

Publicado

2024-10-04

Edição

Seção

Artigos