Apuração jornalística em vias de ternura: a narrativa de sentidos de Eliane Brum
DOI:
https://doi.org/10.5007/1984-6924.2019v16n2p168Resumo
Atento ao horizonte relacional da Comunicação destacado por Wolton (2004, 2006), este artigo se dedica a investigar a dinâmica jornalística acionada por Eliane Brum no texto Os vampiros da realidade só matam pobres, produzido para o livro Dignidade! (2012), no contexto de celebração dos 40 anos de atuação da organização Médicos sem Fronteiras. Evidencia-se, no trabalho de reportagem de Brum sobre camponeses bolivianos vitimados pela doença de Chagas, a presença de parâmetros de tratamento de pauta de cunho dialógico (BUBER, 1979) e sensorial (MEDINA, 2016), delineando uma narrativa aberta à mediação autoral e intersubjetiva. Na contramão da gramática positivista que orienta a cultura profissional, propõe-se, assim, a adoção da ternura (RESTREPO, 1998) como procedimento norteador da apuração jornalística.
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