Inovação na tradição:

a migração do AM para o FM como fator de renovação do rádio brasileiro

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/1984-6924.2020v17n2p22

Resumo

Em um ecossistema midiático cada vez mais moldado por algoritmos e plataformas, o rádio é o meio analógico que permanece relevante na sociedade. Em parte, o sentido de permanência se deve à capacidade de integração e adaptação às inovações tecnológicas sem romper com sua tradição. O presente artigo analisa o maior processo de revitalização do AM local na América Latina a partir da migração de emissoras brasileiras para a faixa de FM. Trata-se de uma inovação não disruptiva que evitou o desparecimento de centenas de emissoras que estavam estagnadas e isoladas no ambiente midiático multiplataforma, devido a baixa qualidade de som do AM, perda de audiência e anunciantes. O estudo revela cautela das migrantes quanto à renovação da programação, contratação de pessoal ou adesão a uma rede nacional. A maioria remodelou apenas parte dos programas para não perder seu público tradicional, mas investiu na ampliação dos canais de interação da audiência para aproveitar as potencialidades das redes sociais. A migração proporcionou melhor qualidade de som para o desgastado AM, permitiu o aumento e diversificação da audiência e alargou o potencial para se obter maior parcela do bolo publicitário.

Biografia do Autor

Nélia R. Del Bianco, Universidade de Brasilia e Universidade Federal de Goiás

Doutora em Comunicação pela USP, com estágio de pós-doutorado na Universidade de Sevilha. Professora dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação das Universidades de Brasília e Federal de Goiás.

Nair Prata, Universidade Federal de Ouro Preto

Doutora em Linguística Aplicada pela UFMG, com estágio de pós-doutorado na Universidade de Navarra. Professora do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal de Ouro Preto.

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Publicado

2020-12-18