A revista Realidade nos anos da mobilização democrática: reportagem e Estado autoritário

Autores

  • J. S. Faro Universidade Metodista de São Paulo

DOI:

https://doi.org/10.5007/1984-6924.2014v11n1p168

Resumo

 

O artigo pretende analisar o papel que a revista Realidade desempenhou no processo de resistência democrática nos anos 60. Criada em 1966, a publicação da Editora Abril, reuniu em sua primeira fase, pelo menos até a edição do AI-5, em 1968, uma equipe de profissionais que enfrentou a progressiva construção e hipertrofia do Estado Autoritário iniciada com o golpe de 1964. Apesar disso, pela prática da grande reportagem e pelo sentido inusitado e contemporâneo das pautas com as quais trabalhou, a revista acabou se tornando um veículo transgressor do conservadorismo com o qual a aliança civil-militar que derrubou João Goulart pretendia dar significado à nova ordem que se instalou no país. Menos por seu feitio explicitamente político e mais pelos desdobramentos dos novos padrões de cultura que a publicação ajudou a disseminar, grande parte das matérias que foram veiculadas entre 1966 e 1968 testemunham um dos paradoxos do país em processo de modernização prussiana: a dinâmica cultural que resistia ao fechamento institucional. Realidade foi expressão desse conflito e, certamente também por isso, tornou-se instrumento de resistência democrática.

 

Biografia do Autor

J. S. Faro, Universidade Metodista de São Paulo

Possui graduação em História pela Universidade de São Paulo (1973), mestrado em Comunicação Social pela Universidade Metodista de São Paulo (1992) e doutorado em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo (1996). Atualmente é assistente doutor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e professor adjunto da Universidade Metodista de São Paulo (UMESP). Atua nos cursos de graduação em jornalismo nas duas instituições e é docente do programa de pós-graduação em Comunicação da UMESP. Tem experiência na área de Comunicação, com ênfase em jornalismo; trabalha com projetos de pesquisa em história da comunicação, jornalismo investigativo, jornalismo cultural e ensino e pesquisa em comunicação.

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Publicado

2014-05-04

Edição

Seção

Núcleo Temático