Quando crianças e adolescentes testemunham: trauma, perda e identidade no jornal A Sirene

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/1984-6924.2021.77172

Resumo

Nos debruçamos sobre a edição de outubro de 2019 d’A Sirene, produzida em parceria com o programa de extensão Sujeitos de suas histórias, para o Dia das Crianças, analisando três reportagens. A Sirene é um jornal mensal produzido em Mariana (MG) na perspectiva das comunidades atingidas pelo rompimento da Barragem de Fundão. Visionamos o material jornalístico sob a ótica do testemunho em diálogo com o jornalismo e em interseção com os estudos da infância, para compreender como se materializa o teor testemunhal, a partir de uma análise textual, compreendendo como tal não apenas o texto escrito, mas também as imagens. Os relatos evidenciam que, para as crianças e adolescentes de Bento Rodrigues e Paracatu de Baixo protagonistas das reportagens, o trauma se desdobra como estilhaçamento temporal, perda espacial e destruição de um modo de vida. Além disso, a edição ao mesmo tempo dá protagonismo a crianças e adolescentes e tira as identidades de foco, no que diz respeito a imagens e autorias.

Biografia do Autor

Karina Gomes Barbosa, Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop)

Professora adjunta do curso de Jornalismo e do programa de pós-graduação em Comunicação da Ufop. Coordenadora do programa de extensão Sujeitos de suas histórias.

André Luís Carvalho, Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop)

Professor adjunto do curso de Jornalismo da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop). Doutorando em Teoria e Crítica Literária da Universidade Estadual de Campinas.

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Publicado

2021-07-05