Jornalismo e etnografia: confluências, discrepâncias e alguns equívocos

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/1984-6924.2022.89553

Palavras-chave:

etnografia, reportagem, jornalismo

Resumo

O artigo define conceitos para o jornalismo e esclarece o que e? etnografia, apontando semelhanc?as, diferenc?as e alguns equi?vocos recorrentes nos estudos de jornalismo que adotam a abordagem antropolo?gica. Nas pesquisas que mante?m um dia?logo com a antropologia, “observac?a?o participante”, “trabalho de campo” e “etnografia” aparecem como pra?ticas sino?nimas. Empregada frequentemente de forma instrumentalizada, etnografia e? definida recorrentemente nessas pesquisas como uma “descric?a?o densa” e confundida com a ideia de descritivismo. O artigo parte da premissa de que o jornalismo na?o se define por uma te?cnica, mas por uma e?tica e que a etnografia, definida como me?todo, e? o resultado de processos de observac?a?o e selec?a?o, associada a um esforc?o intelectual para compreensa?o de contextos e arranjos sociais. Diferentemente do jornalismo, no qual os acontecimentos sa?o noticiados e comentados, na antropologia, os fatos etnogra?ficos na?o existem.

Biografia do Autor

Alex Sander Alcântara Lopes de Santana, Universidade de São Paulo (USP)

Jornalista. Mestre pela Escola de Comunicações e Artes (ECA) da Universidade de São Paulo (2009). Doutorando na ECA/USP.

Referências

BELTRÃO, Luiz. Iniciação à filosofia do jornalismo. São Paulo: Edusp, 2003.

BIRD, S. Elizabeth. The journalist as ethnographer? how anthropology can enrich journalistic practice. In: Media Anthropology, ed. E.Rothenbuhler and M.Coman. Florida (EUA): 2005, p. 301-308. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/319968557_The_journalist_as_ethnographer_How_anthropology_can_enrich_journalistic_practice. Acesso em: 05 abr. 2020.

BUCCI, Eugênio. Sobre Ética e Imprensa. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.

BUCCI, Eugênio. A imprensa e o dever da liberdade. São Paulo: Contexto, 2009.

BUCCI, Eugênio. “Qualquer relato factual pode ser chamado de jornalismo? – implicações no conceito (ou da ausência de um conceito) na prática e no ensino da profissão”. Palestra proferida em 20/04/2016 no Grupo de pesquisa “Jorna- lismo, Direito e Liberdade” (JDL). Disponível em: https://jdlusp.files.wordpress.com/2017/01/conceito-de-jornalismo-no-grupo-jdl-abril-2016.pdf. Acesso em: 25 abr. 2022.

COULON, Alain. A Escola de Chicago. Campinas (SP): Papirus, 1995.

GOMES, Wilson. Jornalismo, Fatos e Interesses. Ensaios de teoria do Jornalismo. Florianópolis, Editora Insular, 2009.

DAMATTA, Roberto. O ofício de Etnólogo ou Como ter Anthropological blues. In: Cadernos do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social. Rio de Janeiro, 1974. Disponível em: https://agnesufop.files.wordpress.com/2017/09/o-ofc3adcio-de-etnc3b3logo-ou-como-ter-antropological-blues-roberto-damatta.pdf. Acesso em: 04 jul. 2022.

DOWNIE Jr, Leonard; SCHUDSON, Michael. The Reconstruction of American Journalism. In: Columbia Journalism Review. University of Columbia, New York City, 2009. Disponível em: https://archives.cjr.org/reconstruction/the_reconstruction_of_american.php. Acesso em: 15 fev. 2020.

GEERTZ, Clifford. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: LTC, 2019.

GENRO FILHO, Adelmo. O segredo da pirâmide: por uma teoria marxista do jornalismo. Porto Alegre: Editora Tchê, 1987.

GOLDMAN, Márcio. Os tambores dos mortos e os tambores dos vivos. Etnografia, antropologia e política em Ilhéus, Bahia. In: Revista de Antropologia, v.46, no2, São Paulo, 2003. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/ra/article/view/27171/28943. Acesso em: 01 jun. 2022.

HARRINGTON, Walt. What journalism can offer ethnography. In: Qualitative Inquiry. Texas A&M University, Texas, v.9 , n. 1, 2003, p. 90-104. Disponível em: https://journals.sagepub.com/doi/10.1177/1077800402239342. Acesso em: 22 fev. 2022.

HOHLFELDT, Antonio. Cinquentenário de publicação de Iniciação à filosofia do Jornalismo, de Luiz Beltrão. Conexão – Comunicação e Cultura, UCS, Caxias do Sul, v. 9, n. 18, jul./dez. 2010, p. 27-39). Disponível em: https://xdocz.com.br/doc/cinquentenario-iniciaao-a-filosofia-do-jornalismo-beltrao-28556e51lm8x. Acesso em: 15 ago. 2022.

INGOLD, Tim. Antropologia: para que serve? Petrópolis (RJ): Vozes, 2019.

LAGO, Cláudia. Antropologia e Jornalismo: uma questão de método. In: LAGO, Cláudia; BENETTI, Marcia.. (Org.). Metodologia de Pesquisa em Jornalismo. Petrópolis (RJ): Vozes, 2010, v. 1, p. 48-66. Acesso em: 04 fev. 2022.

LAPLANTINE, François. Aprender Antropologia. São Paulo: Brasiliense, 2007.

LÉVI-STRAUSS, Claude. Antropologia Estrutural. São Paulo: Cosac Naify, 2008.

MACHADO, Elias. O pioneirismo de Robert E. Park na pesquisa em Jornalismo. Estudos em Jornalismo e Mídia, no 1, 2005, p. 23 a 34. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/jornalismo/article/view/2086. Acesso em: 12 mar. 2021.

MAGNANI, José Guilherme C. De Perto e de Dentro: notas para uma etnografia urbana. Revista Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo, vol.17 no 49, junho de 2002. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0102-69092002000200002. Acesso em: 12 abr. 202.

MAGNANI, José Guilherme Cantor. Da Periferia ao Centro: trajetórias de pesquisa em antropologia Urbana. São Paulo: Editora Terceiro Nome, 2012.

MALINOWSKI, Bronislaw. Coral Gardens and their Magic, London: George Al- len & Unwin, 1935.

MEDITSCH, Eduardo. O Conhecimento do Jornalismo. Florianópolis: Editora da UFSC, 1992.

MEDITSCH, Eduardo. “O jornalismo é uma forma de conhecimento?”. Conferência realizada em. 1997. Disponível em: http://www.bocc.ubi.pt/pag/meditsch-eduardo-jornalismo-conhecimento.pdf. Acesso em: 01 jan. 2022.

MORETZSOHN, Sylvia. Pensando contra os fatos. In: Jornalismo e Cotidiano: do senso comum ao senso crítico. Rio de Janeiro: Editora Revan, 2007.

NEVEU, Érik. Sociologia do Jornalismo. Portugal: Porto Editora, 2005.

PEIRANO, Mariza. A favor da Etnografia. Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 1995.

PEIRANO, Mariza. Etnografia não é método. Horizontes Antropológicos, Porto Alegre: ano 20, n. 42, jul./dez. 2014, p. 377-391.

PEIRANO, Mariza. Argonautas, cem anos depois. Horizontes Antropológicos, Porto Alegre: ano 27, n. 61, p. 379-403, set./dez. 2021, p. 379-403. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0104-71832021000300013. Acesso em: 22 ago. 2022.

ROSENSTIEL, Tom. Why we need a better conversation about the future of journalism education. St. Petersburg, Florida (USA): The Poynter Institute, 2013. Disponível em: https://www.poynter.org/reporting-editing/2013/why-we-need-a-better-conversation-about-the-future-of-journalism-education/. Acesso em: 27 abr. 2022.

SANTOS, Augusto Ventura dos. Etnografia é observação participante? Trabalhando com um método constitutivamente heterodoxo. Revista Ponto Urbe. v.28, 2021. Disponível em: http://journals.openedition.org/pontourbe/10089. Acesso em: 10 jan. 2022.

SPONHOLZ, Liriam. Jornalismo, Conhecimento e Objetividade: além do espelho e das construções. Florianópolis (SC): Editora Insular, 2009.

SODRÉ, Muniz. A Ciência do Comum. Notas para o método comunicacional. Petrópolis (RJ): Editora Vozes, 2014.

SODRÉ, Muniz. A narração do fato: notas para uma teoria do acontecimento. Petrópolis (RJ): Vozes, 2009.

TRAQUINA, Nelson. Teorias do Jornalismo (Vol. 1): por que as notícias são como são. Florianópolis: Editora Insular, 2005.

TRAVANCAS, I. S. Jornalistas e antropólogos: semelhanças e distinções da prática profissional. Trabalho apresentado na Sessão de Comunicações – Temas Livres, XXV Congresso Anual em Ciência da Comunicação (Intercom), Salvador/ BA, 03/09/2002. Disponível em: https://www.academia.edu/24033061/Jornalistas_e_Antropólogos_Semelhanças_e_Distinções_Da_Prática_PROFISSIONAL1. Acesso em: 16 set. 2022

URIARTE, Urpi Montoya. O que é fazer etnografia para os antropólogos. Revista Ponto Urbe, no 11, 2012. Disponível em: https://journals.openedition.org/pontourbe/300. Acesso em: 20 abr. 2022

VELHO, Gilberto. Um Antropólogo na Cidade: Ensaios de Antropologia Urbana. Rio de Janeiro, Zahar, 2013.

Downloads

Publicado

2022-12-30