Autocracia burguesa, racismo e encarceramento à luz do pensamento social brasileiro

Autores

DOI:

https://doi.org/10.1590/1982-0259.2024.e95242

Palavras-chave:

encarceramento, seletividade penal, capitalismo dependente, autocracia, racismo

Resumo

Este trabalho analisa o sistema prisional brasileiro, destacando o aumento da população carcerária, superlotação, violência, seletividade penal e as penas alternativas. Explora-se a contribuição de intelectuais, como Clóvis Moura, Florestan Fernandes, Octavio Ianni, Darcy Ribeiro, Jacob Gorender e Lucio Kowarick, para entender o encarceramento no Brasil, considerando suas raízes no período escravista e colonial. Este ensaio bibliográfico busca lançar luz à resiliência do punitivismo no país, baseando-se nas protoformas escravistas do capitalismo dependente, conforme descrito pelos clássicos do pensamento social brasileiro. Posteriormente, o ensaio explora as influências do capitalismo dependente no sistema penal, com base em dados estatísticos e autores da criminologia crítica, abolicionismo penal e minimalismo penal. Concluímos que a autocracia e sua política penal, com raízes na herança escravista, parecem operar incessantemente, transcendendo as fronteiras governamentais, alimentando a violência e as ilegalidades que ela mesma se propõe a reprimir e controlar.

Biografia do Autor

Gabrielle Paula de Oliveira, Universidade Federal do Paraná

Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal do Paraná. Curitiba –
PR.

Giovanny Simon Machado, Universidade Federal de Pernambuco

Doutorado em Serviço Social pelo Programa de Pós-Graduação em Serviço Social da Universidade Federal
de Santa Catarina. Florianópolis-SC.
Professor no Departamento de Serviço Social da Universidade Federal de Pernambuco. Recife-PE.

Referências

BATISTA, V. M. A questão criminal no Brasil contemporâneo. Publicação comissionada pela Fundação Bienal de São Paulo, n. 32, 2006.

BORGES, J. Encarceramento em massa. São Paulo: Pólen, 2019.

BRASIL. Decreto nº 847, de 11 de outubro de 1890. Promulga o Código Penal. 1890. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1851-1899/d847.htm#:~:text=DECRETO%20N%C2%BA%20847%2C%20DE%2011%20DE%20OUTUBRO%20DE%201890.&text=Promulga%20o%20Codigo%20Penal.&text=Art.,que%20n%C3%A3o%20estejam%20previamente%20estabelecidas. Acesso em: 15 ago. 2023.

BRASIL. Decreto-lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal. 1940. Disponível em: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/declei/1940-1949/decreto-lei-2848-7-dezembro-1940-412868-publicacaooriginal-1-pe.html#:~:text=Entende%2Dse%20em%20leg%C3%ADtima%20defesa,direito%20seu%20ou%20de%20outrem.&text=Excesso%20culposo-,Par%C3%A1grafo%20%C3%BAnico%20.,%C3%A9%20pun%C3%ADvel%20como%20crime%20culposo. Acesso em: 10 ago. 2023.

BRASIL. Lei nº 9.714, de 25 de novembro de 1998. Altera dispositivos do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal. 1998. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9714.htm. Acesso em: 10 ago. 2023.

BRASIL. Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006. Institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas - Sisnad; prescreve medidas para prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas; estabelece normas para repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas; define crimes e dá outras providências. 2006. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11343.htm. Acesso em: 10 ago. 2023.

DAVIS, A. Estarão as prisões obsoletas? Rio de Janeiro: Difel, 2018.

FERNANDES, F. Significado do protesto negro. São Paulo: Cortez e Autores Associados, 1989.

FERNANDES, F. O que é revolução. In: Clássicos sobre a revolução brasileira. São Paulo: Expressão Popular, 2005.

FERNANDES, F. O negro no mundo dos brancos. São Paulo: Global, 2007.

FERNANDES, F. Apontamentos sobre a “Teoria do Autoritarismo”. São Paulo: Expressão Popular, 2019.

GIAMBERARDINO, A. R. Um modelo restaurativo de censura como limite ao discurso punitivo. Tese de Doutorado—Curitiba: Universidade Federal do Paraná, 2014.

GODOI, R. Ao redor e através da prisão: cartografia do dispositivo carcerário contemporâneo. Dissertação (Mestrado em Direito) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2010.

GORENDER, J. O Escravismo colonial. São Paulo: Expressão Popular e Editora Fundação Perseu Abramo, 2016.

IANNI, O. Escravidão e racismo. São Paulo: Hucitec, 1978.

KOWARICK, L. Trabalho e vadiagem: a origem do trabalho livre no Brasil. São Paulo: Editora 34, 2019.

LOSURDO, D. Contra-história do liberalismo. Aparecida: Ideias & Letras, 2006.

MARX, K. O capital: crítica da economia política. São Paulo: Boitempo, 2013. v. 1.

MOURA, C. O negro: de bom escravo a mau cidadão. Rio de Janeiro: Conquista, 1977.

MOURA, C. Sociologia do negro brasileiro. São Paulo: Perspectiva, 2019.

PAULO NETTO, J. Ditadura e Serviço Social: uma análise do Serviço Social no Brasil Pós-64. São Paulo: Cortez, 1994.

RIBEIRO, D. O povo brasileiro: a formação e sentido do Brasil. São Paulo: Global, 2015.

SENAPPEN. Dados estatísticos do sistema penitenciário: período de julho a dezembro de 2022. Brasília: Secretaria Nacional de Política Penais, 2022. Disponível em: https://www.gov.br/senappen/pt-br/servicos/sisdepen. Acesso em: 10 ago. 2023.

SERRA, M. A. S. Economia política da pena. Dissertação (Mestrado em Direito) – Universidade Federal do Paraná, Curitiba, Paraná, 2007.

VILLALTA, L. C. A longa viagem da ideia de Independência: de fins do período colonial aos inícios de 1822: ou as Independências que a “Independência do Brasil” sepultou. Ciência e Cultura, v. 74, n. 1, mar. 2022. Disponível em: http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?pid=S0009-67252022000100002&script=sci_abstract&tlng=pt. Acesso em: 10 ago. 2023.

ZAFFARONI, E. R. Em busca das penas perdidas: a perda de legitimidade do sistema penal. Petrópolis-RJ: Revan, 2001.

Downloads

Publicado

2024-07-26

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)