Autogestão e controle operário: uma análise histórico crítica

Autores

  • Maria Cristina Soares Paniago Universidade Federal de Alagoas, Faculdade de Serviço Social, Programa de pós-graduação em Serviço Social, Maceió, AL, Brasil https://orcid.org/0000-0002-1919-3936

DOI:

https://doi.org/10.1590/1982-02592020v23n2p338

Resumo

Este artigo se propõe a analisar a relação histórica das fábricas recuperadas com as primeiras iniciativas de autogestão dos trabalhadores, desde o início do capitalismo industrial. Assinalamos a evolução histórica das primeiras experiências de controle operário, das que ocorreram no interior de movimentos revolucionários, tais como a revolução russa e a guerra civil espanhola, até às fábricas recuperadas contemporâneas, destacando suas contradições e suas realizações. A natureza genuína destas experiências tem como móvel impulsionador a reação às condições de subordinação impostas ao trabalho assalariado pela lógica do capital, que com o decorrer dos séculos agravaram-se. A luta pela autonomia operária sem que alcance desafiar o capital é um dos principais obstáculos para que tais experiências contribuam para a emancipação do trabalho. Conclui-se que as experiências de autogestão mais recentes reproduzem antigos problemas teóricos, políticos e organizacionais. Sem um processo de reorientação crítica e autocrítica da luta contra o capital, não se constituem em novas formas para superá-los.

Biografia do Autor

Maria Cristina Soares Paniago, Universidade Federal de Alagoas, Faculdade de Serviço Social, Programa de pós-graduação em Serviço Social, Maceió, AL, Brasil

Possui graduação em Ciências Econômicas pela Pontifícia Universidade PUC-SP, mestrado em Serviço Social pela UFP, doutorado em Serviço Social pela UFRJ e pós-doutorado na PUC-SP. Atualmente é professora adjunta da Universidade Federal de Alagoas.

Referências

BABEUF, Gracus. “Manifesto dos Iguais”. In O Socialismo Pré-marxista. São Paulo: Global Editora, 1980.

ENGELS, Federico. “Engels a Max Hildebrand”. In Marx, Engels, Lênin. Acerca del Anarquismo y el Anarcosindicalismo. Moscú: Editorial Progreso, s/d.

FAJN, Gabriel et al. Fábricas y empresas recuperadas – protesta social, autogestión y rupturas en la subjetividade. Buenos Aires: Ediciones del Instituto Movilizador de Fondos Cooperativos, 2003.

FAJN, Gabriel et al. “Fábricas Recuperadas: La organización em cuestión”, 2004. Disponível em: http://www.workerscontrol.net/system/files/docs/fajn.pdf (acesso em setembro de 2019).

GUILLERM, Alain e BOURDET, Yvon. Autogestão: uma mudança radical. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1976.

HARNECKER, Marta. Transfiriendo poder a la gente. Caracas: Monte Ávila Editores, 2008.

LASKI, Harold. O Liberalismo Europeu. São Paulo: Editora Mestre Jou, 1973.

MANDEL, Ernest. Control Obrero, Consejos Obreros, Autogestión. México: Ediciones Era, 1974.

MARX, Karl. “Salário, Preço e Lucro.” In Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1978.

MARX, Karl. “Acotaciones al Libro de Bakunin ‘El Estado y La Anarquia’”. In Marx, Engels, Lênin. Acerca del Anarquismo y el Anarcosindicalismo. Moscú: Editorial Progreso, s/d.

MÉSZÁROS, István. Para Além do Capital. São Paulo: Boitempo, 2002.

MINTZ, Frank. La Autogestion en la España Revolucionária. Madrid: Las Ediciones de La Piqueta, 1977.

NOVAES, Henrique T. “De Tsunami a Marola: uma breve história das fábricas recuperadas na América Latina.” In Lutas & Resistências, Londrina - nº 2, p.84-97, 1º sem.2007.

NOVAES, Henrique T. e LIMA FILHO, Paulo A. “A Filosofia da Política cooperativista na Venezuela de Hugo Chavez: lições preliminares”, 2006. Disponível em: https://fbes.org.br/page/2/?s=henrique+novaes (acesso em julho de 2019).

PANIAGO, Maria Cristina S. (org.). Mészáros e a Crítica à Experiência Soviética. São Paulo: Instituto Lukács, 2017.

RUBEL, Maximilien. Karl Marx. Oeuvres III. Philosophie. Paris: Éditions Gallimard, 1982.

Downloads

Publicado

2020-05-15