O “equívoco” como morte negra, ou como “naturalizar” balas racializadas

Autores/as

  • Joilson Santana Marques Junior Universidade Federal do Rio de janeiro, Escola de Serviço Social, Programa de Pós graduação em Serviço Social, Rio de Janeiro, RJ, Brasil https://orcid.org/0000-0001-8326-3110

DOI:

https://doi.org/10.1590/1982-02592020v23n2p366

Resumen

O artigo apresentado pretende realizar uma reflexão inicial sobre genocídio da população negra com enfoque no que vamos chamar de “assassinato por equívoco”. O conceito de genocídio está amparado em Vargas (2010) e Almeida (2015) que de modo geral trabalham com a concepção da Organização das Nações Unidas ( ONU) que coloca o genocídio como destruição física e ou cultural de parte ou de todo um grupo étnico/racial . Os assassinatos de que tratamos são de negros moradores do Rio de Janeiro e região metropolitana que foram assassinados por “engano” por agentes do Estado. A coleta desses casos ocorreu via mídia eletrônica. Trabalhamos com o escopo de reportagens a fim de traçar uma discussão entre Violência de Estado Racismo e “naturalização” do genocídio. Por fim percebemos que os assassinatos por “equivoco” tem se tornado um crescente e tem demonstrado a “naturalização” da morte negra justiçada pela criminalização dessa população.

 

Biografía del autor/a

Joilson Santana Marques Junior, Universidade Federal do Rio de janeiro, Escola de Serviço Social, Programa de Pós graduação em Serviço Social, Rio de Janeiro, RJ, Brasil

É doutorando (2017) pelo Programa de Pós-graduação em Serviço Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGSS-UFRJ). Possui graduação em Serviço Social pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro -UERJ (2007). É mestre em Ciências na área da Saúde Coletiva pelo Instituto Fernandes Figueira - IFF/FIOCRUZ, com dissertação enfocada nos temas masculinidade e prevenção ao HIV/Aids . É pesquisador associado do Programa de Estudos e Debates dos Povos Africanos e Afro-americanos da UERJ (PROAFRO-UERJ). Tem experiência na área de Serviço Social, com ênfase em Serviço Social e Saúde, Educação em Saúde, Serviço Social e Assistência Social, tendo atuado como professor do magistério superior junto à Faculdade de Ciências e Tecnologia do Maranhão (FACEMA) e à Universidade Veiga de Almeida (UVA). Atuando principalmente nos seguintes temas: Saúde, educação, assistência social, relações raciais, gênero e diversidade sexual.

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Publicado

2020-05-15