A democracia brasileira e seus inimigos

Autores

DOI:

https://doi.org/10.1590/1982-0259.2021.e73472

Resumo

O objetivo central deste artigo é demonstrar que a democracia inercial no Brasil tem buscado resolver seus impasses valendo-se do uso do hardball na política, uma espécie de aplicação radical da lei, à revelia das instituições democráticas, num contexto de judicialização da política e ascensão do populismo. O autoritarismo tem-se revestido de outras formas de atuação neste início de século. O trabalho aponta de forma preliminar para dois exemplos de hardball recentes: o uso de pedidos de impeachments na política brasileira para defenestrar os adversários políticos (pelo Legislativo), com êxito em contextos de crise econômica, e o protagonismo da Lava Jato (pelo Judiciário), no combate à corrupção num contexto crescente de insatisfação com a democracia e suas instituições. Para tanto, utilizamos, como base empírica deste trabalho, os bancos de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Datafolha e Pesquisa Mundial de Valores (WVS).

Biografia do Autor

Everton Rodrigo Santos

Doutor em Ciência Política pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS)

Professor do Programa de Pós-Graduação em Diversidade Cultural e Inclusão Social da Universidade Feevale

 

Henrique Carlos de O. Castro

Doutor em Ciência Política pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS)

Professor do Departamento de Economia e Relações Internacionais e do Programa de Pós-Graduação em Ciência Política da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS)

Fabio Hoffmann

Mestre em Ciência Política pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel)

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Publicado

2021-04-09