Por uma sociologia do artista popular

Autores

  • Mariana Barreto UFC

DOI:

https://doi.org/10.5007/2175-7984.2017v17n39p169

Resumo

Este artigo parte da premissa de que existe uma recorrência na forma como se estruturam as carreiras dos artistas populares oriundos das classes populares. Na sociedade brasileira, marcada pela força de um mercado de bens simbólicos consolidado no seio de um conservador processo de modernização, as desigualdades sociais produzidas encontram correspondência na forma como se desenvolveram as trajetórias profissionais e pessoais desses criadores. Processos de diferenciação observados na constituição da música popular brasileira produziram efeitos específicos, tangíveis, quando grupos de intelectuais vinculados à produção da cultura conquistaram certa hegemonia nos reposicionamentos daquilo que seria ou não o popular, reconstituindo estruturas e propriedades definidoras deste campo. Tomo a carreira de João do Vale como objeto empírico preciso para identificar os elementos que tendem a caracterizar as reproduções destas desigualdades sociais no universo simbólico da música popular brasileira. Um de meus argumentos centrais é a defesa de uma sociologia do artista popular que siga atentamente esta particularidade de nossa modernidade e que, ao mesmo tempo, reconheça nos trabalhos de nossos mais “autênticos” artistas populares a natureza coletiva e socialmente territorializada de suas criações, isto é, que torne visível aquilo que seus percursos e obras carregam do mundo social e de suas estruturas.

Biografia do Autor

Mariana Barreto, UFC

É mestre e doutora em Sociologia pela Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP. É professora adjunta III do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal do Ceará.

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Publicado

2018-11-29

Edição

Seção

Dossiê Temático