Parentelas, grupos dirigentes e alianças políticas
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-7984.2017v16n37p191Resumo
Este artigo demonstra que o conceito de parentela constitui uma importante contribuição heurística, na medida em que nos permite apreender o papel central que desempenharam os laços sociais e o sistema de alianças nas dinâmicas de composição e de recomposição dos grupos dirigentes. Tal abordagem visa fornecer elementos para um deslocamento dos debates sobre a politização como consequência da separação e interferência entre ordens de atividades distintas e autônomas. Isto requer uma maior atenção à descrição das múltiplas formas de dominação e organização políticas e, principalmente, a ruptura com as clivagens e antagonismos entre as sociedades fundadas em pressupostos e ideologias eurocêntricas.Referências
AUYERO, J. “From the client’s point(s) of view”: How poor people perceive and evaluate
political clientelism. Theory and Society, v. 28, n. 2, p. 297-334, 1999.
______. Introductory Note to Politics under the Microscope: Special Issue on Political
Ethnography I. Qualitative Sociology, v. 29, n. 3, p. 257–259, set. 2006.
______. A rede de solução de problemas do peronismo. Revista Brasileira de Ciência
Política, n. 10, p. 107-150, 2013.
BEZERRA, M. O. Representantes Políticos, Relações Pessoais e Reputação. In: SEIDL, E.;
GRILL, I. G. (Org.). As Ciências Sociais e os Espaços da Política no Brasil. 1. ed. Rio de
Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 2013. v. 1. p. 279-318.
______. Corrupção e produção do Estado. Revista Pós Ciências Sociais, v. 14, n. 27,
p. 99-130, 2017.
BOCK, K. Teorias do Progresso, Desenvolvimento e Evolução. In: BOTTOMORE, T.;
NISBET, R. História da Análise Sociológica. Rio de Janeiro, Zahar Editores, 1980.
p. 65-117.
BOURDIEU, P. Le sens pratique. Paris: Éditions de Minuit, 1980.
______. Da Casa do Rei à Razão de Estado: um modelo da gênese do campo burocrático. In:
L. WACQUANT; CASTANHEIRA, P. C. (Org.). O mistério do ministério: Pierre Bourdieu
e a política democrática. 1. ed. Rio de Janeiro: Revan, 2005, p. 41-69
BRIQUET, J.-L. La Politique au Village. Vote et mobilisation électorale dans la Corse rural.
In: LAGROYE, J. La politisation, Socio-histoires. Paris: Belin, 2003. p. 31-45.
______. Pertencimentos locais, experiências cotidianas e práticas políticas: clientelismo
e politização na Córsega (séculos XIX e XX). Revista Pós Ciências Sociais, v. 14, n. 27,
p. 17-31, 2017.
CANDIDO, A. The Brasilian Family. In: SMITH, T. L.; MARCHANT, A. (Ed.). Brazil,
portrait of a continent. New York: The Dryden Press, 1951. p. 291-312.
CLASTRES, P. A Sociedade contra o Estado. Pesquisas de Antropologia Política. Rio de
Janeiro: Francisco Alves, 1990.
COMBES, H.; VOMMARO, G. Relations clientélaires ou politisation: pour dépasser certaines
limites de l’étude du clientélisme. Cahiers des Amériques latines, v. 69, p. 17-35, 2012.
COMERFORD, J. C.; BEZERRA, M. O. Etnografias da política: uma apresentação da
Coleção Antropologia da Política. Análise Sociológica, 207, v. XLVIII, p. 465-489, 2013.
CORADINI, O. L. Grandes famílias e elite “profissional” na medicina no Brasil. História,
Ciências, Saúde-Manguinhos, v. 3, n. 3, p. 425-466, 1996.
DANTAS, I. Os Partidos Políticos em Sergipe (1889-1964). Aracaju: Ed. Tempo Brasileiro,
______. O Tenentismo em Sergipe. Aracaju: Grafia Editora J. Andrade Ltda., 1999.
______. História de Sergipe República (1889-2000). Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro,
______. A Trajetória política de Olympio de Souza Campos. Revista do Instituto Histórico
e Geográfico de Sergipe, n. 36, p. 225-239, 2007.
______. Leandro Ribeiro de Siqueira Maciel. O Patriarca do Serra Negra e a Política
Oitocentista em Sergipe (1825-1909). Aracaju: Criação, 2009.
______. A Política em Sergipe Provincial. Revista do Instituto Histórico e Geográfico de
Sergipe, n. 46, p. 33-42, 2016.
DIANI, M.; MCADAM, D. (Org.). Social movements and networks: relational approaches
to collective action. Oxford; New York: Oxford University Press, 2003.
DONEGANI, J-M. De l’anthropologique au politique. Raisons politiques, n. 22, p. 5-14,
mai 2006.
DUMONT, L. O Individualismo. Uma perspectiva antropológica da ideologia moderna. Rio
de Janeiro: Rocco, 1985.
FILLIEULE, O. Post scriptum: propositions pour une analyse processuelle de l’engagement
individuel. Revue française de science politique, v. 51, n. 1, p. 199-215, 2001.
GO, J. For a postcolonial sociology. Theory and Society, v. 42, Issue 1, p. 25-55, jan. 2013.
GOIRAND, C. Movimentos sociais na América Latina: elementos para uma abordagem
comparada. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v. 22, n. 44, p. 323-354, 2009.
______. Penser Les Mouvements Sociaux d’Amérique Latine. Les approches des mobilisations
depuis les anneés 1970. Revue Française de Science Politique, Paris, v. 60, n. 3, p. 445-466,
GOODY, J. O Roubo da História. Como os europeus se apropriaram das ideias e invenções
do Oriente. São Paulo: Contexto, 2008.
LAGROYE, J. Les Processus de Politisation. In: LAGROYE, J. (Dir.). La politisation. Paris:
Belin, 2003. p. 359-372
LATOUR, B. Jamais Fomos Modernos. Ensaio de Antropologia Simétrica. Rio de Janeiro:
Editora 34, 1994.
LEITE, R. Júlio Leite O Chefe Invisível. 2. ed. Aracaju: Gráfica Triunfo, 2008.
LEVINE, R. Pernambuco e a Federação Brasileira. In: FAUSTO, B. et al. História Geral da
Civilização Brasileira (1889-1930). Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2006. p. 130-171.
LEWIN, L. Política e Parentela na Paraíba. Um estudo de caso da oligarquia de base familiar.
Rio de Janeiro: Record, 1993.
MCADAM, D.; PAULSEN, R. Specifying the Relationship Between Social Ties and Activism.
American Journal of Sociology, v. 99, n. 3, p. 640-667, 1993.
NEVEU, C. Anthropologie de la Citoyenneté. In: ABÉLÈS, M.; JEUDY, H. P. (Org.).
Anthropologie du politique. Paris: Armand Colin, 1997. p. 69-90
OLIVA, T. Impasses do Federalismo Brasileiro: Sergipe e A Revolta de Fausto Cardoso. São
Paulo: Paz e Terra, 1985.
OLIVEIRA, W. J. F. A Arte de Resistir às Palavras: inserção social, engajamento político e
militância múltipla. In: SEIDL, E.; GRILL, I. G. (Org.). As Ciências Sociais e os Espaços
da Política no Brasil. 1. ed. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 2013. v. 1. p. 141-178.
______. Antropologia, política e etnografia: fronteiras disciplinares e trabalho de campo.
In: PERISSINOTTO, R.; CODATO, A. N. (Org.). Como estudar elites. 1. ed. Curitiba:
Editora UFPR, 2015. p. 187-214,
______.; PETRARCA, F. R. Os Estudos de Elites no Brasil: um ensaio crítico sobre a produção
recente. In: REIS, E. T.; GRILL, I. G. Estudos sobre Elites Políticas e Culturais. 1. ed. São
Luís: EDUFMA, 2016. v. 2. p. 141-165.
PALMEIRA, M.; GOLDMAN, M. (Org.). Antropologia, voto e representação política.
Rio de Janeiro: Contra-Capa Livraria, 1996.
PASSY, F. L’action altruiste: contraintes et opportunités de l’engagement dans les mouvements
sociaux. Genève: Droz, 1998.
PÉCAUT, D. Os intelectuais e a política no Brasil. São Paulo: Ed. Ática, 1990.
PETRARCA, F. R. De coronéis a bacharéis: reestruturação das elites e medicina em Sergipe
(1840-1900). Revista Brasileira de História, São Paulo, v. 37, n. 74, jan./abr. 2017.
QUEIROZ, M. I. P. de. O Mandonismo local na vida política brasileira e outros ensaios.
São Paulo: Editora Alfa-Omega, 1976.
______. Coronelismo numa interpretação sociológica. In: FAUSTO, B. Et. al. História da
Civilização Brasileira. Rio Janeiro: Bertrand Brasil, 2006. Tomo III. v. 8. p. 172-212.
TAVOLARO, S. B. F. Existe uma Modernidade Brasileira? Reflexões em torno de um dilema
sociológico brasileiro. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 20, n. 59, p. 5-22, 2005.
TROUILLOT, M.-R. Moderno de Otro Modo. Lecciones caribeñas desde el lugar del selvage.
Tabula Rasa – Revista de Humanidades, v. 14, p. 79-97, 2011.
VIANNA, F. J. de. O. Instituições Políticas Brasileiras. Brasília: Senado Federal, 1999.
WAGLEY, C. An Introduction to Brazil. 2. ed. New York: Columbia University: Ed. Press,
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Os artigos e demais trabalhos publicados em Política & Sociedade, periódico vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSC, passam a ser propriedade da revista. Uma nova publicação do mesmo texto, de iniciativa de seu autor ou de terceiros, fica sujeita à expressa menção da precedência de sua publicação neste periódico, citando-se a edição e data dessa publicação.
Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons.