Por uma escola inclusiva ou da necessária subversão do discurso (psico)pedagógico hegemónico
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-7984.2020.e73724Resumo
Com vistas a indagar o funcionamento e o estado da implantação da “escola inclusiva”, o texto apresenta e desenvolve a noção da ilusão (psico)pedagógica. Esta é considerada peça-chave do ideário pedagógico naturalizante. Assim, afirma-se que o naturalismo pedagógico de antanho que estabelecia uma diferença essencial entre “normais” e “anormais” – suficiente para que estes ficassem impedidos de ir às escolas comuns –, hoje em dia, dá paradoxalmente lugar à ideia de “necessidades educativas especiais”, proposta pela Declaração de Salamanca (1994). Essa noção dá margem, por sua vez, à prática de “laudar” crianças. Tal gesto, particularmente generalizado no Brasil, acaba empobrecendo a experiência escolar das crianças, condenando-as à condição de “excluídas do interior”. Propõe-se, então, no contexto dos estudos psicanalíticos em educação, a subversão epistemológica do ideário naturalizante, responsável pelos entraves impostos ao acontecimento de uma educação que se preze.
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