Falando de institucionalização e movimentos sociais: usos, vantagens e limites da abordagem de encaixes institucionais e domínios de agência

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DOI:

https://doi.org/10.5007/2175-7984.2022.e89703

Resumo

Os estudos sobre os processos de institucionalização de demandas, recursos de atuação, valores e categorias dos movimentos sociais no Estado, bem como das capacidades estatais produzidas nesses processos, têm ganhado cada vez mais destaque, seja na Ciência Política, na Sociologia ou na Antropologia. Diversos conceitos e ferramentas analíticas têm sido desenvolvidos e/ou reatualizados com o objetivo de analisar de maneira complexa os fenômenos correspondentes à institucionalização dos movimentos sociais, notadamente a transformação de suas demandas e projetos em políticas públicas, a institucionalização do acesso de atores de movimentos ao Estado, e o reconhecimento desses atores como intermediários legítimos de determinados grupos sociais. Dentre diversos conceitos e perspectivas analíticas avançadas no debate nos útlimos anos, no país, está aquela centada nos ‘encaixes institucionais’ e ‘domínios de agência’, inscrita na tradição do neoinstitucionalismo histórico e informada por uma perspectiva centrada na mútua constituição entre atores sociais e Estado.  A difusão e usos destes conceitos mostraram não apenas ganhos analíticos, mas também ambiguidades, insuficiências e questões não tematizadas na proposta original. O objetivo desta entrevista com os autores dessa abordgem é, à luz das lacunas detectadas em um levantamento de usos na literatura, aprofundar o entendimento teórico da abordagem dos encaixes institucionais e de domínios de agência, e suas possíveis aplicações na pesquisa empírica.  

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Publicado

2023-06-21 — Atualizado em 2023-08-23