Conhecendo o vazio: congruência ideológica e partidos políticos no Brasil

Autor/innen

DOI:

https://doi.org/10.5007/2175-7984.2019v18n42p86

Abstract

As classificações ideológicas dos partidos políticos brasileiros são periodicamente atualizadas a fim de captar mudanças e tendências. Contudo, usualmente apenas grandes partidos nacionais são escolhidos em detrimento do sistema partidário como um todo. Tal escolha reduz a compreensão que temos sobre a representação política no país, na medida que cada dia mais a fragmentação partidária se eleva e partidos pequenos passam a ocupar posições antes reservadas aos grandes. Assim, nosso objetivo aqui é mensurar e validar a medida em relação a um conjunto de partidos que é frequentemente ignorado pela literatura. Para tanto selecionamos oito agremiações menos classificadas pelos cientistas políticos no eixo esquerda-direita. A classificação foi realizada utilizando web based survey com a comunidade de experts brasileiros e brasilianistas. A fim de testar a validade mensuramos a congruência com estudos anteriores e com os programas e manifestos partidáros destes oito desconhecidos. Nossa hipótese é que estes partidos são pouco classificados porque possuem posições ideológicas latentes e não salientes. Os resultados apontam no sentido da confirmação da hipótese, ainda que fatores contextuais e sistêmicos tenham peso na dificuldade da comunidade científica em classificar nossas legendas partidárias.

Literaturhinweise

ANDEWEG, R. B. (2011) ‘Approaching perfect policy congruence: measurement, development, and relevance for political representation’, in Rosema, M., Denters, B., and Aarts, K. (eds) How democracie works. Political representation and policy congruence in modern societies. Essays in honour of Jacques Thomassen. Amsterdam: Amsterdam University Press.

BABIRESKI, F. (2014) ‘As diferenças entre a direita do Brasil, Chile e Uruguai: análise dos programas e manifestos partidários’, Paraná Eleitoral, 3(1), pp. 171–198.

BABIRESKI, F. R. (2014) A direita no Brasil, Chile e Uruguai: estudo dos programas e manifestos partidários. UFPR.

BAKER, A. et al. (2015) ‘The dynamics of partisan identification when party brands change: the case of the Workers Party in Brazil’. ECPR Joint sessions.

BALMAS, M. et al. (2012) ‘Two routes to personalized politics: Centralized and decentralized personalization’, Party Politics, 20(1), pp. 37–51. doi: 10.1177/1354068811436037.

BARBOSA, T. A. L., SCHAEFER, B. M.; RIBAS, V. de L. (2017) ‘Novos competidores no Brasil? Candidatos e eleitos pela REDE, PMB e NOVO’, Newsletter. Observatório de elites políticas e sociais do Brasil. NUSP/UFPR. Curitiba, 4(3), pp. 1–17.

BERLATTO, F.; CODATO, A.; BOLOGNESI, B. (2016) ‘Da polícia à política: explicando o perfil dos candidatos das forças repressivas de Estado à Câmara dos Deputados’, Revista Brasileira de Ciência Política, (21), pp. 77–120.

BOLOGNESI, B. (2016) ‘Dentro do Estado, longe da sociedade: a distribuição do Fundo Partidário em 2016’, Newsletter. Observatório de elites políticas e sociais do Brasil. NUSP/UFPR, 3(11), pp. 1–15.

BOLOGNESI, B.; BABIRESKI, F. (2018) ‘Posicionamentos ideológicos dos partidos políticos de direita no Brasil’, in Fux, L. et al. (eds) Direito Partidário. Belo Horizonte: Fórum, pp. 89–105.

BRAGA, M. do S. S. (2007) ‘O processo político-partidário brasileiro e as eleições de 2006’, Política & Sociedade.

BRASILEIRA, P. da M. (2018) Programa do partido, PMB.

BRASILEIRO, M. D. (2018) Programa partidário, MDB.

BRASILEIRO, P. R. T. (2018) Programa, PRTB.

CARREIRÃO, Y. de S. (2006) ‘Ideologia e partidos políticos: um estudo sobre coligações em Santa Catarina’, Opinião Pública, 12(1), pp. 136–163.

CARREIRÃO, Y. de S. (2015) ‘Representação política como congruência entre as preferências dos cidadãos e as políticas públicas ’:, Opinião Pública, 21(2), pp. 393–429.

Converse, P. E. and Pierce, R. (1986) Political representation in France. Cambridge: Harvard University Press.

COPPEDGE, M. (1997) A Classification of Latin American Political Parties, Working Paper. 244. EUA: The Helen Kellogg Institute for International Studies.

DALTON, R. J. and Mcallister, I. (2015) ‘Continuity and Change in the Left-Right Positions of Political Parties Continuity and Change in the Left-Right Positions of Political Parties’, pp. 0–33.

DANTAS, H.; PRAÇA, S. (2010) ‘Pequenos partidos no Brasil: uma análise do posicionamento ideológico com base nas coligações municipais de 2000 a 2008’, in Krause, S., Dantas, H., and Miguel, L. (eds) Coligações partidárias na nova democracia brasileira: perfis e tendências. Rio de Janeiro; São Paulo: Konrad-Adenauer-Stiftung; Ed. Enesp, pp. 99–133.

DESPOSATO, S. W. (2006) ‘Parties for Rent? Ambition, Ideology, and Party Switching in Brazil’s Chamber of Deputies’, American Journal of Political Science, 50(1), pp. 62–80. doi: 10.1111/j.1540-5907.2006.00170.x.

DIAS, M. R. (2012) ‘Um estudo sobre a classificação ideológica dos partidos políticos através de seus projetos de lei “ A quem serve o Graal ?”’, pp. 209–235.

DOWNS, A. (1999) Um teoria econômica da democracia. São Paulo: Edusp.

DUVERGER, M. (1951) Les partis politiques. Paris: Armand Colin.

ENNSER, L. (2010) ‘The homogeneity of West European party families: the radical right in comparative perspective’, Party Politics, 18(2), pp. 151–171. doi: 10.1177/1354068810382936.

ENNSER, L. (2010) ‘The homogeneity of West European party families: The radical right in comparative perspective’, Party Politics, 18(2), pp. 151–171. doi: 10.1177/1354068810382936.

EPSTEIN, D. J. (2009) ‘Clientelism Versus Ideology: Problems of Party Development in Brazil’, Party Politics, 15, pp. 335–355. doi: 10.1177/1354068809102250.

FIGUEIREDO, A.; LIMONGI, F. (2008) Política orçamentária no presidencialismo de coalizão. Rio de Janeiro; São Paulo: Editora FGV; Fundação Konrad-Adenauer.

FINK, A. (2003) The Survey Handbook. Thousand Oaks: Sage Publications.

FRANZMANN, S.; KAISER, A. (2006) ‘Locating Political Parties in Policy Space: A Reanalysis of Party Manifesto Data’, Party Politics, 12(2), pp. 163–188. doi: 10.1177/1354068806061336.

GALLAGHER, M. (2015) Election indices dataset, Comparative Political Studies.

GIMENES, É. R.; BORBA, J. (2017) Poder legislativo e cultura política. Valores, atitudes, trajetória e comportamento político dos vereadores e vereadoras do Estado de Santa Catarina. Curitina: CPOP.

HARMEL, R. (2002) ‘Party organizational change: competing explanations?’, in Luther, K. R. and Müller-Rommel, F. (eds) Political parties in the New Europe: political and analytical challenges. Oxford: Oxford University Press, p. 391.

JOHNSTON, R. (2009) ‘Survey Methodology’, in Collier, D. and E., B. H. (eds) The Oxford Handbook of Political Methodology. Oxford: Oxford University Press, pp. 384–403.

KINZO, M. D. A. (2005) ‘OS PARTIDOS NO ELEITORADO : percepções públicas e laços partidários no Brasil*’, 20.

KLIGEMANN, H. et al. (2006) Mapping policy preferences II: Estimates for parties, electors, and governments in Eastern Europe, European Union and OECD 1990-2003. Oxford: Oxford University Press.

LAVER, M. (2001a) Estimating the Policy Positions of Political Actors. London: Routledge.

LAVER, M. (2001b) ‘Why should we estimate the policy positions of political actors?’, in Estimating the policy positions of political actors. New York: Routledge, pp. 3–9.

LAVER, M.; SCHOFIELD, N. (1998) Multiparty government: the politics of coalition in Europe. Ann Arbor: The University of Michigan Press.

MADEIRA, R. M.; TAROUCO, G. da S. (2011) ‘Esquerda e direita no Brasil: uma análise conceitual’, Revista Pós Ciências Sociais, 8(15), pp. 1–25.

MAINWARING, S., Meneguello, R.; POWER, T. (2000) Partidos conservadores no Brasil contemporâneo: quais são, o que defendem, quais são suas bases. São Paulo: Paz e Terra.

MAIR, P. (1999) Searching for the positions of political actors: a review of approaches and an evaluation of expert surveys in particular, ECPR Joint Sessions. Mannheim.

MAIR, P. (2001) ‘Searching for the positions of political actors: a review of approaches and a

critical evaluation of expert surveys’, in Estimating the policy positions of political actors. New York: Routledge, pp. 10–30.

MAIR, P.; MUDDE, C. (1998) ‘The Party Family and its study’, Annual Review of Political Science, (january), pp. 211–228. doi: 1094-2939/98/0616-0211$08.00 211.

MELO, C. R. (2015) ‘Avaliando vínculos entre partidos e deputados nas Assembleias Legislativas brasileiras’, Opinião Pública, 21(2), pp. 365–392. doi: 10.1590/1807-01912015212365.

OTERO Felipe, P.; ZEPEDA, J. A. R. (2010) ‘Measuring political representation in Latin America: a study of the ideological congruence between parties and voters’, in American Political Science Association. Washington, D.C.

PARTIDO HUMANISTA DA SOLIDARIEDADE (2018) Doutrina partidária, PHS.

PEREIRA, C.; MUELLER, B. (2003) ‘Partidos fracos na arena eleitoral e partidos fortes na arena legislativa: a conexão eleitoral no Brasil’, Dados. Rio de Janeiro, 46(4), pp. 735–771. Available at: http://www.scielo.br/pdf/dados/v46n4/a04v46n4.pdf (Accessed: 30 August 2012).

PIERUCCI, A. F. (1987) ‘As bases da nova direita’, Novos Estudos Cebrap, (19), pp. 26–45.

PIQUET, G.; MOISÉS, J. Á. (2015) ‘Sobre o enraizamento dos partidos políticos na sociedade brasileira’, Interesse Nacional. Available at: http://interessenacional.com.br/2015/01/08/sobre-o-enraizamento-dos-partidos-politicos-na-sociedade-brasileira/.

POWER, T. J.; ZUCCO JR., C. (2009) ‘Estimating Ideology of Brazilian Legislative Parties, 1990–2005’, Latin American Research Review, 44(1), pp. 218–246.

RIBEIRO, E.; BOLOGNESI, B. (2017) ‘Ideologia e representação: valores e atitudes dos legisladores municipais’, in Gimenes, É. R. and Borba, J. (eds) Poder legislativo e cultura política. Valores, atitudes, trajetória e comportamento políticos dos vereadores e vereadoras do Estado de Santa Catarina. Curitiba: CPOP, p. 234.

RIBEIRO, P. F. (2014) ‘Em nome da coesão: parlamentares e comissionados nas executivas nacionais dos partidos brasileiros’, Revista de Sociologia e Política, 22(52), pp. 121–158. doi: 10.1590/1678-987314225208.

RODRIGUES, L. M. (2002) ‘Partidos, ideologia e composição social’, Revista Brasileira de Ciências Sociais, 17(48). doi: 10.1590/S0102-69092002000100004.

RODRIGUES, L. M. L. M. (2002) Partidos, ideologia e composição social: um estudo das bancadas partidárias na Câmara dos Deputados. São Paulo: Edusp.

SAMUELS, D. J. (1999) ‘Incentives to Cultivate a Party Vote in Candidate-centric Electoral Systems: Evidence from Brazil’, Comparative Political Studies, 32(4), pp. 487–518. doi: 10.1177/0010414099032004004.

SARTORI, G. (1980) Partidos y sistemas de partidos. Madrid: Alianza Editorial.

SARTORI, G. (1994) ‘Comparación y método comparativo’, in Sartori, G. and Morlino, L. (eds) La Comparación en las Ciencias Sociales. Madrid: Alianza Editorial, pp. 29–50.

SCHEEFFER, F. (2016) Ideologia e comportamento parlamentar na Câmara dos Deputados: faz sentido ainda falar em esquerda e direita? Universidade Federal de Santa Catarina.

SENADO FEDERAL (2014) Partidos políticos brasileiros: Programas e diretrizes doutrinárias.

Sustentabilidade, R. (2018) Manifesto, REDE.

TAROUCO, G. D. S. (2007) Os Partidos e a Constituição: ênfases programáticas e propostas de emenda. IUPERJ. doi: 10.1017/CBO9781107415324.004.

TAROUCO, G. D. S.; MADEIRA, R. M. (2013) ‘Esquerda e direita no sistema partidário brasileiro: análise de conteúdo de documentos programáticos.’, Revista Debates, 7(n 2), pp. 93–114.

TAROUCO, G. da S.; MADEIRA, R. M. (2013) ‘Partidos, programas e o debate sobre esquerda e direita no Brasil’, Revista de Sociologia e Política. Curitiba, 21(45), pp. 149–165.

TAROUCO, G. da S.; MADEIRA, R. M. (2015) ‘Os partidos brasileiros segundo seus estudiosos Análise de um expert survey’, Civitas, 15(1), pp. 24–39.

VERDE, P. (2018) Programa do partido, PV.

WIESEHOMEIER, N.; BENOIT, K. (2007) Parties and Presidents in Latin America: Data from Expert Surveys in 18 Latin American Countries, 2006-2007. Konstanz; Dublin: University of Konstanz, Trinity College Dublin.

ZUCCO Jr., C. (2011) ‘Esquerda, direita e governo: a ideologia dos partidos políticos brasileiros’, In: POWER, T. J.; ZUCCO JR., C. (eds) O Congresso por ele mesmo: autopercepções da classe política brasileira. Belo Horizonte: Editora UFMG, pp. 37–60.

ZUCCO JR, C. (2008) ‘Ideology or What ? Legislative Behavior in Multiparty Presidential’.

Veröffentlicht

2019-12-16

Ausgabe

Rubrik

Dossiê Temático