Neopatrimonialismo, diferenciação funcional e a relação centro-periferia revisitada
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-7984.2020.e66958Resumo
Este artigo tem o objetivo de negar a validade teórica do conceito de neopatrimonialismo, formulado por Simon Schwartzman, para compreender os dilemas de exclusão política do Brasil contemporâneo, pois o conceito é baseado em uma leitura apologética do diagnóstico de Max Weber sobre o Ocidente. A partir da análise bibliográfica, defendemos que o conceito de neopatrimonialismo está preso a uma visão empírica e teoricamente insustentável da modernidade política, que idealiza a dimensão democrática e constitucional do poder político moderno e ignora sua dimensão autocrática e não constitucional. Em seguida, apresentamos como alternativa teórica a sociologia política de Niklas Luhmann, pois descreve a política moderna como dividida nos circuitos de poder formal e constitucional, e informal e não constitucional. Desta forma, podemos analisar os processos de exclusão política no centro e na periferia sem a presença de idealizações sobre os países centrais.
Referências
ANDERSON, B Imagined Communities. Reflections on the Origin and Spread of Nationalism. 2. ed., Londres: Verso, 2006.
BAYLY, C The Birth of Modern World 1780-1914. Global Connections and Comparisons. Londres: Blackwell, 2004.
BOURDIEU, P Sobre o estado. 1.ed., São Paulo: Cia das Letras, 2014.
BOURDIEU, P. O campo político. Revista Brasileira de Ciência de Ciência Política, Brasília n. 5, p. 193-216, 2011.
BRANDÃO, G. M. Linhagens do pensamento político brasileiro. Dados- Revista de Ciências Sociais, Rio de Janeiro, n.2, v. 48, pp. 231-269.
CARDOSO, F, Capitalismo e escravidão no Brasil meridional: o negro na sociedade escravocrata do Rio Grande Sul. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.
CARVALHO, J A Construção ordem/teatro das sombras. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2008.
DOMINGUES, J A sociologia de Talcott Parsons. Niterói: UFF, 2001.
DOMINGUES, J.M., Patrimonialismo e neopatrimonialismo. In ARVRITZER, Leonardo (org.). Corrupção: ensaios e críticas. Belo Horizonte: UFMG, 2008.
DOMINGUES, JTeoria crítica e semi (periferia). Belo Horizonte: UFMG, 2011.
DOMINGUES, J Esquerda: crise e futuro. Rio de Janeiro: Maud X, 2017.
FAORO, R Os donos do poder: formação do patronato político brasileiro. Porto Alegre/São Paulo: Globo, 1975.
GOSWAMI, M. Rethink the Modular Nation Form: Toward a Sociohistorical Conception of Nationalism. Comp. Stud. Soc. Hist. n. 44, p. 770-799, 2002.
HILL, C National History and the World of Nations. Capital, State and the Rhetoric of History in Japan, France and United States. Durham/Londres: Duke University Press, 2008.
HOLANDA, S Raízes do Brasil 26ª ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
LUHMANN, N Machtkreislauf und Recht in Demokratien. Zeitschrift fürRechtssoziologie, 1981a.
LUHMANN, N Politische Theorie im Wohlfahrtsstaat. Analysen und Perspektiven. München / Wien: Olzog, 1981b.
LUHMANN, N. Gesellschaftsstruktur und Semantik: Studien zur Wissenssoziologie der modernen Gesellschaft. V. 3 Frankfurt a.M: Suhrkamp, 1989.
LUHMANN, N. Die Gesellschaft der Gesellschaft v. 1 e 2. Frankfurt a. M: Suhrkamp, 1997.
LUHMANN, N. Die Politik der Gesellschaft. Frankfurt am Main: Suhrkamp, 2002.
LUHMANN, N. Politische Soziologie. Berlin: Suhrkamp, 2010.
MAIA, J. M. O pensamento social brasileiro e a imaginação pós-colonial”. Rev. Estudos Políticos, Niterói, n. 01, pp. 64-78, 2010.
MORSE, R. A Miopia de Schwartzman. Novos Estudos, São Paulo, n.24, p.166-178, 1989.
NEVES, M. Verfassung und Öffentlichkeit. Zwischen Systemdifferenzierung, Inklusion und Anerkennung. In: Der Staat. Zeitschrift für Staatslehre und Verfassungsgeschichte deutsches und europäisches öffentliches Rechts,n.4, p. 477-509, 2008.
PAIM, A. A Querela do Estatismo. Brasília: Senado Federal, 1998.
SANTOS, W. G A democracia impedida: o Brasil no século XXI. Rio de Janeiro: FGV, 2017.
SCHNEIDER, Wolfgang Ludwig (2010), “Systemtheorie, hermeneutische Tradition und die TheoriesozialerDifferenzierung”. In: RENÉ, John et.al. (org.). Die Methodologien des Systems. Wie kommt man zum Fall und wie dahinter?. Wiesbaden: VS Verlag, pp. 203-224, 2010.
SELL, C. (2007), Leituras de Weber e do Brasil: da política à religião, do atraso à modernidade. Ciências Sociais Unisinos, São Leopoldo, v. 43, n.3, p.241-248, 2007.
SELL, C Max Weber e a racionalização da vida. Petrópolis: Vozes, 2013.
SELL, C.. As duas teorias do patrimonialismo. Trabalho apresentado no X Encontro da Associação Brasileira de Ciência Política (ABCP), p.1-25, 2016. Acessado em 20/03/2019.https://cienciapolitica.org.br/system/files/documentos/eventos/2017/04/duas-teorias-patrimonialismo-max-weber-1070.pdf
STICWEH, R. Politische Demokratie und die funktionale differenzierung der gesellschaft zur logic der modern. Fiw working paper no.3. Rheinische Friedrich-Wilhelms-Universität Bonn Forum Internationale Wissenschaft, Bonn, Alemanha, 2016.
SCHWARTZMAN, S São Paulo e o Estado Nacional. São Paulo: Difel, 1974.
SCHWARTZMAN, S Bases do Autoritarismo Brasileiro. 2 ed. Rio de Janeiro: Campus, 1988.
SCHWARTZMAN, S. A Atualidade de Raymundo Faoro. Dados – Revista de Ciências Sociais, Rio de Janeiro, n.2,p.207-213, 2003
SCHWINN, T. Differenzierung ohne Gesellschaft: Umstellung eines soziologischen Konzepts. Weilerswist: Velbrück Wissenschaft, 2001
SOUZA, J. A ética protestante e a ideologia do atraso brasileiro”. In: Jessé Souza (org.) O malandro e o protestante: a tese weberiana e a singularidade cultural brasileira. Brasília: Unb, 1999.
SOUZA, J A construção social da subcidadania: para uma sociologia política da modernidade periférica. Belo Horizonte: UFMG, 2003.
SOUZA, J. Weber. In. ARVRITZER, Leonardo (org.) Corrupção: ensaios e críticas. Belo Horizonte: UFMG, pp.81-92, 2008.
WALLERSTEIN, I. Three Ideologies or One? The Pseudo-Battle of Modernity. In: TURNER, S. P. (org.). Social Theory & Sociology. The Classics and Beyond. Oxford: Blackwell, 1996
TAVARES BASTOS, A. Os males do presente e as esperanças do futuro. São Paulo: Companhia Editora Nacional, Coleção Brasiliana, n. 151, 1976.
TAVOLARO, S. A tese da singularidade brasileira revisitada: desafios teóricos contemporâneos. Dados – Revista de Ciências Sociais, Rio de Janeiro, n.3, p.633-73, 2014
URICOECHEA, F O Minotauro Imperial: A Burocratização do Estado Patrimonial Brasileiro no Século XIX. Rio de Janeiro: Difel, 1978.
VILLAS BOAS, G. A recepção controversa de Max Weber no Brasil (1940-1980) . Dados- Revista de Ciências Sociais, Rio de Janeiro n.1, p.5-33, 2014.
WEBER, M Economia y Sociedad: esbozo de sociologia comprensiva. 2 ed, México: D.F, 2008.
WEBER,Max. (1982), “Classe, estamento e partido”. In: WEBER, Max (org.). Ensaios de Sociologia. Rio de Janeiro: Guanabara, p. 211-228.
WERNECK VIANNA, L. Weber a Interpretação do Brasil, Novos Estudos, São Paulo, n.53, pp.33-47, 1999.
WERNECK VIANNA, L. Raymundo Faoro e a difícil busca do moderno no país da modernização In: BOTELHO, Andre & SCWARCZ, Lilia (orgs.). Um enigma chamado do Brasil: 29 intérpretes e um país. São Paulo: Companhia das Letras, pp. 364-377, 2009.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2021 Política & Sociedade
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Os artigos e demais trabalhos publicados em Política & Sociedade, periódico vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSC, passam a ser propriedade da revista. Uma nova publicação do mesmo texto, de iniciativa de seu autor ou de terceiros, fica sujeita à expressa menção da precedência de sua publicação neste periódico, citando-se a edição e data dessa publicação.
Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons.