Definindo o republicanismo: abordagens, dificuldades e síntese

Autores

  • Luís Alves Falcão IESP-UERJ

DOI:

https://doi.org/10.5007/2175-7984.2021.e79152

Resumo

O artigo apresenta uma síntese das diferentes e recentes definições do republicanismo. Para isso, empreende-se uma avaliação crítica dos diversos modos como essas definições são empregadas e, assim, debatem-se os anteparos do republicanismo em relação a tradições que se lhe opõe, a embocaduras tautológicas e a extrapolações indevidas. Num segundo momento, argumenta-se que a suposta exceção francesa deve ser lida de modo crítico e que seus pontos de contato com o universo anglo-saxão não são incomuns. Na sequência, evidencia-se a estratégia de definição por um ângulo histórico e são debatidas as implicações. Por fim, o artigo argumenta que as definições excessivamente normativas e que dialogam explicitamente com a teoria política contemporânea incorrem em contradições históricas. Propõe-se, então, uma síntese que congrega conceito e contexto.

Referências

ALONSO, Â. Ideais em movimento: a geração de 1870 na crise do Brasil-Império. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2002.

AUDIER, S. Les théories de la république. Paris: La Decouverte, 2004.

ARAÚJO, C. A forma da república: da constituição mista ao Estado. São Paulo: Martins Fontes, 2014.

BALESTRIERI, G. Machiavelli e la doppia fondazione della dottrina dei conflitti sociali. La cultura, anno XLVIII, n. 3, p. 459-499, 2010.

BACCELLI, L. Critica del repubblicanesimo. Bari: Laterza, 2003.

BERLIN, I. [1958]. Two concepts of liberty. In: HARDY, H.; HAUSHEER, R. (ed.). The proper study of mankind: an anthology of essays. London: Chatto & Windus, 1997.

BELLAMY, R. Republicanism, democracy, and constitutionalism. In: LABORDE, C.; MAYNOR, J. (ed.). Republicanism and political theory. Oxford: Blackwell Publishing, 2008. p. 159-189.

BIGNOTTO, N. (org.). Matrizes do republicanismo. Belo Horizonte: UFMG, 2013.

BIGNOTTO, N. O Brasil à procura da democracia: da proclamação da república ao século XXI (1889-2018). Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2020.

BRUGGER, B. Republican theory in political thought: Virtuous or virtual? London: Macmillan Press, 1999.

CARVALHO, J. M. de. “Clamar e agitar sempre” – os radicais da década de 1860. Rio de Janeiro: Topbooks, 2018.

DAGGER, R. Civic virtue: rights, citizenship, and republican liberalism. Oxford: Oxford University Press, 1997.

DAVIS, J. C. The romance of 1650s as a context for Oceana. In: WIEMANN, D.; MAHLBERG, G. (ed.). Perspectives on English revolutionary theory. Burlington: Ashgate, 2013. p. 65-84.

DOMÈNECH, A. Droit, Droit Naturel et tradition républicaine moderne. In: Républicanismes et Droit Naturel: des humanistes aux révolutions des droits de l’homme et du citoyen. Paris: Éditions Kimé, 2009. p. 17-30.

DZELZAINIS, M. Anti-monarchism in English Republicanism. In: SKINNER, Quentin; GELDEREN, M. van (ed.). Republicanism: a shared European heritage. Cambridge: Cambridge University Press, 2002. v. 1. p. 27-42.

FALCÃO, L. Maquiavel, Montesquieu e Madison: uma tradição republicana em duas perspectivas. Rio de Janeiro: Azougue, 2013.

FALCÃO, L. Republicanismo neorromano e liberalismo: para além das proximidades declaradas. Revista Brasileira de Ciência Política, Brasília, n. 24, p. 115-158 set./dez. 2017.

FALCÃO, L. Algernon Sidney: um pensador republicano do século XVII. Niterói: EdUFF, 2019.

FONSECA, S. C. P. de B. A ideia de República no Império do Brasil. Jundiaí: Paco Editorial, 2016.

GEUNA, M. La tradizione repubblicana e suoi interpreti: famiglie teoriche e discontinuità concettuali. Filosofia Politica, n. 12, v. 1, p. 101-132, 1998.

GRANGE, J. L’idée de République. Paris: Pocket, 2008.

HAMEL, C. Prendre la vertu et le droit sérieux: l’hypothèse d’un républicanisme des droits. Les Études Philosophiques, Paris, v. 4, n. 83, p. 499-517, 2007.

HAMEL, C. Le républicanisme des droits. Enjeux conceptuels d’un passé utile. In: Républiques et républicanismes – les cheminements de la liberté. Sous la direction de Olivier Christin. Lormont: Le Bord de L’eau, 2019. p. 79-98.

HAMMERSLEY, R. Republicanism: an introduction. Cambridge: Polity, 2020.

HANKINS, J. Exclusivist republicanism and the non-monarchical republic. Political Theory, v. 38, n. 4, p. 54-70, 2010.

HONOHAN, I. Civic republicanism. London: Routledge, 2002.

KALYVAS, A.; KATZNELSON, I Liberal beginnings: making a Republic for the Moderns. Cambridge: Cambridge University Press, 2018.

KRIEGEL, B. Philosophie de la république. Paris: Plon, 1998.

LEMOS, R. Republicanos e libertários: pensadores radicais no Rio de Janeiro (1822). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000.

MAIHOFER, W. The ethos of the republic and the reality of politics. In: BOCK, G.; SKINNER, Q.; VIROLI, M. (org.). Machiavelli and republicanism. Cambridge: Cambridge University Press, 2002. p. 283-292.

MAISSEN, T. Républiques et républicanisme en époque moderne : théories et pratiques dans une perspective occidentale. In: CHRISTIN, O. (dir.). Républiques et républicanismes – les cheminements de la liberté. Lormont: Le Bord de L’eau, 2019. p. 27-46.

MARKELL, P. The insufficiency of non-domination. Political Theory, v. 36, n. 1, p. 9-36, 2008.

MAYNOR, J. Republicanism in the modern world. Cambridge: Blackwell Publishing Ltd, 2003.

MELLO, M. T. C. de. A república consentida. Rio de Janeiro: FGV, 2007.

PETTIT, P. Republicanism: a theory of freedom and government. Oxford: Oxford University Press, 1997.

PETTIT, P. On the people’s terms: a republican theory and model of democracy. Cambridge: Cambridge University Press, 2012.

PETTIT, P. Two republican traditions. In: NIEDERBERGER, A.; SCHINK, P. (org.). Republican democracy: liberty, law and politics. Edinburgh: Edinburgh University Press, 2013.

PETTIT, P. Just freedom: a moral compass for a complex world. New York: W. W. Norton & Company, 2014.

POCOCK, J. G. A. The ancient constitution and the feudal law. Cambridge: Cambridge University Press, 1987.

POCOCK, J. G. A. The machiavellian moment: Florentine political thought and the Atlantic republican tradition. 2. ed. Princeton: Princeton University Press, 2003.

SAINT VICTOR, J.; BRANTHÔME, T. Histoire de la république en France. Paris: Economica, 2018.

SCHWARCZ, L.; STARLING, H. (org.). Dicionário da república: 51 textos críticos. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.

SILVA, R. Visões da liberdade: republicanismo e liberalismo no debate teórico contemporâneo. Lua Nova, v. 94, p. 181-215, 2015.

SILVESTRINI, G. Fra repubblicanesimo e giusnaturalismo: itinerari nella storia del pensiero politico moderno. Torino: Cortina, 2008.

SKINNER, Q. The paradoxes of political liberty. The tanner lectures on human values, v. 25, p. 226-250, 1984.

SKINNER, Q. Liberty before liberalism. Cambridge: Cambridge University Press, 1998.

SKINNER, Q. A third concept of liberty. Proceedings of the British Academy, v. 117, p. 237-268, 2002a.

SKINNER, Q. Visions of politics II: renaissance virtues. Cambridge: Cambridge University Press, 2002b.

SKINNER, Q.; GELDEREN, M. van (ed.). Republicanism: a shared European heritage. 2 vol. Cambridge: Cambridge University Press, 2002.

SPITZ, J.-F. La liberté politique. Paris: PUF, 1995.

SPITZ, J.-F. Le moment républicain en France. Paris: Gallimard, 2005.

STARLING, H. Ser republicano no Brasil colônia: a história de uma tradição esquecida. São Paulo: Companhia da Letras, 2018.

TENZER, N. La république. Paris: PUF, 1993.

VIROLI, M. Republicanism. New York: Library of the Congress, 2002.

WOOTTON, D. Republicanism and restoration: 1660-1683. In: WOOTTON, D. (ed.). Republicanism, liberty, and commercial society – 1649-1776. Stanford: Stanford University Press, 1994. p. 139-193.

ZUCKERT, M. Natural rights and the new republicanism. Princeton: Princeton University Press, 1994.

Downloads

Publicado

2021-07-16