A psicofarmacologização da infância e o modelo de ação da droga centrado na doença

Autores

  • Sandra Caponi Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC

DOI:

https://doi.org/10.5007/2175-7984.2020.e74538

Resumo

 A prescrição e a ampla aceitação do uso de antipsicóticos clássicos e atípicos na infância e na adolescência, foi reivindicada aduzindo a suposta função terapêutica e curativa dessas drogas. Tomando como ponto de partida a distinção de dois modelos explicativos de ação dos psicofármacos, um centrado na doença e outro centrado na droga, analiso de que modo a indústria farmacêutica contribuiu, com suas estratégias publicitárias, à divulgação de uma narrativa triunfalista que naturalizou o uso de antipsicóticos como cura para doenças psiquiátricas. Os dois psicofármacos analisados são a clorpromazina, um antipsicótico clássico, e a risperidona, um antipsicótico atípico de última geração. 

 

Biografia do Autor

Sandra Caponi, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC

Professora titular do Departamento de Sociologia e Ciencia Politica. UFSC. Graduação em Filosofia - Universidad Nacional de Rosário (Argentina), mestrado em Lógica e Filosofia da Ciência pela UNICAMP, doutorado em Lógica e Filosofia da Ciência pela UNICAMP, realizou um primeiro Pós doutorados em Universidade de Picardie (França) e EHESS

Referências

ABRASME NOTICIA. Mais de mil meninos tiveram seus seios crescidos, causa provável a risperidona 02/02/2015. ABRASME p. 1–2 , 2015.

ANVISA. Bula Amplictil . [S.l.]: Anvisa. Disponível em: <http://www.saudedireta.com.br/catinc/drugs/bulas/amplictil.pdf>. , 2018

ANVISA. Quadro 1 . Resumo de indicações de antipsicóticos e uso na faixa etária pediátrica de acordo com as respectivas bulas brasileiras . [S.l: s.n.], 2014.

APA. Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, Fifth Edition (DSM-5). Arlington. Arlington: American Psychiatric Association, 2013. .

BBC, News. Risperdal , el fármaco por el que Johnson & Johnson deberá pagar US $ 8 . 000 millones a un joven a quien le crecieron los pechos Efectos colaterales adversos. 9 out. 2019 Disponível em: <https://www.bbc.com/mundo/noticias-49987187>.

BREGGIN, P. Medication Madness. New York: St. Martin’s Press, 2008. .

BREGGIN, P. Toxic Psychiatry. New York: St. Martin’s Press, 1991.

BREGGIN, P. Rational Principles of Psychopharmacology for Therapists, Healthcare Providers and Clients. Journal of Contemporary Psychotherapy v. 46, n. 1, p. 1–13 , 2016.

CAPONI, S. Uma sala tranquila: antipsicóticos para uma biopolitica da indiferença. São Paulo: LiberArs, 2019. .

DELAY, J; DENIKER, P; BOURGUIGNON, A. Extrapyramidal movement disorders during chlorpromazine and reserpine therapy. Encephale v. 45, n. 4, p. 1093–8 , 1956.

DELAY, J; DENIKER, P. Utilisation en Therapeutique psychiatrique d´une phenithiazine d´action centrale élective (4560 RP). Annales médico-psychologiques v. 110, n. 2, p. 112–131 , 1952.

DENIKER, P. Psychopharmacologie. Les médicaments et drogues psychotropes. Paris: Ellipses, 1987.

FREITAS, F; AMARANTE, P. Medicalização em psiquiatria. Rio de janeiro: FIOCRUZ, 2015.

GALARCE, M. Uso de risperidona em niños. Pontificia Univ. Chlie, 2008. 1–8 p. Disponível em: <https://medicina.uc.cl/publicacion/uso-de-risperidona-en-ninos-efectividad-y-perfil-de-seguridad/>.

GOTSZCHE, P. Psicofármacos que matam y denegación organizada. Barcelona: Los libros del lince, 2016. .

INSEL, T. Rethinking schizophrenia. Nature v. 468, n. 7321, p. 187–193 , 2010.1476-4687 (Electronic)n0028-0836 (Linking).

JANSSEN. RISPERIDAL Products L.P. . [S.l.]: Janssen. , 2003

JOHNSON & JOHNSON. A n n u a l R e p o r t 2 017. , 2017. Disponível em: <https://www.jnj.com/2017-year-in-review>.

KRISTOF, N.. When Crime Pays : J & J ’ s Drug Risperdal. New York Times n. September 17th, p. 1–3 , 2015.

LANE, Ch.. Antipsychotics Tied to Higher Risk of Death in Children. Disponível em: <https://www.psychologytoday.com/intl/blog/side-effects/201812/antipsychotics-tied-higher-risk-death-in-children>.

MAGALHÃES BRAGA, A.. Uso De Psicofármacos Na Infância E Na Adolescência Para O Pediatra Geral. Brasília Médica v. 48, n. 3, p. 299–307 , 2011.

MONCRIEFF, J.; COHEN, D. Rethinking models of psychotropic drug action. Psychotherapy and Psychosomatics v. 74, n. 3, p. 145–153 , 2005.0033-3190 (Print)n0033-3190 (Linking).

MONCRIEFF, J. Hablando claro: una introducción a los fármacos psiquiatricos. Barcelona: Herder, 2013a.

MONCRIEFF, J. Las incómodas verdades acerca de los antipsicóticos : Una respuesta a Goff et al . Mad in América , 2017. Disponível em: <http://madinamerica-hispanohablante.org/las-incomodas-verdades-acerca-de-los-antipsicoticos-una-respuesta-a-goff-et-al-joanna-moncrieff/>.

MONCRIEFF, J. Magic bullets for mental disorders: The emergence of the concept of an “Antipsychotic” drug. Journal of the History of the Neurosciences v. 22, n. 1, p. 30–46 , 2013b.

MONCRIEFF, J. Models of drug action. n. 4, p. 6–11 , 2013c. Disponível em: <https://joannamoncrieff.com/2013/11/21/models-of-drug-ation/>.

MONCRIEFF, J. The Myth of the Chemical Cure. London: Palgrave MacMillan, 2008.

MONCRIEFF, J.; MIDDLETON, H. Schizophrenia: A critical psychiatry perspective. Current Opinion in Psychiatry v. 28, n. 3, p. 264–268 , 2015.

NYT. "Serenity" Drugs disturb doctors ; Side Effects in Treatment of Mentally Ill Are Cited at Manufacturers ’ Meeting. The New York Times p. 3 , 1955.

NYT. NEW DRUG HAILED AS TRANQUILIZER ; 550 Patients Are Calmed by Promazine--No Side Reactions Noted in Test. The New York Times p. 25 , 1956.

NYT. Ups and Downs With Pills. The New York Times v. 23/6, p. 1957 , 1957.

PIGNARRE, P. Les malheurs des psys: psychotropes et médicalisation du social. Paris: La Découverte, 2006. .

PLUMB, R. Drug Use. New York Times p. 1 , 1955a.

PLUMB, R. Drug use hailed in mental cases; State Hospitals Report Big Therapeutic Gains With the New Compounds. The New York Times , 1955b.

PLUMB, R. Tranquil wards show drugs’ help. The New York Times p. 1956 , 1956.

PROCON.ORG. Prescription Drugs Advertising.

RODRIGUES, A. Ministério da Saúde estuda distribuir risperidona a usuários de crack e cocaína. Agencia Brasil p. 1–5 , 2014.

SECRETARIA DE SAÚDE SÃO JOSÉ DE RIO PRETO(SP). Protocolo de tratamento de transtornos desafiador opositor e transtorno de conduta - risperidona., 2018. Disponível em: http://saude.riopreto.sp.gov.br/transparencia/arqu/arqufunc/2018/risperidona_tod.pdf>.

TCHEREMISSINE, O.; LIEVING, L. Pharmacological Aspects of the Treatment of Conduct Disorder in Children and Adolescents. Terapy in Practice v. 20, n. 7, p. 549–565 , 2006.

VIZOTTO, L.; FERRAZZA, D. Childhood in the hotseat: On diagnostic labeling and the trivialized practice of psychotropic prescriptions. Estudos de Psicologia v. 22, n. 2, p. 214–224 , 2017.

WHITAKER, R.. Anatomia de uma epidemia. Medicamentos psiquiátricos y el asombroso aumento de las enfermedades mentales. Madrid: Ed. Capitan Swing, 2015. .

WHITAKER, R.. La psiquiatría defiende sus antipsicóticos : Un caso práctico de corrupción institucional // Robert Informe MIA : La psiquiatría defiende sus antipsicóticos . Un caso práctico de corrupción institucional. p. 6–8 , 2017.

WHITAKER, R. Mad in America. Bad Science, bad medecine,and the enduring mistratment of the mentallu ill. New York: Basic Books. A membrer of Perseus Books Group, 2010.

Downloads

Publicado

2021-01-29

Edição

Seção

Dossiê Temático