David Hume sobre a Dimensão Corporal do Eu

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/1808-1711.2022.e84751

Palavras-chave:

David Hume, Identidade Pessoal, Eu, Mente, Corpo

Resumo

O artigo avança a hipótese de que a filosofia de David Hume pode explicar a dimensão corporal do eu, mais especificamente, a crença de um indivíduo em um corpo como sendo ‘seu corpo’, como parte de seu eu, a partir de três perspectivas distintas: por meio das operações da imaginação, dos princípios associativos e da percepção de estados mentais e físicos paralelos; a partir da ocorrência de certas paixões na mente, particularmente, orgulho, humildade e interesse por si próprio, que direcionam a atenção do indivíduo para um corpo que é sentido como sendo seu corpo; pela consciência da capacidade da vontade de orientar o poder de movimentar certas partes corporais. Argumenta-se, por fim, que o fenômeno mental da crença em um corpo é uma construção mútua da mente humana, isto é, ela é produzida simultaneamente por processos intelectuais, afetivos e volitivos.

Biografia do Autor

Vinícius França Freitas, Universidade Federal de Minas Gerais e Université Paris 1 Panthéon-Sorbonne

Possui graduação em Filosofia (Bacharelado e Licenciatura) pela Universidade Federal de Uberlândia (2010), mestrado em Filosofia pela Universidade Federal de Minas Gerais (2012) e doutorado em Filosofia pela Universidade Federal de Minas Gerais e pela Université Paris 1 Panthéon-Sorbonne (2017). Atualmente, é pós-doutorando (PNPD / CAPES) na Universidade Federal de Minas Gerais.

Referências

Ainslie, D. 1999. Scepticism About Persons in Book II of Hume’s Treatise. Journal of the History of Philosophy 37(3): 469-492.

Alanen, L. 2014. Personal Identity, Passions, and “The True Idea of the Human Mind”. Hume Studies 40(1): 03-28.

Armstrong, D. 1999. The Mind-Body Problem: An Opinionated Introduction. Boulder: Westview Press.

Baier, A. 1991. A Progress of Sentiments: Reflections on Hume’s Treatise. Cambridge: Harvard University Press.

Boeker, R. 2015. Locke and Hume on Personal Identity: Moral and Religious Differences. Hume Studies 41(2):105-135.

Capaldi, N. 2002. Hume’s Theory of the Passions. In: S. Tweyman (ed.), David Hume Critical Assessments, vol. 2, p.249-270. London e New York: Routledge.

Capaldi, N. 2002. The Historical and Philosophical Significance of Hume’s Theory of the Self. In: S. Tweyman (ed.), David Hume Critical Assessments, vol. 2, p.627-641. London e New York: Routledge.

Chazan, P. 1992. Pride, Virtue, and Self-Hood: A Reconstruction of Hume. Canadian Journal of Philosophy 22(1): 45-64.

Cummins, P. 1995. Hume as a Dualist and Anti-Dualist. Hume Studies 21(1): 47-56.

Descartes, R. 2004 [1641]. Meditações sobre filosofia primeira. Trad. F. Castilho. Campinas: Editora UNICAMP.

Falkenstein, L. 1995. Hume and Reid on the Simplicity of the Soul. Hume Studies 21(1): 25-45.

Flage, D. 1982. Hume’s Dualism. Noûs 16(4): 527-541.

Forstrom, J. 2010. John Locke and Personal Identity: Immortality and Bodily Ressurrection in Seventeenth-Century Philosophy. London e New York: Continuum.

Freitas, V. 2019. A objeção de Thomas Reid à teoria humiana da identidade pessoal. Cadernos de Filosofia Alemã 24(2): 53-69.

Freitas, V. 2020. A objeção de Thomas Reid à teoria lockiana da identidade pessoal. Principia 24(1): 147-164.

Freitas, V. 2019. David Hume sobre a identidade pessoal nos Livros I e II do Tratado. Filosofia Unisinos 20(1): 46-54.

Hume, D. 2009 [1739-1740]. A Treatise of Human Nature. Ed. D. F. Norton & M. J. Norton. Oxford e New York: Oxford University Press.

Hume, D. 2006 [1777]. Da imortalidade da alma. In: Da imortalidade da alma e outros textos póstumos, p.15-28. Trad. D. de Souza. Ijuí: Editora UNIJUÍ.

Hume, D. 2001 [1739-1740]. Tratado da Natureza Humana. Trad. D. Danowski. São Paulo: Editora UNESP – Imprensa Oficial do Estado.

Hume, D. 1999 [1748]. An Enquiry Concerning Human Understanding. Ed. T. Beauchamp. Oxford: Oxford University Press.

Hume, D. 2004 [1748]. Investigações sobre o entendimento humano e sobre os princípios da moral. Trad. J. O. de Almeida. São Paulo: Editora UNESP – Imprensa Oficial do Estado.

Lecaldano, E. 2002. The Passions, Character, and the Self in Hume. Hume Studies 28(2): 175-194.

Locke, J. 1999 [1690]. Ensaio sobre o Entendimento Humano. Trad. E. A. Soveral. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian.

McIntyre, J. 2009. Hume and the Problem of Personal Identity. In: D. Norton & J. Taylor (eds.), The Cambridge Companion to Hume, p.177-208. 2a edição. Cambridge: Cambridge University Press.

Noxon, J. 1969. Senses of Identity in Hume’s Treatise. Dialogues 8(3): 367-384.

Pitson, A. 2000. Hume on the Mind/Body Relation. History of Philosophy Quarterly 17(3): 277-295.

Price, H. H. 1940. Hume’s Theory of the External World. Londres: Oxford University Press.

Purviance, S. M. 1997. The Moral Self and the Indirect Passions. Hume Studies 23(2):195-212.

Rorty, A. 1990. Pride produces the idea of self: Hume on moral agency. Australasian Journal of Philosophy 68(3): 255-269.

Schmidt, C. 2003. David Hume: Reason in History. University Park: Pennsylvania State University Press.

Welchman, J. 2015. Self-Love and Personal Identity in Hume’s Treatise. Hume Studies 41(1): 35-55.

Downloads

Publicado

2022-12-13

Edição

Seção

Artigos