Tempo de tela, índice de massa corporal e circunferência do pescoço: existe associação com a classe social em crianças?

Autores

DOI:

https://doi.org/10.1590/1980-0037.2019v21e58235

Resumo

Hábitos de vida apresentados durante a infância, serão decisivos para a situação de saúde no futuro.  Objetivou-se avaliar tempo de tela e antropometria de crianças matriculadas em escolas municipais do interior de São Paulo. Estudo transversal com escolares de 9 a 10 anos de idade de uma cidade do estado de São Paulo-Brasil. Utilizou-se um questionário sócio-econômico validado pela Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa, contendo também a determinação do tempo de tela (TV, vídeo game, computador e celular), recomendado pela Sociedade de Pediatria. A antropometria foi coletada de acordo com o Anthropometric Standardization Reference Manual de Lohmam e comparada à nível de escore-z, com a WHO 2007.  Para a análise estatística utilizou-se os testes de Kruskal-Wallis, Qui-quadrado ou Exato de Fisher. O nível de confiança foi de 95%. Dos 703 escolares avaliados, 97,44% apresentaram estatura adequada, 59,17% IMC de eutrofia e 30,44% de sobrepeso. Houve correlação entre o IMC e a classe social não estratificada (p=0,038) e o IMC e circunferência do pescoço (CP) (p<0,001). O escore-z do IMC mostrou que as crianças com magreza ficaram mais tempo na TV (p=0,0486). A comparação de gêneros mostrou que as meninas de classe social mais alta ficaram mais tempo no computador (p=0,0351) e no celular (p< 0,0001), e os meninos no videogame (p=0,0005). O sobrepeso e a magreza mostrados na correlação positiva entre IMC e CP, embora estejam em lados opostos, foram associados ao tempo de tela e principalmente à TV, nas crianças de maior classe social.

Referências

Coombs N, Shelton N. Children’s and adolescents’ sedentary behavior in relation to socioeconomic position. J Epidemiol Comm Health 2013; 67(8):868-74.

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa de Orçamentos Familiares(POF) 2008-2009. Antropometria e estado nutricional de crianças, adolescentes e adultos no Brasil. Rio de Janeiro: IBGE; 2009 [acesso em maio 2018]. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/condicoesdevida/pof/2008_2009/POFpublicacao.pdf

Bezerra IN, Sichieri R. Eating out of home and obesity: a Brasilian Nationwide survey. Public Health Nutrition 2009; 12(11):2037-43. Disponível em: . Acesso em Março de 2016.

Monteiro CA, Levy RB. Increasing consumption of ultra-processed foods and likely impact on human health: evidence from Brazil. Public Health Nutrition 2011; 14(1):5-13.

Schimidt MI, Duncan BB, Silva G.A, Menezes AM, Monteiro CA, Barreto SM et al. Chronic non-communicable diseases in Brasil: burden and current challenges. Lancet 2011; 377(9781):1949-61.

Patnaik L, Pattnaik S. Validating Neck Circumference and Waist Circumference as Anthropometric Measures of Overweight/Obesity in Adolescents. Indian Pediatrics 2017; 54(5):377-380.

Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil, 2013. Site. Disponível em http://www.pnud.org.br/IDH/Atlas2013.aspx?indiceAccordion=1&li=li_Atlas. Acessado em Maio 2018.

Dean AG, Sullivan KM. OpenEpi: Open Source Epidemiologic Statistics for Public Health, Versão 3.01. www.OpenEpi.com, atualizado 2013/04/06, acesso em janeiro 2018.

Associação Nacional de Empresas de Pesquisas (ANEP). Critério de Classificação Econômica do Brasil, internet, 2009, acesso em maio de 2018. Disponível em www.anep.org.br

Sociedade Brasileira de Pediatria (SBD)- Manual de Orientação. Departamento de Adolescência: Saúde de Crianças e Adolescentes na Era Digital. 2016, 13 páginas. Site. Disponível em: file:///F:/congressos/RBCDH/SBP%20tv%20computador%20video%20game.pdf Acesso em setembro de 2018.

Lohman TG. Anthropometric reference manual. Human K Publisher. 1992, 89p.

De Onis M, Onyango AW. Development of a WHO growth reference for school-aged children and adolescents. Bull WHO 2007; 85(9):660-7.

Centers for Disease Control and Prevention [página na Internet]. United States Growth charts [acessado em junho de 2018]. Disponível em: http://www.cdc.gov/growthcharts/

Ferretti R, Cintra I. Elevated neck circumference and associated factors in adolescents. BMC Public Health 2015;15:208.

Hilpert M, Brockmeier K, Dordel S, Koch B, Weib V, Ferraria N, et al. Sociocultural influence on obesity and lifestyle in children: A study of daily activities, leisuretime behavior, motor skills and weight status. Obes Facts 2017; 10(3):168-178.

Torres S, Nowson C. Relationship between stress, eating behavior and obesity. Nutrition 2007; 23(11-12):887-94.

Lucena JMS, Cheng LA. Prevalência de tempo excessivo de tela e fatores associadosem adolescentes. Rev Paul Pediatr 2015; 33(4):407-14.

Araújo C, Toral N. Estado Nutricional dos adolescentes e sua relação com variáveissócio demográficas: Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), 2009. Rev Ciênc Saúde Colet 2010; 15 (supl2): 3077-3084.

Barreto Neto AC, Andrade MIS. Peso corporal e escores de consumo alimentar em adolescentes no nordeste brasileiro. Rev Paul Pediatr 2015; 33(3):318-325.

Leal DB, Assis MAA. Individual characteristics and public or private schools predict the body mass index of Brazilian children: a multilevel analysis. Cad. Saúde Pública 2018; 34(5):e00053117.

Guedes DP, Miranda Neto JT, da Silva MM. Anthropometric nutritional of adolescents from a region of low economic development in Brazil: comparison with the WHO-2007 reference. Rev Bras Cineantropom Desempenho Hum 2014; 16(3):258-267.

Yang-Huang J, Grieken AV. Socioeconomic diferences in children´s television viewing trajectory: A population-based prospective cohort study. Plos One 2017(1):1-14.

Silva KS, Lopes A. Changes in television viewing and computer/videogames use among high school students in Southern Brazil between 2001-2011. Int J Public Health 2014; 59(1):77-86.

Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD): Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes 2017-2018 / Organização José Egídio Paulo de Oliveira, Renan Magalhães Montenegro Junior, Sérgio Vencio. São Paulo: Editora Clannad, 383p, 2017.

Gonçalves VSS, Faria ERD. Neck circumference as predictor of excess body fat and cardiovascular risk factors in adolescents. Rev Nutr 2014; 27(2):161-71.

Silva CC, Zambon MP, Vasques AC, Rodrigues AM, Camilo DF, Antonio MA et al. Neck circumference as a new anthropometric indicator for prediction of insulin resistance and components of metabolic syndrome in adolescents: Brazilian Metabolic Syndrome Study. Rev Paul Pediatr 2014; 32(2):221-9.

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância de Doenças e Agravos não Transmissíveis e Promoção da Saúde. Vigitel Brasil 2016: Brasília: Ministério da Saúde, 2017.

Morais AG, Morais UGB. Neck circumference in adolescents and cardiometabolic risk: A sistematic review. Rev Assoc Med Bras 2018; 64(1):54-62

Guigliani ERJ. Baixa estatura: um mal da sociedade brasileira. J Pediatr 1994; 70(5):261-2.

Januário RSB, do Nascimento MA. Índice de massa corporal e dobras cutâneas como indicadores de obesidade em escolares de 9 a 10 anos. Rev Bras Cineantropom Desempenho Hum 2008; 10(3):266-70.

Downloads

Publicado

2019-12-31

Edição

Seção

Artigos Originais