Violência, silêncio e revolta velada nas leituras de Safo (fr. 31 Voigt)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.1590/1806-9584-2021v29n371408

Resumo

A história da recepção dos poemas de Safo varia gradualmente, ao ritmo das mudanças na própria mentalidade de seus leitores, de modo que acompanhar diacronicamente essa variação é evidenciar o desenvolvimento do imaginário social com relação a muitas das questões complexas trazidas por sua poesia. A posição social da mulher, por exemplo, ou aspectos do homoerotismo - assuntos bastante imbricados em Safo - prestam-se de modo frequente como material para essas leituras, partindo de algumas das perspectivas vigentes num dado período a fim de criar e reforçar discursos de poder. O famoso fragmento 31 Voigt de Safo é um caso emblemático dessa multiplicidade de leituras. Nosso intuito é partir dele para tecer considerações e esclarecimentos sobre algumas facetas da obra de Safo encobertas por séculos de violência, silêncio e revolta velada.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Sara Camila Barbosa Anjos, Universidade Federal de Minas Gerais, Faculdade de Letras

Sara Camila Barbosa dos Anjos (scbanjos@ufmg.br; scbanjos@gmail.com) é estudante de graduação em Letras Clássicas na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), estagiária no projeto de extensão Contos de mitologia, com participações como atriz em apresentações do grupo Trupersa (2019). Tem interesse pelas áreas de literatura, teatro e estudos queer e de gênero.

Rafael Guimarães Tavares da Silva, Faculdade de Letras, Universidade Federal de Minas Gerais

Rafael Guimaraes Tavares da Silva (rafadaemon@ufmg.br; gtsilva.rafa@gmail.com) é estudante de Língua e Literatura Clássicas (Grego Antigo), doutorando no PÓS-LIT da UFMG, com interesses que vão da Filosofia e da História (Antigas e Contemporâneas) à Teoria da Literatura, além de teoria e prática da Tradução e da Educação. Trabalha diversos temas relacionados à literatura e ao teatro, em abordagens marcadas principalmente pelo viés da desconstrução e do pós-estruturalismo.

Referências

ANNIS, William. “Sappho: Fragment 31”. Aoidoi.org, 2004. Disponível em http://www.aoidoi.org/poets/sappho/sappho-31.pdf. Acesso em 02/11/2015.

AULOTTE, Robert. “Sur quelques traductions d’une ode de Sappho au XVIe siècle”. Bulletin de l’Association Guillaume Budé, Paris, n. 17, p. 107-122, dez. 1958. Disponível em https://www.persee.fr/doc/bude_1247-6862_1958_num_17_4_4178. Acesso em 26/12/2019.

BARBOSA, Tereza Virgínia Ribeiro. “Safo 31 Voigt: mil traduções e mais uma”. Revista da Anpoll, Florianópolis, v. 1, n. 44, p. 231-245, jan./abr. 2018.

BARBOSA, Tereza Virgínia Ribeiro. “Safo 31 Voigt: Uma tradução”. Contextura, Belo Horizonte, n. 10, p. 07-15, ago. 2017.

BUTLER, Judith. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Tradução de Renato Aguiar. 13. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2017.

DACIER, Madame. Les poesies d’Anacreon et de Sapho traduites de Grec en Français, avec des remarques par Madame Dacier. Nouvelle edition augmentée des notes latines de Mr. Le Fèvre. Amsterdam: Paul Marret, 1699.

FABRE-SERRIS, Jacqueline. “Anne Dacier (1681), Renée Vivien (1903): Or What Does It Mean for a Woman to Translate Sappho?”. In: WYLES, Rosie; HALL, Edith (Ed.). Women Classical Scholars: Unsealing the Fountain from the Renaissance to Jacqueline de Romilly. Oxford: Oxford University Press, 2016. p. 78-102.

FOUCAULT, Michel. Histoire de la sexualité. Paris: Gallimard, 1976.

HALLETT, Judith P.. “Feminist Theory, Historical Periods, Literary Canons, and the Study of Greco-Roman Antiquity”. In: RABINOWITZ, Nancy Sorkin; RICHLIN, Amy (Ed.). Feminist theory and the classics. New York; London: Routledge, 1993. p. 53-73.

HALLETT, Judith P.. “Sappho and Her Social Context: Sense and Sensuality”. In: GREENE, Ellen (Ed.). Reading Sappho: Contemporary Approaches. Berkeley: University of California Press, 1996. p. 125-142.

HERINGTON, John. Poetry into drama. Early tragedy and the Greek poetic tradition. Berkeley: University of California Press, 1985.

LANATA, Giuliana. “Sappho’s Amatory Language”. In: GREENE, Ellen (Ed.). Reading Sappho: Contemporary Approaches. Berkeley: University of California Press, 1996. p. 11-25.

LEFKOWITZ, Mary. “Critical Stereotypes and the Poetry of Sappho”. In: GREENE, Ellen (Ed.). Reading Sappho: Contemporary Approaches . Berkeley: University of California Press, 1996. p. 26-34.

MALTA, André. “Re-visão do amor em Safo ou Safo para além de Safo”. Anais de Filosofia Clássica, v. 12, n. 23, p. 96-106, 2018.

MARCOVICH, Miroslav. “Sappho, Fr. 31: Anxiety Attack or Love Declaration?”. Classical Quarterly, Cambridge, n. 66, p. 19-32, May 1972.

MCEVILLEY, Thomas. “Sappho, Fragment Thirty One: The Face behind the Mask”. Phoenix, Toronto, n. 32, p. 01-18, Mar./May 1978.

NOGUEIRA, Érico. Verdade, contenda e poesia nos Idílios de Teócrito. 2012. Doutorado (Programa de Pós-Graduação em Letras Clássicas) - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil.

O’HIGGINS, Dolores. “Sappho’s Splintered Tongue: Silence in Sappho 31 and Catullus 51”. American Journal of Philology, Baltimore, n. 111, p. 156-167, June/Aug. 1990.

RACE, William H. “‘That Man’ in Sappho fr. 31 L-P”. Classical Antiquity, v. 2, n. 1, p. 92-101, Apr. 1983.

RAGUSA, Giuliana. Fragmentos de uma deusa: A representação de Afrodite na lírica de Safo. Campinas: Editora da UNICAMP, 2005.

RAGUSA, Giuliana. Lira grega: antologia de poesia arcaica. Organização e tradução de Giuliana Ragusa. São Paulo: Hedra, 2013.

SEGAL, Charles. “Eros and Incantation: Sappho and Oral Poetry”. In: GREENE, Ellen (Ed.). Reading Sappho: Contemporary Approaches. Berkeley: University of California Press, 1996. p. 58-78.

SNELL, Bruno. A cultura grega e as origens do pensamento europeu. Tradução de Pérola de Carvalho. São Paulo: Perspectiva, 2012.

VIVIEN, Renée. Sapho. Traduction nouvelle avec le texte grec. Paris: Alphonse Lemerre, 1903.

WILAMOWITZ-MOELLENDORFF, Ulrich von. Sappho und Simonides: Untersuchungen über griechische Lyriker. Berlin: Weidmannsche Buchhandlung, 1913.

WINKLER, Jack. “Gardens of Nymphs: Public and Private in Sappho’s Lyrics”. In: GREENE, Ellen (Ed.). Reading Sappho: Contemporary Approaches. Berkeley: University of California Press, 1996. p. 89-112.

WOOLF, Virginia. A room of one’s own. Edited by David Bradshaw and Stuart N. Clarke. West Sussex: John Wiley & Sons Ltd, 2015.

Downloads

Publicado

2021-12-10

Como Citar

Anjos, S. C. B., & Silva, R. G. T. da. (2021). Violência, silêncio e revolta velada nas leituras de Safo (fr. 31 Voigt). Revista Estudos Feministas, 29(3). https://doi.org/10.1590/1806-9584-2021v29n371408

Edição

Seção

Artigos