A generificação dos corpos de atletas trans e políticas de biologização do sexo
DOI:
https://doi.org/10.1590/1806-9584-2021v29n279304Resumo
Objetivamos problematizar o esporte enquanto um dispositivo que interpela os corpos a partir de saberes biológicos e práticas biotecnológicas para a construção de gênero, sexo e sexualidade em atletas. Discutimos essas práticas em situações que envolveram tanto atletas mulheres como transexuais no cenário esportivo nacional e internacional, e os modos como se operaram testes para discernir a que categorias esses sujeitos deveriam pertencer no âmbito esportivo. Nessas situações, os recursos de categorização de sexo, em seus desdobramentos de gênero e sexualidade, foram sustentados sob a égide da biologia e das biotecnologias moleculares e gênicas. Consideramos que a biologia do corpo de atletas não deveria se colocar como recurso discursivo totalizante nas marcações identitárias desses sujeitos.
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