Nomes e pronomes na Língua Portuguesa: a questão sexista no idioma e na academia

Autores

DOI:

https://doi.org/10.1590/1806-9584-2021v29n374197

Resumo

Neste ensaio, discuto a invisibilidade de pesquisadoras por conta das normas da Língua Portuguesa e das normas de referenciação das publicações acadêmicas pelo viés de gênero com relação à creditação de mulheres. É regra geral, com exceção de algumas revistas feministas, que autores e autoras sejam apresentados em artigos, dissertações e teses pelo sobrenome, o que pode reduzir a percepção das mulheres que são citadas em pesquisas científicas. As discussões com relação ao sexismo do idioma, trazidas por vezes pela imprensa a partir de discussões sociais, são considerações aqui tratadas. A pergunta que surge é se pode haver um movimento de revisão da forma de creditar as mulheres em trabalhos científicos. Para tanto, após a revisão da literatura, haverá uma proposta de que a creditação das autoras mulheres seja feita de forma completa, com nome, sobrenome e uso dos pronomes adequados.

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Biografia do Autor

Sandra Nodari, Universidade Positivo, Universidade Fernando Pessoa, Universidade Federal do Paraná

Doutoranda em Ciências da Informação na Universidade Fernando Pessoa, no Porto, em Portugal, em co-tutela com a Universidade Federal do Paraná, estuda as vozes femininas nos telejornais brasileiros e portugueses, a partir do Lugar de Fala e faz parte do Núcleo de Estudos de Gênero da Universidade Federal do Paraná. Possui mestrado em Comunicação e Linguagens pela Universidade Tuiuti do Paraná e graduação em Comunicação Social Habilitação em Jornalismo pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (PR). É professora em regime Tempo Integral da Universidade Positivo onde leciona disciplinas ligadas ao audiovisual para o curso de Jornalismo, além de orientar projetos de Iniciação Científica e Trabalhos de Conclusão de Curso, desde 2011. Coordenou a Pós-Graduação em Produção Audiovisual e a especialização em Produção Audiovisual em Multiplataformas, também na Universidade Positivo. Coordena parcerias entre a Universidade Positivo e a TV É Paraná e o Canal Futura dirigindo e editando reportagens e séries de programas de TV. Foi professora da Universidade Tuiuti do Paraná entre 2003 e 2010. É autora do livro: Ônibus 174: a Relação entre Imagem e Voz no Telejornalismo e no Documentário. Como jornalista, já foi repórter, editora, produtora e apresentadora em emissoras de TV e Rádio. Hoje atua hoje como freelancer, também, em assessoria de imprensa. No cinema, tem experiência na produção, pesquisa, assistência de direção e roteiro de documentários.

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Publicado

2021-12-10

Como Citar

Nodari, S. (2021). Nomes e pronomes na Língua Portuguesa: a questão sexista no idioma e na academia. Revista Estudos Feministas, 29(3). https://doi.org/10.1590/1806-9584-2021v29n374197

Edição

Seção

Ponto de Vista