Deficiência como categoria do Sul Global: primeiras aproximações com a África do Sul
DOI:
https://doi.org/10.1590/1806-9584-2019v27n366923Resumen
Neste artigo são propostas aproximações com a temática da deficiência na África do Sul, a
partir da reflexão sobre o disability grant – um benefício para pessoas com deficiência que não possam trabalhar. O texto é resultado de uma pesquisa realizada a partir de interações com pesquisadores e pesquisadoras de universidades na Cidade do Cabo e região, em 2018. A produção sul-africana acerca da deficiência destaca-se no cenário internacional pela significativa história de ativismo e de elaboração de pesquisas e políticas de vanguarda. Embora ainda pouco acessada no Brasil, a tradição da África do Sul oferece referenciais teóricos e pontos de comparação etnográfica que nos ajudam a pensar a deficiência desde o Sul Global a partir de eixos mais densos que a afirmação de um ciclo de coprodução entre deficiência e pobreza, notando suas articulações constitutivas com dinâmicas raciais, espaciais e políticas.
Descargas
Citas
BARBOSA, Lívia; DINIZ, Debora; SANTOS, Wederson. “Diversidade corporal e perícia médica: novos contornos da deficiência para o Benefício de Prestação Continuada”. Revista Textos & Contextos, Porto Alegre, v. 8, n. 2, p. 377-390, jul./dez. 2009.
BLACK, David R.; MATOS-ALA, Jacqueline de. “Building a more inclusive South Africa: progress and pitfalls in disability rights and inclusion”. Third World Thematics: A TWQ Journal, v. 1, n. 3, p. 335-352, 2016.
BRASIL. Convenção sobre os direitos das pessoas com deficiência. UNESCO/Secretaria Especial de Direitos Humanos/Coordenadoria Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, 2007. Disponível em http://portal.mec.gov.br/component/docman/?task=doc_download&gid=424&Itemid=.
CONGRESS of the People at Kliptown. The Freedom Charter. Johannesburg, 25-26/06/1955. Disponível em https://disa.ukzn.ac.za/sites/default/files/DC%20Metadata%20Files/Gandhi-Luthuli%20Documentation%20Centre/TheFreedomCharter1955/TheFreedomCharter1955.pdf.
DAS, Veena. Life and Words: Violence and the descent into the ordinary. Berkeley/Los Angeles: University of California Press, 2007.
DIAS, Adriana. Por uma genealogia do capacitismo: da eugenia estatal a narrativa capacitista social. I SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE ESTUDOS SOBRE A DEFICIÊNCIA. SEDPcD/Diversitas/USP Legal, São Paulo, Anais..., 2013.
DINIZ, Debora. O que é deficiência? São Paulo: Editora Brasiliense, 2007.
DPSA. Disability Rights Charter of South Africa, 2013. Disponível em https://www.medbox.org/zadisability/disability-rights-charter-of-south-africa/preview?q=.
DUBBELD, Bernard. “How social security becomes social insecurity: Unsettled households, crisis talk and the value of grants in a KwaZulu-Natal village”. Acta Juridica, n. 1, p. 197-217, jan. 2013.
FASSIN, Didier. When Bodies Remember: Experience and Politics of AIDS in South Africa. Berkeley: University of California Press, 2007.
FIETZ, Helena Moura. Deficiência e práticas de cuidado: uma etnografia sobre “problemas de cabeça” em um bairro popular. 2016. Dissertação (Mestrado em Antropologia Social) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2016.
GAVÉRIO, Marco Antonio. “Nada sobre nós, sem nossos corpos! O local do corpo deficiente nos Disability Studies”. Revista Argumentos, Montes Claros, v. 14, n. 1, p. 95-117, 2017.
HANSEN, Camilla. “Ability in disability enacted in the National Parliament of South Africa”. Scandinavian Journal of Disability Research, v. 17, n. 3, p. 258-271, 2015.
HANSEN, Camilla; SAIT, Washeila. “We too are disabled”: disability grants and poverty politics in rural South Africa. In: EIDE, Arne H.; INGSTAD, Benedicte (Orgs.). Disability and Poverty: A Global Challenge. Portland: The Policy Press, 2011. p. 93-11.
HOWELL, Colleen; CHALKLEN, Schuaib; ALBERTS, Thomas. “A history of the disability rights movement in South Africa”. In: WATERMEYER, Brian et al. (Orgs.). Disability and Social Change: A South African Agenda. Cidade do Cabo: HSRC Press, 2006. p. 46-84.
KELLY, Gabrielle. Regulating access to the disability grant in South Africa, 1990-2013. Cidade do Cabo: Centre for Social Science Research, University of Cape Town, 2013.
KELLY, Gabrielle. Conceptions of Disability and Desert in the South African Welfare State: The Case of Disability Grant Assessment. 2016. Tese (Doutorado) – University of Cape Town, Cape Town, 2016.
LOPES, Pedro; MOUTINHO, Laura. “Uma Nação de Onze Línguas? Diversidade social e linguística nas novas configurações de poder na África do Sul”. Tomo, UFS, v. 20, p. 27-57, 2012.
LOPES, Pedro. Negociando Deficiências: identidades e subjetividades entre pessoas com “deficiência intelectual”. 2014. Dissertação (Mestrado em Antropologia Social) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2014.
LOPES, Pedro. “Deficiência como categoria analítica: Trânsitos entre ser, estar e se tornar”. Anuário Antropológico, n. I, p. 67-91, 2019.
MATEBENI, Zethu. “Perspectivas do Sul sobre relações de gênero e sexualidades: uma intervenção queer”. Revista de Antropologia, São Paulo, v. 60, n. 3, p. 26-44, dez. 2017.
MBEKI, Thabo. Speech by Deputy President Thabo Mbeki at the official opening of the Perkins Brailler Project, 16/01/1998. Disponível em https://www.mbeki.org/2016/06/06/speech-at-the-officialopening-of-the-perkins-brailler-project-19980116/. Acesso em 10/06/2018.
MEINERZ, Nádia Elisa. “Corpo e outras (de)limitações sexuais. Uma análise antropológica da revista Sexuality and Disability entre os anos de 1996 e 2006”. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 25, n. 72, p. 117-178, fev. 2010.
MELLO, Anahí Guedes de. “Deficiência, incapacidade e vulnerabilidade: do capacitismo ou a preeminência capacitista e biomédica do Comitê de Ética em Pesquisa da UFSC”. Ciência & Saúde Coletiva, v. 21, n. 10, p. 3265-3276, 2016.
MELLO, Anahí Guedes de; NUERNBERG, Adriano Henrique. “Gênero e deficiência: interseções e perspectivas”. Revista Estudos Feministas, v. 20, n. 3, p. 635-655, 2012.
MELLO, Anahí Guedes de; GAVÉRIO, Marco Antonio. “Facts of cripness to the Brazilian: Dialogues with Avatar, the film”. Anuário Antropológico, v. 44, n. 1, p. 43-65, jun. 2019.
MOUTINHO, Laura. Razão, “Cor” e Desejo: uma análise comparativa sobre relacionamentos afetivosexuais “inter-raciais” no Brasil e na África do Sul. São Paulo: EDUNESP, 2004a.
MOUTINHO, Laura. “Condenados pelo desejo? Razões de estado na África do Sul”. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 19, n. 56, p. 95-112, 2004b.
MOUTINHO, Laura. “The other side? Das implicações morais de certos horizontes imaginativos na África do Sul”. Anuário Antropológico, Brasília, UnB, v. 40, n. 2, p. 77-97, 2015.
MOUTINHO, Laura. Des braves gens qu’ils aiment de détester ensemble. 2017. Tese (Livre Docência) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2017.
MOUTINHO, Laura; LOPES, Pedro; ZAMBONI, Marcio; RIBAS, Mario; SALO, Elaine. “Retóricas Ambivalentes: ressentimentos e negociações em contextos de sociabilidade juvenil na Cidade do Cabo (África do Sul)”. Cadernos Pagu, n. 35, p. 139-176, 2010.
MOUTINHO, Laura; MATTOS, Ruben (Orgs.). “Dossiê – A prevenção do HIV/Aids em diferentes contextos culturais e nacionais”. Physis, v. 19, n. 2, 2009.
MOUTINHO, Laura; TRAJANO FILHO, Wilson; LOBO, Andréa. “Dossiê Olhares Cruzados para a África: Trânsitos e mediações – Algumas reflexões”. Revista de Antropologia, São Paulo, v. 60, n. 3, p. 7-25, dec. 2017.
NATTRASS, Nicoli. “Trading off Income and Health?: AIDS and the Disability Grant in South Africa”. Journal of Social Policy, n. 35, p. 3-19, 2006.
NATTRASS, Nicoli. The AIDS Conspiracy: Science Fights Back. Nova York: Columbia University Press, 2012.
PENALVA, Janaína; DINIZ, Debora; MEDEIROS, Marcelo. “O Benefício de Prestação Continuada no Supremo Tribunal Federal”. Revista Sociedade e Estado, v. 25, n. 1, p. 53-70, jan./abr. 2010.
ROHLEDER, Poul; SWARTZ, Leslie; EIDE, Arne Henning; MacGREGOR, Hayley. “HIV/AIDS and Persons with Disabilities”. In: ROHLEDER, Poul et al. (Orgs.). HIV/Aids in South Africa 25 Years On: Psychosocial Perspectives. Nova York e Londres: Springer, 2009. p. 289-304.
ROWLAND, William. Nothing about Us without US: Inside the Disability Rights Movement of South Africa. Cidade do Cabo: Unisa Press, 2004.
SANTOS, Gustavo Gomes da Costa. “Aids, Política e Sexualidade: refletindo sobre as respostas governamentais à Aids na África do Sul e no Brasil”. Physis, v. 19, n. 2, p. 283-300, 2009.
SASSA. Social Grants. South African Social Security Agency, África do Sul. Disponível em https://www.sassa.gov.za/. Acesso em 22/11/2018.
SASSAKI, Romeu Kazumi. “Nada sobre nós, sem nós: Da integração à inclusão – Parte 1”. Revista Nacional de Reabilitação, ano X, n. 57, p. 8-16, jul./ago. 2007a.
SASSAKI, Romeu Kazumi. “Nada sobre nós, sem nós: Da integração à inclusão – Parte 2”. Revista Nacional de Reabilitação, ano X, n. 58, p. 20-30, set./out. 2007b.
SECRETARIA NACIONAL DE PROMOÇÃO DOS DIREITOS DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA. Cartilha do Censo 2010 – Pessoas com Deficiência. Texto de Luiza Maria Borges Oliveira. Brasília: Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR)/Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência (SNPD), 2012.
SEGAR, Julia. “Negotiating Illness: Disability Grants and the Treatment of Epilepsy”. Medical Anthropology Quarterly, v. 8, n. 3, p. 282-98, 1994.
SILVA, Janaína Lima Penalva da; DINIZ, Debora. “Mínimo social e igualdade: deficiência, perícia e benefício assistencial na LOAS”. Revista Katálysis, Florianópolis, v. 15, n. 2, p. 262-269, jul./dez. 2012.
SIMÕES, Julian. Assexuados, libidinosos ou um paradoxo sexual? Gênero e sexualidade em pessoas com deficiência intelectual. 2014. Dissertação (Mestrado em Antropologia Social) – Unicamp, Campinas, 2014.
STATISTICS SOUTH AFRICA. Census 2011: Profile of Persons with Disabilities in South Africa. Pretoria: Statistics South Africa, 2014.
SWARTZ, Leslie; SCHNEIDER, Marguerite. “Tough choices: disability and social security in South Africa”. In: WATERMEYER, Brian et al. (Orgs.). Disability and Social Change: A South African Agenda. Cidade do Cabo: HSRC Press, 2006. p. 234-244.
SWARTZ, Leslie; SCHNEIDER, Marguerite; ROHLEDER, Poul. “HIV/AIDS and disability: new challenges”. In: WATERMEYER, Brian et al. (Orgs.). Disability and Social Change: A South African Agenda. Cidade do Cabo: HSRC Press, 2006. p. 108-115.
TIRIBA, Thais; MOUTINHO, Laura. “‘Olhares compartilhados’: (des)continuidades, interseccionalidade e desafios da relação Sul-Sul. Entrevista com Zethu Matebeni”. Revista de Antropologia, São Paulo, v. 60, n. 3, p. 181-185, dez. 2017.
TRAJANO FILHO, Wilson. “Outros rumores de identidade na Guiné-Bissau”. Série Antropologia, Brasília, DAN-UnB, n. 279, 2000.
TUTU, Desmond. No future Without Forgiveness. Nova York: Doubedlay, 1999.
VERGUNST, Richard; SWARTZ, Leslie; MJI, Gubela; MacLACHLAN, Malcolm; MANNAN, Hasheem. “You must carry your wheelchair” – barriers to accessing healthcare in a South African rural area. Global Health Action, v. 8, n. 1, p. 1-8, 2015.
WENDELL, Susan. “Unhealthy Disabled: Treating Chronic Illnesses as Disabilities”. In: DAVIS, Lennard (Org.). The Disability Studies Reader. 4. ed. Nova York/Oxon: Routledge, 2013. p. 161-176.
WHO. World Health Organization. The International Classification of Functioning, Disability and Health. Geneva: ICF, 2001. Disponível em http://www.who.int/classifications/icf/en/.
Descargas
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia
La Revista Estudos Feministas está bajo licencia de la Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional (CC BY 4.0) que permite compartir el trabajo con los debidos créditos de autoría y publicación inicial en este periódico.
La licencia permite:
Compartir (copiar y redistribuir el material en cualquier medio o formato) y/o adaptar (remezclar, transformar y crear a partir del material) para cualquier propósito, incluso comercial.
El licenciante no puede revocar estos derechos siempre que se cumplan los términos de la licencia. Los términos son los siguientes:
Atribución - se debe otorgar el crédito correspondiente, proporcionar un enlace a la licencia e indicar si se han realizado cambios. Esto se puede hacer de varias formas sin embargo sin implicar que el licenciador (o el licenciante) haya aprobado dicho uso.
Sin restricciones adicionales - no se puede aplicar términos legales o medidas de naturaleza tecnológica que restrinjan legalmente a otros de hacer algo que la licencia permita.