“Maternidade guerreira”: responsabilização, cuidado e culpa das mães de jovens encarcerados
DOI:
https://doi.org/10.1590/1806-9584-2021v29n270109Resumen
No presente estudo, visamos lançar um olhar antropológico sobre o “ser mãe” do outro lado dos muros das prisões, o lado das visitantes, ou seja, das mulheres cujos filhos estão presos. As percepções e reflexões apresentadas são provenientes de uma pesquisa etnográfica sobre mães de jovens envolvidos com a “criminalidade”, realizada na cidade de Porto Velho-RO, entre os anos de 2014 e 2016. O estudo parte da problematização do estigma de “criminoso” atribuído ao filho e que passa a ser associado à identidade materna, evidenciando uma dupla pressão exercida sobre as ideias de cuidado de mãe: culpa e responsabilização tanto pelos atos, como pelo acompanhamento do filho encarcerado. Essa situação, comum com outras mães, favorece a formação de uma rede de cuidados, concomitante à experiência de se submeter aos procedimentos de segurança, marcada por questões de gênero, estigma e violência.
Descargas
Citas
ARIÈS, Philippe. História Social da Família e da Criança. Rio de Janeiro: LTC, 1975.
BADINTER, Elisabeth. Um Amor Conquistado: o mito do amor materno. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1993 [1985].
BEAUVOIR, Simone. O Segundo Sexo: A experiência Vivida. Difusão Europeia do Livro: São Paulo, 1967.
BOURDIEU, Pierre. O Poder Simbólico. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil S/A., 1989.
BOURDIEU, Pierre. A dominação masculina. 4. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1999.
BOWLBY, John. “Uma base segura: implicações clínicas da teoria do apego”. Artes Médicas, Porto Alegre, p. 17-32, 1989.
CHODOROW, Nancy. “Estrutura Familiar e Personalidade Feminina”. In: ROSALDO, Michelle; LAMPHERE, Louise (Orgs.). A mulher, a cultura e a sociedade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979. p. 65-94.
DEL PRIORE, Mary. Ao sul do corpo. Condição feminina, maternidade e mentalidades no Brasil colônia. São Paulo: Escuta, 1993.
FONSECA, Cláudia. “Concepções de família e práticas de intervenção: Uma contribuição antropológica”. Saúde e Sociedade, v. 14, p. 50-59, 2005.
FORNA, Aminatta. Mãe de todos os mitos: como a sociedade modela e reprime as mães. Rio de Janeiro: Ediouro, 1999.
GEERTZ, Clifford. A interpretação das Culturas. Rio de Janeiro: LTC, 2008.
GUIMARÃES, Nadya; HIRATA, Helena; SUGITA, Kurumi. “Cuidado e Cuidadoras: O Trabalho de care no Brasil, França e Japão”. Sociologia & Antropologia, v. 01, p. 151-180, 2011.
KITZINGER, Sheila. Mães. Um estudo antropológico da maternidade. Lisboa: Ed. Presença, 1978.
LOBO, Andreia. “Um filho para duas mães? Notas sobre a maternidade em Cabo Verde”. Revista de Antropologia, USP, São Paulo, v. 53, n. 01, p. 117-145, 2010.
MOORE, Henrietta. “Compreendendo sexo e gênero”. (mimeo) Do original em inglês: “Understanding sex andgender”. In: INGOLD, Tim (Ed.). Companion Encyclopedia of Anthropology. Londres: Routledge, 1997. p. 813-830.
ORTNER, Sherry. “Está a mulher para o homem assim como a natureza para acultura?”. In: ROSALDO, Michelle; LAMPHERE, Louise (Orgs.). A mulher, a cultura e a sociedade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979. p. 95-120.
RICH, Adrienne. Of woman born. Motherhood as experience and institution. 3. ed. London: Virago, 1981.
ROSS, Lynda. “Reading Ursula Bowlby’s Letters (1939-1940): A Chronicle of First Time Motherhood”. Journal of the Motherhood Initiative, v. 5, n. 1, 2014.
SCAVONE, Lucila. “A maternidade e o feminismo: diálogo com as ciências sociais”. Cadernos Pagu, n. 16, p. 137-150, 2001.
SCOTT, Joan. “Gênero: uma categoria útil de análise história”. Educação & Realidade, Porto Alegre, v. 20, n. 2, p. 71-99, jul./dez. 1995.
SORJ, Bila. “O care como um regime estratificado: implicações de gênero e classe social cuidado e cuidadoras”. In: HIRATA, Helena; GUIMARÃES, Nadya (Orgs.). As várias faces do trabalho da Care. São Paulo: Atlas, 2012.
SOUZA, Érica. Necessidade de filhos: Maternidade, família e (homo)sexualidade. 2005. Doutorado - Universidade de Campinas, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Campinas, SP, Brasil.
VIANNA, Adriana; FARIAS, Juliana. “A guerra das mães: dor e política em situações de violência institucional”. Cadernos Pagu, n. 37, p. 79-116, 2011.
ZANELLO, Valeska. “Dispositivo materno e processos de subjetivação: desafios para a Psicologia”. In: ZANELLO, Valeska; PORTO, Magde (Orgs.). Aborto e (não) desejo de maternidades: questões para a psicologia. Brasília: Conselho Federal de Psicologia, 2016. p. 103-122.
Descargas
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia
Derechos de autor 2021 Revista Estudos Feministas
![Creative Commons License](http://i.creativecommons.org/l/by/4.0/88x31.png)
Esta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Atribución 4.0.
La Revista Estudos Feministas está bajo licencia de la Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional (CC BY 4.0) que permite compartir el trabajo con los debidos créditos de autoría y publicación inicial en este periódico.
La licencia permite:
Compartir (copiar y redistribuir el material en cualquier medio o formato) y/o adaptar (remezclar, transformar y crear a partir del material) para cualquier propósito, incluso comercial.
El licenciante no puede revocar estos derechos siempre que se cumplan los términos de la licencia. Los términos son los siguientes:
Atribución - se debe otorgar el crédito correspondiente, proporcionar un enlace a la licencia e indicar si se han realizado cambios. Esto se puede hacer de varias formas sin embargo sin implicar que el licenciador (o el licenciante) haya aprobado dicho uso.
Sin restricciones adicionales - no se puede aplicar términos legales o medidas de naturaleza tecnológica que restrinjan legalmente a otros de hacer algo que la licencia permita.