A autotradução como método de reflexão em Flusser
DOI:
https://doi.org/10.5007/1980-4237.2011n9p168Resumo
A ideia de que a tradução seja uma forma privilegiada de leitura e crítica e, como tal, possa contribuir para a própria escrita e para a literatura não é nova: remonta ao início da história da tradução literária ocidental. Ao longo dessa história, diversos escritores utilizaram a autotradução como uma ferramenta de escrita. O filósofo tcheco-alemão-judeu-brasileiro Vilém Flusser desenvolveu um método de reflexão e escrita que consistia em autotraduzir e retraduzir sistematicamente seus ensaios recorrendo a quatro línguas: alemão, português, inglês e francês. O presente artigo analisa essa prática de autotradução e retradução, que possibilitava a Flusser ganhar um distanciamento crítico e uma abertura de novas perspectivas para o tema a ser tratado. Essa prática dialógica, semelhante à epoché de Husserl e ao pilpul dos talmudistas, introduz, nas palavras de Bento Prado, “a pluralidade e a diferença na unidade e na identidade do próprio sujeito”.
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