Edições bilíngue (português/francês) e unilíngue (francês) de “O Alienista” de Machado de Assis: domesticação, estrangeirização e modalidades linguísticas em duas traduções de mesma autoria

Autores

  • José Roberto Andrade Féres Universidade Federal da Bahia

DOI:

https://doi.org/10.5007/1980-4237.2013n14p152

Resumo

Este artigo analisa duas traduções d'O Alienista, de Machado de Assis, para a língua francesa, ambas feitas pela mesma tradutora, Maryvonne Lapouge-Pettorelli, uma delas publicada em uma edição bilíngue (português/francês) e a outra em uma edição unilíngue (francês). O objetivo é investigar, a partir dos termos de Lawrence Venuti, se uma delas seria mais estrangeirizadora ou domesticadora que a outra, sobretudo por se conjeturar que uma edição bilíngue geralmente apresente estratégias que pendem para a estrangeirização, já que o seu consumidor tende a ter um maior interesse pela língua e pela cultura estrangeira que o consumidor de uma edição unilíngue. Para tal estudo, faz-se um breve exame dos elementos paratextuais das edições em questão e, lançando-se mão da teoria semântica de Bernard Pottier sobre a modalização, analisam-se as modalidades linguísticas (que são, segundo Maria Helena de Araújo Carreira, as marcas materiais da subjetividade do enunciador) apresentadas no texto original em comparação com aquelas que figuram nas duas traduções, buscando-se dali depreender o grau de subjetividade da própria tradutora em cada uma das edições. Recorre-se a tal teoria pelo fato de que, ao contrário do tradutor estrangeirizador, o domesticador toma uma maior liberdade para adaptar o original à sua própria língua e cultura, para se distanciar da subjetividade do autor e, por conseguinte, deixar marcas de sua própria subjetividade na tradução.

ABSTRACT

This paper analyzes two translations of O Alienista (by Machado de Assis) into French, both made by the same translator, Maryvonne Lapouge-Pettorelli, one published in a bilingual edition (Portuguese/French) and the other in a monolingual edition (French). The aim is to investigate, through the terms of Lawrence Venuti, if one of them would be more foreignizing or domesticating than the other, especially from the conjecture that a bilingual edition presents strategies that usually lean to foreignization, as its consumer tends to have a greater interest in the foreign language and culture than the consumer of a monolingual edition. For this study, a brief examination of the paratextual elements of the editions is made and, based on Bernard Pottier's semantic theory about modalization, the linguistic modalities (which are, according to Maria Helena de Araújo Carreira, the material marks of the enunciator’s subjectivity) presented in the original text and compared with those contained in the two translations are analyzed, in the attempt to infer from it the degree of subjectivity of the translator itself in each edition. What justifies the use of this theory is the fact that, unlike the foreignizing translators, the domesticating ones take greater freedom to adapt the original text to their own language and culture, to distance themselves from the author's subjectivity and therefore leave the marks of their own subjectivity in the translation.

Keywords: Alienista; Translation; Foreignization; Domestication; Modalization

Biografia do Autor

José Roberto Andrade Féres, Universidade Federal da Bahia

Graduado em Letras pela Universidade Federal de Minas Gerais (Português e Francês) (2006), mestre em Literatura comparada - Université Paris IV (Paris-Sorbonne) (2011) e mestre em Tradução literária - Université Paris 8 (Vincennes - Saint-Denis) (2011). Atualmente doutorando em Literatura e Cultura (com foco em Tradução) na Universidade Federal da Bahia. Experiência na área de Letras, com ênfase em Língua Francesa e Portuguesa. Professor de língua francesa, tradutor e poeta, autor de A coesia das coisas (2006).

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Publicado

2013-12-15

Edição

Seção

Estudos Machadianos