O homem que não estava lá e a volta dos que não foram: tradução e autoria a partir de Barthes, Foucault e Agamben
DOI:
https://doi.org/10.5007/%25xResumo
Partindo dos textos "A morte do autor" (Roland Barthes), "O que é um autor?" (Michel Foucault) e "O autor como gesto" (Giorgio Agamben), pretende-se demonstrar que, apesar de a impessoalização da escrita e a relativização/o alargamento da autoria serem temas desses trabalhos, o tradutor não foi levado em conta nesse campo de forças. Embora esses autores tenham alargado o campo da escrita, ao colocarem em cena atores antes desprestigiados – a escrita em si mesma e o leitor –, o tradutor continuou ignorado – permaneceu tabu. Tais constatações provocam a revolta de alguns, mas a verdade é que esses autores trabalharam no campo do possível – do que estava posto como possível em seus contextos; afinal, se a literatura reivindicou sua autonomia ao menos desde o romantismo, a tradução ainda não conquistou esse status, pois foi durante muito tempo (e para muitos ainda é) considerada subliteratura (século XVI), subcrítica (século XIX) e uma linguística ou poética aplicadas (século XX). Seguindo esses trabalhos e também Leonor Arfuch e Lawrence Venuti, outros pontos serão colocados: (1) o autor, como queria Barthes, não morreu; (2) a afirmação de desaparição do autor e a tentativa de matá-lo não eram legítimas, em certa medida; (3) a não morte do autor foi também um dos fatores que impediram a entrada em cena do tradutor. Assim, buscar-se-á problematizar pressupostos basilares de Barthes, Foucault e Agamben, para recuperar à autoria elementos que lhe foram arrebatados e vislumbrar o quadro a que pertencem tradutor e tradução.
ABSTRACT
Based on the texts “Death of the Author” (Roland Barthes), “What is an author?” (Michel Foucault), and “The Author as Gesture” (Giorgio Agamben), this study aims at showing that even though the impersonalization of writing and the relati-vization/broadening of authorship are the themes in these studies, the translator was not taken into account. Although these authors have broadened the field of writing, when they put on stage actors who had been discredited – writing itself and the reader – the translator remained ignored, a taboo. This fact may anger some, but the truth is that these authors worked within their possibilities, within what was attainable in their settings. After all, if literature has claimed its autonomy at least since Romanticism, translation has not yet achieved this status. For a long time, it was – or has been, for many – considered subliterature (16th century), subcriticism (19th century), and applied linguistics or poetry (20th century). Following these studies, as well as Leonor Arfuch and Lawrence Venuti’s, other points will also be highlighted, such as (1) the author, as Barthes wanted, is not dead; (2) the affirmation of the author’s disappearance and the attempt of killing him were not authentic, to a certain extent; (3) the author’s non-death was also one of the factors that prevented the translator from coming onto stage. Therefore, this study aims at questioning Barthes, Foucault and Agamben’s fundamental premises in order to recover elements that have been taken from authorship and glimpse at the picture to which the translator and translation belong.
Keywords: Translation; Translator; Author-ship.
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