Fernando Pessoa: a vida como fingimento, a palavra como performance
DOI:
https://doi.org/10.5007/1807-9288.2024.e102797Palavras-chave:
Fernando Pessoa, Performance, Heteronímia, IdentidadeResumo
Este ensaio tem como premissa, a partir de Maurice Blanchot, a potência da palavra literária não como meio tão somente, mas como uma realidade fundada em si. Nesse sentido, aproximo as noções de heteronímia e performance ao propor uma chave de leitura que interpreta a poética pessoana como percursora de uma prática de performatividade no âmbito da poesia anterior ao seu aparecimento no teatro, que ultrapassa a teatralidade existentes na lírica portuguesa desde o medievo. Na poética de Fernando Pessoa, constata-se uma “fábrica de mitos do escritor”, mitos que estou entendendo aqui como realidades criadas a partir da palavra e da ficção. Para tanto, proponho o diálogo com quatro nomes principais: Paul Zumthor, Josette Féral, Erika Fischer-Lichte e Diana Klinger, autor e autoras que se debruçaram sobre o conceito de performance em linguagens diferentes, mas sempre levando em conta esse outro mundo criado no instante das diferentes ações performartivas.
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