Do arcade ao texto: arquivologia digital afetiva e o percurso tradutório de Lucky Wander Boy
DOI:
https://doi.org/10.5007/1807-9288.2025.e106789Palavras-chave:
Literatura contemporânea, Videogames, Jogos eletrônicos, Tradução, IntermidialidadeResumo
O trabalho investiga interseções entre jogos eletrônicos e literatura a partir de propostas de tradução para excertos do romance Lucky Wander Boy (2003), de D. B. Weiss, obra ainda inédita em língua portuguesa. O romance narra a fixação de seu protagonista em estabelecer um catálogo de obras pioneiras da indústria de jogos, exigindo do leitor – e, por extensão, do tradutor – familiaridade com linguagens híbridas que mesclam afetos pessoais, jargões tecnológicos e camadas de referências aos video games da década de 1980. Partindo do fato de que o texto incorpora referências à cultura digital e ao universo dos jogos, propõe-se uma reflexão, mediada aqui por meio da tradução comentada em tabelas contrastivas, acerca dos desafios impostos quando essas terminologias são transpostas a um contexto literário. Para ilustrar tais desafios, o livro é aqui apresentado a partir das entradas desse catálogo ficcional dedicadas a Microsurgeon (1982), Donkey Kong (1981) e Pac-Man (1980), jogos que funcionam como eixos simbólicos na obra, destacando estratégias para preservar ambiguidades e camadas de significado vinculadas à cultura digital. O estudo sugere que obras como a de Weiss demandam um diálogo interdisciplinar, no qual as humanidades digitais, teoria da literatura e estudos da tradução cooperam para equilibrar tensões entre precisão técnica e expressividade literária.
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