Reflexões sobre as atividades de Língua Portuguesa Escrita (LPE) em contexto de escola bilíngue para surdos
DOI:
https://doi.org/10.5007/1984-8420.2020v21n2p46Resumo
Neste artigo, apresentam-se reflexões a partir do estudo de Maquieira (2018)[1], que se voltou a atividades de língua portuguesa escrita (LPE) em sala de aula para crianças surdas, matriculadas em uma turma multisseriada de 2° e 3° anos do Ensino Fundamental, em escola pública bilíngue para surdos, localizada na região metropolitana de Porto Alegre/RS. Objetiva-se, com este artigo, refletir sobre atividades de LPE voltadas a alunos surdos e (re)pensar a natureza dessas propostas para que possam contribuir ainda mais para novas ofertas para o ensino e o aprendizado da(s) língua(s). Partimos de dados abordados na pesquisa de Maquieira (2018) com base em registros de observações em sala de aula, por meio de fotos e vídeos, além de relatórios descritivos. Para este artigo, serão consideradas atividades de LPE dos estudantes em foco, a partir das “Ideias para ensinar português para surdos”, produzidas por Quadros e Schmiedt (2006), pois apresentam a perspectiva de ensino bilíngue para a criança surda, com vista às diferenças linguísticas e socioculturais. Para a análise, considera-se, sob a ótica de Antunes (2003, 2007, 2009), a língua como atividade que abarca o uso não somente baseado no léxico e na gramática, mas também no desenvolvimento de textos que inclui situações de interação de LPE. Entendemos que as propostas de atividades de ensino de escrita para surdos tendem a considerar a LPE como primeira língua e, para significar esse tipo de ensino, é preciso descrever ambas as línguas, numa visão comparativa/associativa para apresentar as particularidades de cada uma, situando suas respectivas funções, antes mesmo da construção das atividades de LPE em sala de aula.
[1] Dissertação de Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada da Unisinos.
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