Formação docente nos cursos de licenciatura em Letras/UEPG: um olhar à luz das teorias dialógica e histórico-cultural

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/1984-8420.2021e71023

Resumo

Este trabalho visa apresentar uma reflexão sobre a formação docente nos cursos de licenciatura em Letras da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), focalizando-a como trabalho educativo, atividade pela qual “o homem transforma a natureza e a si próprio” (DUARTE, 1998, p. 104). Nessa dimensão, as discussões ora propostas corroboram a ideia de educação escolar como promotora do desenvolvimento humano, uma vez que esse desenvolvimento se concretiza nas interações sociais, as quais, por sua vez, são sempre mediadas por signos (signos ideológicos). O currículo desses cursos considera que “as ações com a linguagem se manifestam a cada passo do processo pedagógico” (BRITTO, 2007, p. 67), na medida em que esse processo é articulado na interação comunicativa entre professor, aluno e objeto(s) de conhecimento. Considerando esse contexto específico de formação, estabelecemos como subsídio para as reflexões propostas a análise de planejamentos de disciplina, denominados na referida instituição “Programa de Disciplina”, compreendendo-os como um movimento de “prévia-ideação” que caracteriza a natureza do trabalho na perspectiva de Leontiev (1978). Foi possível observar que esses planejamentos se materializam em gêneros de discurso, instrumentos reveladores de uma proposta de trabalho a ser executada entre sujeitos historicamente situados. Assumindo, portanto, a atividade docente como trabalho educativo mediado por língua(gem), na medida em que esse processo é articulado por signos ideológicos, pela palavra-texto, palavra-enunciado, as discussões e análises ora apresentadas estão ancoradas na perspectiva dialógica e histórico-cultural dos estudos da linguagem.

Biografia do Autor

Eliane Santos Raupp, Universidade Estadual de Ponta Grossa - UEPG

Professora na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG/Paraná). Departamento de Estudos da Linguagem. Área: Linguística Aplicada. Mestre em Letras - UEM. Doutoranda em Linguística - UFSC.

Referências

ACOSTA-PEREIRA, R; RODRIGUES, R. H. Por uma análise dialógica do discurso: reflexões. In: ALVES, M. P. C.; VIAN JÚNIOR, O. (Org.). Práticas discursivas: olhares da Linguística Aplicada. Natal: EDUFRN, 2015. p. 61 - 84.

ACOSTA-PEREIRA, R. O gênero carta de conselhos em revistas online: na fronteira entre o entretenimento e a autoajuda. 2012, 261f. Tese (Doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Comunicação e Expressão. Programa de Pós-Graduação em Linguística. Florianópolis: UFSC, 2012.

BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. Tradução do russo por Paulo Bezerra. 6. ed. São Paulo: Editora Martins Fontes, 2011 [1979].

BAKHTIN, M. [VOLOCHÍNOV, V. N.]. Marxismo e filosofia da linguagem: problemas fundamentais do método sociológico na ciência da linguagem. Tradução do francês por Michel Lahud e Yara Frateschi Vieira. 16.ed. São Paulo: Hucitec, 2014[1929].

BORGES, R. C. M. B. O professor reflexivo-crítico como mediador do processo da leitura – escritura. In: PIMENTA, S. G. ; GUEDIN, E. (Orgs.) Professor reflexivo no Brasil: gênese e

crítica de um conceito. 7 ed. São Paulo: Cortez, 2012.

BRASIL. Diretrizes Curriculares Nacionais dos Cursos de Letras. MEC, 2015. Disponível em: < http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/CES0492.pdf>. Acesso em: 28 de Set, 2019.

BRASIL. Parecer CNE/CES nº492, de 3 de abril de 2001a. Estabelece as diretrizes Curriculares Nacionais dos cursos de Filosofia, História, Geografia, Serviço Social, Comunicação Social, Ciências Sociais, Letras, Biblioteconomia, Arquivologia e Museologia. Diário Oficial da União de 9/7/2001, Seção 1e, p. 50.

BRITTO, L, P. L. Inquietudes e desacordos: a leitura além do óbvio. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2012.

BRITTO, L. P. L. Ensino da leitura e da escrita numa perspectiva transdisciplinar. In CORREA, D. A; SALEH, P. B. O (orgs). Práticas de letramento no ensino: leitura, escrita e discurso. São Paulo: Parábola Editorial, 2007.

BRITTO, L. P. L. Ensino escolar da língua portuguesa como política linguística: ensino de escrita x ensino de norma. Revista Internacional Iberoamericana (RILI). V II, n. 1(3), 2004, p. 119-140.

BORTONI-RICARDO, S. M. O professor pesquisador: introdução à pesquisa qualitativa. São Paulo: Parábola Editorial. 2008.

COUTO, L. P. A pedagogia universitária nas propostas inovadoras de universidades brasileiras: por uma cultura da docência e construção da identidade docente. 2013, 188 f. Tese (Doutorado). Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, 2013.

COUTO, L. P. et al. Uma proposta de projeto político-pedagógico para as licenciaturas em Letras da Universidade Estadual de Ponta Grossa. 2012. DOI: 10.5212/MuitasVozes.v.2i1.0007

DUARTE, N. Relações entre ontologia e epistemologia e a reflexão filosófica entre o trabalho educativo. Perspectiva. Florianópolis, v 16, n. 29, p. 99-116, 1998.

DUARTE, N; MARTINS, L. M. As contribuições de Aleksei Nikolaevich Leontiev para o entendimento da relação entre educação e cultura em tempos de relativismo pós-moderno. In: Olga Maria dos Reis Ferro; Zaira de Andrade Lopes. (Org.). Educação e Cultura: lições históricas do universo pantaneiro. 1ed.Campo Grande: Editora da UFMS, 2013, v., p. 49-74.

LEONTIEV, A. N. Atividade, consciência y personalidad. Buenos Aires, Ciências Del Hombre, 1978.

MARTINS, L. M. O que ensinar? O patrimônio cultural humano como conteúdo de ensino e a formação da concepção de mundo no aluno. In PASQUALINI, J. C.; TEIXEIRA, L. A.; AGUDO, M. M. Pedagogia Histórico-Crítica: legado e perspectivas. Uberlândia. Navegando Publicações, 2018. p. 83-98.

MARTINS, L. M. A internalização de signos como intermediação entre a psicologia histórico cultural e a pedagogia histórico-crítica. Germinal: Marxismo e Educação em Debate, Salvador, v. 7, n. 1, p. 44-57, jun. 2015.

MARSIGLIA, A. C. G. Relações entre o desenvolvimento infantil e o planejamento de ensino. In: MARTINS, L. M.; DUARTE, N. (orgs). Formação de professores: limites contemporâneos e alternativas necessárias. Apoio Técnico Ana Carolina Galvão Marsiglia, 2010. p. 99-120.

OLIVEIRA, A. Linguística aplicada, o círculo de Bakhtin e o ato de conhecer: afinidades eletivas são possíveis? In: RODRIGUES, R.; ACOSTA-PEREIRA, R. (Orgs.). Estudos dialógicos da linguagem e pesquisas em linguística Aplicada. São Carlos: Pedro & João, 2016, (p. 47 a 65).

SAVIANI, D. Pedagogia Histórico-Crítica: primeiras aproximações. 8. Ed. Campinas: Autores Associados, 2003.

Downloads

Publicado

2021-05-21