Designações para curau/canjica sem coco e a transição entre os falares nortista, nordestino e centroestino
uma comparação entre os dados do ALIB e do ALiTETTO
DOI:
https://doi.org/10.5007/1984-8420.2022.e78569Palabras clave:
Dialetologia Pluridimensional, Projeto ALiB, ALiTETTO, Alimentação e Cozinha, Curau/canjica sem cocoResumen
O milho, ao lado da soja, constitui boa parte do cultivo de grãos no território brasileiro e seu aproveitamento vai desde o consumo humano à fabricação de derivados, tais como álcool, amido, óleos, dentre outros. Sua ampla disseminação como base alimentar na cozinha brasileira data do Brasil Colônia, período em que o cereal era utilizado pelos sertanistas, uma vez que seu plantio é de fácil manejo e compõe fonte importante de carboidrato para as funções dos desbravadores e dos animais. Atualmente, o milho in natura é usado como base de vários pratos brasileiros, tanto doces como salgados; tais iguarias recebem, a depender da região, nomeações diversas. Nesse contexto, este artigo apresenta as designações para a iguaria doce comumente conhecida por curau/canjica (sem coco), documentadas a partir do questionamento aplicado pelos inquiridores do Projeto Atlas Linguístico do Brasil (ALiB) nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, em cotejo aos dados registrados no Atlas Linguístico Topodinâmico e Topoestático do Tocantins (ALiTETTO). O intuito geral do trabalho é o de averiguar a diatopia das designações e como o Tocantins, Estado que estabelece transição entre três regiões brasileiras, atua no conjunto de variantes. Para dar cumprimento ao objetivo, a partir das formas documentadas, foram elaboradas cartas diatópicas pontuais e um gráfico comparativo de produtividade. Em síntese, o Tocantins apresenta um comportamento dialetal distinto, singularizado em comparação ao conjunto das regiões analisadas, possivelmente resultante de sua formação humana.
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