Expansão no sistema de concessividade: a gramaticalização de apesar de (que) na história do português

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/1984-8420.2021e74743

Resumo

Este artigo trata do processo de gramaticalização do qual resultou a perífrase concessiva apesar de (que) na história em português. Com base no caráter fundante de mecanismos cognitivos e pragmáticos, no impacto dos contextos de uso e em um protótipo de juntor concessivo, busco responder às questões: que traços do nome pesar, aliados a contextos particulares, ajudam a explicar a predisposição à mudança? como as relações concessivas expressas por apesar de (que) refletem fatos de seu percurso de constituição? que relações podem ser apreendidas entre a implementação gradual da mudança de significado e a composição estrutural como juntor complexo? A pesquisa é conduzida à luz de uma metodologia diacrônica pautada nos padrões polissêmicos de pesar, com suas respectivas propriedades distribucionais. Os resultados fornecem um mapa cronológico detalhado de possíveis estágios de mudança, nos quais sobressaem o peso da fonte pesar, enquanto shell noun, para as generalizações sintática e semântica e para a ação dos processos inferenciais que habilitaram as relações concessivas dos tipos causa negada e restritiva.

Biografia do Autor

Sanderléia Roberta Longhin, Universidade Estadual Paulista (UNESP)

Professora doutora do Departamento de Estudos Linguísticos e Literários, do Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas, UNESP/São José do Rio Preto. Atua no Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos, linha Variação e Mudança.

Referências

BARRA-JOVER, M. Propiedades léxicas y evolución sintáctica. El desarrollo de los mecanismos de subordinación en español. A Coruña: Toxoutos, 2002.

BYBEE, J. Language, usage and cognition. Cambridge: Cambridge University Press, 2010.

HAGÈGE, C. Les processus de grammaticalisation. In: HASPELMATH, M. et. al. (Eds). Language typology and language universals. Berlin, New York: Walter Gruyter, 2001, p.1609-1623.

HARRIS, M. Concessive clauses in English and Romance. In: HAIMAN, J.; THOMPSON, S. (Eds.) Clause combining in gramar and discourse. Amsterdam/Philadelphia: John Benjamins, 1988, p. 71-99.

HEINE, B.; KUTEVA, T. The genesis of grammar: a reconstruction. New York: Oxford University Press, 2007.

KÖNIG, E. On the history of concessive connectives in English: diachronic and synchronic evidence. Lingua, 66, p.1-19, 1985.

KORTMANN, B. Adverbial subordination: a typology and history of adverbial subordinators based on European languages. Berlin, New York: Mounton de Gruyter, 1997.

LANG, E. Adversative connectors on distinct levels of discourse. In: COUPER-KUHLEN, E.; KORTMANN, B. (Eds): Cause, condition, concession, contrast. Berlin: Mouton de Gruyter, 2000, p. 235-256.

LATOS, A. Concession on Different Levels of Linguistic Connection: Typology of Negated Causal Links. Newcastle Working Papers in Linguistics, vol. 15, p. 82-103, 2009.

LETOUBLON, F. Pourtant, cependant, quoique, bien que: dérivation des expressions de la concession, de la restriction et de l’opposition. Cahiers de linguistique française, 5, p. 85-110, 1983.

MACHADO FILHO, A. V. Dicionário etimológico do português arcaico. Salvador: EDUFBA, 2013.

MAGNE, A. A Demanda do Santo Graal: Glossário. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1944.

MAURI, C.; RAMAT, A. G. The development of adversative connectives: stages and factors at play. Linguistics, v. 50, n. 2, p. 191-239, 2012.

MAURI, C.; AUWERA, J. Connectives. In: ALLAN, K.; JASZCZOLT, K. (Eds.) The Cambridge Handbook of Pragmatics. Cambridge: Cambridge University Press, 2012, p. 377-401.

MOESCHLER, L.; SPENGLER, N. La concession ou la refutation interdite: approches argumentative et conversationnelle. Cahiers de linguistique française, 4, p. 7-36, 1982.

MOESCHLER, J. Connecteurs, encodage conceptual et encodage procedural. Cahiers de Linguistique française, Genève, n. 24, p. 265-292, 2002.

PANDER MAAT, H. Two kinds of concessives and their inferential complexities. In: KNOTT, A. et al. (Eds.) Levels of representation in discourse. Edinburgh: Human Communication Centre, 1999, p. 45-54.

PAUL, H. Princípios Fundamentais da História da Língua. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1886.

PRANDI, M. The Building Blocks of Meaning: ideas for a philosophical grammar. Amsterdam, Philadelphia: John Benjamins Publishing Company, 2004.

RUDOLPH, E. Contrast: adversative and concessive relations and their expressions in English, German, Spanish, Portuguese on sentence and text level. Berlin: Walter de Gruyter, 1996.

SCHMID, H. English Abstract Nouns as Conceptual Shells: From Corpus to Cognition. Berlin: Mouton de Gruyter, 2000.

TORRES CACOULLOS, R.; SCHWENTER, S. Towards an operational notion of subjectification. In: COVER, R.T.; KIM, Y. (Eds) Proceedings of the 31st Annual Meeting of the Berkeley Linguistics Society, 2005, p. 347-358.

TORRES CACOULLOS, R. Relative Frequency in the Grammaticization of Collocations: nominal to concessive a pesar de. In: FACE, T.; KLEE, C. (Eds) Selected Proceedings of the 8th Hispanic Linguistics Symposium. Somerville: Cascadilla Proceeding Project, 2006, p.37-49.

TRAUGOTT, E.; DASHER, R. Regularity in semantic change. Cambridge: Cambridge University Press, 2002.

Publicado

2021-09-13