Geração e classe social na análise de culturas infantis: marcas de alteridade e desigualdade
DOI:
https://doi.org/10.5007/1980-4512.2015n31p193Resumo
Este trabalho se propõe a discutir como as posições estruturais de geração e classe social se expressam nas culturas infantis de dois grupos diferenciados socialmente: um de baixa renda e residente em uma favela e outro de classe media alta intelectualizada. Partindo de uma perspectiva etnográfica, a pesquisa de campo foi desenvolvida com crianças de quatro a seis anos em instituições escolares, tendo elas como principais sujeitos da pesquisa. Da análise da empiria, o corpo apareceu como recurso e expressão das culturas das crianças que vivem na favela e que sofrem, na escola, processos densos de regulação da interação, da brincadeira e da linguagem. Ao contrário, a brincadeira destacou-se como principal manifestação que dá base para as culturas das crianças na escola de classe média/alta, contexto em que as interações entre pares e o brincar estão mais favorecidos. Estes dados são discutidos tomando como referência, além das posições de geração e classe social, os limites, possibilidades e referentes culturais oferecidos pelos contextos específicos de inserção das crianças, especialmente, a família e a escola.
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