As crianças sem terrinha e o enfrentamento à pandemia de covid-19: como brincar, sorrir e lutar nesse contexto?

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/1980-4512.2020v22nespp1305

Resumo

A pandemia do novo coronavírus escancara as consequências da crise econômica, política, sanitária, ambiental e civilizatória oriunda do modo de desenvolvimento capitalista. Tais contradições expõem ainda mais as crianças e mulheres às condições de vulnerabilidade e violação de direitos. A suspensão das aulas presenciais, o trabalho remoto ou a manutenção do trabalho presencial, bem como o desemprego e a instabilidade econômica provocaram o aumento da violência doméstica. O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST, busca enfrentar essas circunstâncias por meio da produção de alimentos saudáveis e da solidariedade, expressa na doação de comida às populações ameaçadas pelo vírus e a fome. A promoção da cultura, da literatura e do brincar das crianças Sem Terrinha, persistem enquanto forma de resistir ativamente e esperançar em meio à pandemia, combinado à disputa do sentido da educação, ao se opor à mercantilização e esvaziamento do processo formativo da classe trabalhadora.

 

Biografia do Autor

Márcia Mara Ramos, Universidade Estadual do Rio de Janeiro - UERJ Setor de Educação do MST

Mestre em Educação pela UNICAMP - Doutoranda em Educação no Programa de Pós Graduação da Universidade Estadual do Rio de Janeiro  – Proped/UERJ. Linha de Pesquisa: Infância, Juventude e Educação – Grupo de Pesquisa: Infância e saber docente. Grupo de Investigación Argentina: "La Cruz del Sur, entre la desigualdad y la emancipación". Bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro – FAPERJ/Brasil. Do Setor de Educação Nacional do MST e Frente da Infância Sem Terra.

Valter de Jesus Leite, Universidade Estadual de Maringá - Uem Setor de Educação do MST

Doutorando em Educação pela Universidade Estadual de Maringá (UEM). Bolsista pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Brasil (CAPES). Mestre em Educação e Graduado em Pedagogia pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE), Especialista em Trabalho, Educação e Movimentos Sociais pela Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV-FIOCRUZ/PRONERA).

Janaína Ribeiro de Rezende, Universidade Federal do Tocantins - UFT Setor de Educação do MST

Doutora em Psicologia Social pela Universidade de São Paulo - USP. Professora do curso de Pedagogia da Universidade Federal do Tocantins - UFT, campus de Tocantinópolis. Do Setor de Educação Nacional do MST e Frente de Infância Sem Terra

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Publicado

2020-12-28