Crianças e mulheres e nós-nada: reflexões a partir das vidas em despejo no acampamento Campo Grande do MST

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/1980-4512.2020v22nespp1255

Resumo

Este artigo tem como objetivo responder a uma questão: onde e como estão crianças e mulheres e suas vidas em tempos de pandemia da Covid-19 no Brasil. Trata-se de uma questão inegavelmente ampla. Para provocar respostas partimos de reflexões sobre a ação de despejo impetrada contra o acampamento do MST, Quilombo Campo Grande em Minas Gerais ocorrida em agosto de 2020. Emblematicamente essa ação de despejo faz pensar sobre inúmeras histórias de vidas brasileiras em despejo. São crianças e mulheres de acampamentos e periféricas, moradoras de grandes centros urbanos e rurais no país que urgem ser contempladas como objeto de reflexão. Como fonte foram usadas fotografias exibidas em jornais ao longo do período de 13 a 19/08/2020. Observou-se a presença de crianças e mulheres em foco evidenciando cenas dos momentos do despejo autorizado pelo governo do estado de Minas Gerais. Já iniciamos a refletir afirmando que urge olhar nos olhos da tragédia para enxergar as crianças e mulheres nesses tempos de pandemia e depois.

Biografia do Autor

Márcia Aparecida Gobbi, Universidade de São Paulo - USP

Possui graduação e licenciatura em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo (1992), mestrado em Educação, na área de Ciências Sociais, Cultura e Educação pela Universidade Estadual de Campinas (1997) e doutorado em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (2004). Professora da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, atuando na licenciatura em Ciências Sociais, Pedagogia e junto Programa de Pós-Graduação em Educação. Atualmente dedica-se a investigar representações e criações da infância em luta por moradia em ocupações na cidade de São Paulo e atua em formação de professores e ensino de sociologia.com ênfase em práticas e metodologia do ensino,volta-se ainda para Extensão coordenando projetos voltados à escola pública e ensino de sociologia.

Juliana Diamente Pito, Universidade de São Paulo

Universidade de São Paulo, Faculdade de Educação

Núcleo de Educação Infantil Paulistinha

São Paulo, Brasil

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Publicado

2020-12-28