“A pessoa ter dezanove para lá não prejudica”: O casamento prematuro na perspectiva de crianças e adolescentes em Moçambique
DOI:
https://doi.org/10.5007/1980-4512.2022.e88135Palavras-chave:
Casamento Prematuro, Crianças, Adolescentes, MoçambiqueResumo
O casamento prematuro tem profundas implicações na vida e no desenvolvimento das crianças e dos adolescentes envolvidos, especialmente nas meninas. Em Moçambique, 41% das raparigas e 11% dos rapazes menores de 18 anos, são casados ou vivem com alguém como se fossem casados. O presente artigo procura apresentar o fenomeno social do casamento prematuro, a partir dos pontos de vistas das próprias crianças e adolescentes de três diferentes contextos de Moçambique. Os dados foram recolhidos através de uma pesquisa participativa e visual e foram analisados, de acordo com o modelo socio-ecológico. Os principais resultados indicam que todos os actores que poderiam ter um papel central na prevenção do casamento prematuro, desde os próprios adolescentes, os seus pares e as suas famílias até a comunidade, as instituições e o Governo local, desempenham na realidade um papel ambivalente, contribuindo muitas vezes para estes casamentos.
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