A literatura sem morada fixa de Yoko Tawada: uma proposta de tradução de Schwager in Bordeaux à luz da exofonia tawadiana
DOI:
https://doi.org/10.5007/2176-8552.2022.e87139Palavras-chave:
Exofonia, Multilinguismo, Tradução, identidadeResumo
Yoko Tawada (1960-) tem o estranhamento provocado pelo trânsito linguístico como o ponto central de seu projeto literário, processo que possibilita o reconhecimento de zonas fronteiriças, a partir das quais identidades são construídas e questionadas. Tal abordagem pode ser encontrada no segundo romance da autora, Schwager in Bordeaux (2008), em que Yuna, uma jovem japonesa que mora em Hamburgo, decide viajar para Bordeaux para aprender francês. A narrativa é atravessada por um amálgama de lembranças onde navegam diversos personagens secundários que contribuem para a construção de um texto que trata da fluidez linguística a partir de uma literatura sem morada fixa, possibilitado pela escrita exofonica de Tawada. Trata-se de uma obra constituída sob diversas camadas linguísticas que, ao serem transpostas para outro idioma, como o português brasileiro, podem multiplicar as possibilidades interpretativas do romance. Os aspectos exofônicos de Schwager in Bordeaux sinalizam o multilinguismo inerente à obra e acentuam-se no seu processo tradutório, revelando assim um mecanismo que questiona o mito de origem do texto, bem como os processos subjetivos relacionados à criação literária advindos de uma subversão do olhar antropológico cada vez mais relevante no combate ao discurso conservador que insiste na demarcação de diversos gêneros de fronteiras.
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