Balanço da voz e outras vozes: Augusto de Campos entre cantores e canções

Autores

  • Eduardo Sterzi Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)

DOI:

https://doi.org/10.5007/2176-8552.2022.e91021

Palavras-chave:

Augusto de Campos, Poesia, Crítica Musical, Canção, Lupicínio Rodrigues, Elis Regina

Resumo

“Augusto, bem mais jovem [do que Décio Pignatari e Haroldo de Campos], encantado, como seu pai, pela música, ouve boleros e sambas-canção e refunde o amor fidalgo dos medievais, percebendo a nova era das canções.» Assim aparece Augusto de Campos no retrato do poeta quando jovem que Lúcio Agra esboça em contraste com os perfis dos seus companheiros do grupo Noigandres, núcleo fundador da poesia concreta brasileira. É a música que assoma aí como seu traço distintivo dentro da unidade pretendida pelo grupo no seu momento de afirmação e, mais do que a música, no relato de Agra, especificamente a forma da canção, apreciada e pensada pelo poeta, desde a juventude, num arco histórico muito abrangente que vai da Idade Média (Augusto acabaria traduzindo todas as dezoito canções atribuídas a Arnaut Daniel) até a atualidade. Nossa proposta é examinarmos como a reflexão de Augusto de Campos sobre a música ? e mais especificamente sobre a forma da canção e a presença nela da voz ? foi um dos momentos decisivos para a reconfiguração “verbivocovisual” da poesia proposta pelos concretistas. E como também a relação de sua obra poética com a música nos convida a vermos de modo mais complexo ? isto é, menos linear ? a concepção de tempo implícita na teoria da poesia concreta.

Biografia do Autor

Eduardo Sterzi, Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)

Professor de Teoria Literária na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp, Brasil) e pesquisador do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Publicou, entre outros, Saudades do mundo: notícias da Antropofagia (Todavia, 2022).
Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/7327712805101952

Referências

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Publicado

2022-12-30