Espectrofonias no teatro de Nathalie Sarraute

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/2176-8552.2018n25p104

Resumo

Este ensaio busca analisar de que modo parte do teatro de Nathalie Sarraute pode ser lido como uma espectropoética, isto é, concebido como modo de trabalhar o elemento espectral em suas composições via procedimentos sonoros específicos. Pautadas pela fragmentação sonora, pela polifonia, pela duplicação vocal e figural, as peças de Sarraute teriam como traço comum a ênfase na dimensão auditiva e no universo acústico das operações características de meios sonoros, o que resultaria na criação de zonas de tensão entre temporalidade e espacialidade, matéria sonora das palavras e imagem. Para além da camada semântica, aqui a voz é pensada não apenas com a força de choque de um objeto material, mas também como o lugar de uma ausência que, nela, se transforma em presença. Estas espectropoéticas se configurariam então como exercícios de experimentação vocal e de escuta marcados por traço lacunar, por reduplicações e ressonâncias que caracterizariam a indeterminação da ausência-presença como procedimento formal privilegiado desta dramaturgia.

Biografia do Autor

Diego dos Santos Reis, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Doutor (2019), Mestre (2015) e Licenciado (2012) em Filosofia pelo Programa de Pós-Graduação em Filosofia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, com estágio doutoral no Institut d'Études Politiques de Paris/SciencesPo. Bacharel em Artes Cênicas - Teoria do Teatro (2017) pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro.

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Publicado

2018-06-29