A ficção científica e o novum (1977)

Autores

  • Larissa Costa da Mata Mestre - UFSC
  • Darko Suvin

DOI:

https://doi.org/10.5007/2176-8552.2021.e84708%20%20

Palavras-chave:

Ficção científica, novum, teoria da narrativa

Resumo

Neste ensaio, o crítico iugoslavo Darko Suvin propõe, a partir do filósofo marxista Ernst Bloch, o novum como categoria determinante para se compreender a ficçãocientífica face a outros gêneros narrativos: o de Fantasia, o mítico, o conto de fadas e a ficção naturalista. O novum consistiria em um princípio que instaura uma mudança no universo do relato, analogamente à norma empírica do autor. Além disso, é um evento essencialmente histórico, na medida em que não será reconhecido como novidade
em qualquer época (o que também vale para a narrativa de ficção científica, que não é sempre considerada como tal). Aliada, portanto, à analogia, essa categoria substitui noções anteriores de Suvin como a extrapolação, a qual afirma agora ser insustentável, por essa se pautar em uma noção de futuro como tempo limitado. Por sua vez, o novum
modifica a própria conexão entre as relações espaciais e temporais e se estabelece de acordo com a sua relevância. Demonstrando afinidade com a teoria marxista, o autor sugere que esse gênero narrativo se valha de uma colaboração entre as ciências humanas e as naturais, pois somente as primeiras contemplariam adequadamente a
modificação dos processos históricos e das relações sociais operada pelo novum

Biografia do Autor

Larissa Costa da Mata, Mestre - UFSC

p

Referências

ADORNO, Theodor. Ästhetische Theorie. Frankfurt: Suhrkamp, 1970. [Edição brasileira: ADORNO, Theodor. Teoria estética. Tradução de Artur Morão. São Paulo: Martins Fontes, 1982.]

AMIS, Kingsley. New Maps of Hell. New York: Harcourt Brace, 1975.

ATHELING, William Jr. [pseud. de James Blish]. More Issues at Hand: Critical Studies in Contemporary Science Fiction. Chicago: Advent, 1970.

BAILEY, J. O. Pilgrims Through Space and Time: Trends in Scientific and Utopian Fiction. Westport: Greenwood Press, 1972.

BAKHTIN, Mikhail M. Voprosy literatury i èstetiki. Moskow: Khudozhestvennaja literature, 1975. [Edição brasileira: ______. Questões de literatura e de estética. Tradução de Aurora Fornoni. 7. ed. São Paulo: Hucitec, 2010.]

BERGSON, Henri. L'évolution creatrice. Paris: Alcan, 1907. [Edição brasileira: ______. A evolução criadora. Tradução de Bento Prado Neto. São Paulo: Martins Fontes, 2019.]

BLOCH, Ernst. Experimentum Mundi. Frankfurt: Suhrkamp, 1976.

______. Das Prinzip Hoffnung. Frankfurt: Suhrkamp, 1959. 2 v. [Edição brasileira: ______. O princípio da esperança. Tradução de Nélio Schneider. Rio de Janeiro: UERJ, 2005. v. 1; ______. O princípio da esperança. Tradução e notas de Werner Fuchs. Rio de Janeiro: UERJ, 2006. v. 2.]

BRECHT, Bertolt. Gesammelte Werke. Frankfurt: Suhrkamp, 1973. 20 v.

CHERRY, Colin. On Human Communication. Cambridge, MA: MIT Press, 1966. [Edição brasileira: ______. A comunicação humana: uma recapitulação, uma vista de conjunto e uma crítica. Tradução de José Paulo Paes. São Paulo: Cultrix, 1974.]

FOHT, Ivan. “Slika čovjeka i kosmosa”. Radio Beograd: Treći program 2, Spring 1974. p. 523-560.

GRAMSCI, Antonio. Selections from the Prison Notebooks. Trans. and ed. Quintin Hoare and Geoffrey Nowell Smith. New York: International Publishers, 1971. [Edição brasileira completa dos Cadernos do cárcere: ______. Cadernos do cárcere, volume 1. Edição e tradução de C. N. Coutinho (coedição); L. S. Henriques; M. A. Nogueira. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1999; ________. Cadernos do cárcere, volume 2. Edição e tradução de C. N. Coutinho (coedição); L. S. Henriques; M. A. Nogueira. 3 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2004; ________. Cadernos do cárcere, volume 3. Edição e tradução de C. N. Coutinho (coedição); L. S. Henriques; M. A. Nogueira. 2 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002; ________. Cadernos do cárcere, volume 4. Edição e tradução de C. N. Coutinho (coedição); L. S. Henriques; M. A. Nogueira. 5 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001; Cadernos do cárcere, volume 5. Edição e tradução de C. N. Coutinho (coedição); L. S. Henriques; M. A. Nogueira. 4 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002; Cadernos do cárcere, volume 6. Edição e tradução de C. N. Coutinho (coedição); L. S. Henriques; M. A. Nogueira. 4 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002.]

HEGEL, Georg. W. F. Phänomenologie des Geistes. Leipzig: Meinet, 1949. Sämtlich Werke, v. 2. [Edição brasileira: ______. Fenomenologia do espírito. Tradução: Paulo Meneses. 9. ed. Colaboração de Karl-Heinz Efken e José Nogueira Machado. Rio de Janeiro: Vozes, 2014.]

HOHENDAHL, Peter Uwe (Ed.). Sozialgeschichte und Wirkungsästhetik. Frankfurt: Athenäum, 1974.

JAMESON, Frederic. Generic Discontinuities in SF. In: SUVIN, Darko. MULLEN, R. D. (Eds.). Science-Fiction Studies: Selected Articles in Science Fiction 1973-1975. Boston: Gregg, 1976. p. 28-39. [No Brasil, capítulo de: ______. Arqueologias do futuro. O desejo chamado Utopia e outras ficções científicas. Tradução de Carlos Pissardo. Belo Horizonte: Autêntica, 2021].

JAMESON, Frederic. World Reduction in Le Guin: The Emergence of Utopian Narrative. In: SUVIN, Darko. MULLEN, R. D. (Eds.). Science-Fiction Studies: Selected Articles in Science Fiction 1973-1975. Boston: Gregg, 1976. p. 251-260. [No Brasil, capítulo de: ______. Arqueologias do futuro. O desejo chamado Utopia e outras ficções científicas, 2021.]

JAUSS, Hans Robert. Literaturgeschichte als Provokation. Frankfurt: Suhrkamp, 1970. [Edição brasileira: ______. A História da Literatura como provocação à Teoria Literária. Tradução de Sérgio Tellaroli. São Paulo: Ática, 1994.]

LEM, Stanislaw. Fantastyka i futurologia. Krakow: Wydawnictwo Literackie, 1973. 2 v.

LOTMAN, Jurij. The Structure of the Artistic Text. Trans. Ronald Vroon. Ann Arbor: University of Michigan Press, 1977. (Michigan Slavic Contributions, v. 7)

LUKÁCS, Georg. History and Class Consciousness: Studies in Marxist Dialectics. Trans. Rodney Livingstone. London: Merlin, 1971. [Edição brasileira: ______. História e consciência de classe. Tradução de Rodnei Nascimento. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2018.]

MARX, Karl. Private Property and Communism. In: MARX, Karl. Writings of the Young Marx on Philosophy and Society. Ed. and trans. Loyd D. Easton and Kurt H. Guddat. Garden City-NY: Doubleday, 1967. [No Brasil, capítulo de: ______. Propriedade privada e comunismo. In: ______. Manuscritos econômicofilosóficos e outros textos escolhidos. 5ª Ed. São Paulo: Nova Cultural, Coleção os Pensadores, 1991.]

MUMFORD, Lewis. Technics and Civilization. New York: Harcourt, Brace and Co., 1963.

NUDELMAN, Rafail. An Approach to the Structure of Le Guin’s FC. Trans. Alan G. Myers. In: SUVIN, Darko. MULLEN, R. D. (Eds.). Science-Fiction Studies: Selected Articles in Science Fiction 1973-1975. Boston: Gregg, 1976. p. 240-250.

NUDELMAN, Rafail. Conversation in a Railway Compartment. Trans. Daniel Soones. Science-Fiction Studies, v. 5, 1978.

PEIRCE, Charles S. What Pragmatism Is. In: ______. Collected Papers. Ed. Charles Hartshorne and Paul Weiss. Cambridge, MA: Harvard University Press, 1934. [Edição brasileira: O que é o pragmatismo. In: ______. Semiótica. Tradução de José Teixeira Coelho Neto. São Paulo: Perspectiva, 2005. p. 283-302. (Coleção Estudos, v. 46).]

PHILMUS, Robert M. Science Fiction: From its Beginning to 1870. In: BARRON, Neil (Ed.) Anatomy of Wonder: Science Fiction. New York: Bowker Company, 1976.

RUSS, Joanna. Towards an Aesthetic of Science Fiction. In: SUVIN, Darko. MULLEN, R. D. (Eds.). Science-Fiction Studies: Selected Articles in Science Fiction 1973-1975. Boston: Gregg, 1976. p. 8-15.

SIMMEL, Georg. Philosophie des Geldes. München: Duncker & Humblot, 1930.

SOMBART, Werner. Der Moderne Kapitalismus. München: Duncker & Humblot, 1917. 3 v.

SUVIN, Darko. On Individualist World View in Drama. Zagadnienia rodzajów literackich, v. 9, n. 1, 1966.

SUVIN, Darko. Beckett’s Purgatory of the Individual. Tulane Drama Review, New York, v. 11, n. 4, p. 23-36, 1967.

SUVIN, Darko. The Open-Ended Parables of Stanislaw Lem and Solaris. Afterword. In: LEM, Stanislaw. Solaris. New York: Walker, 1976. [Edição brasileira: Posfácio. In: LEM, Stanislaw. Solaris. Tradução de Reinaldo Guarany. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1984.]

SUVIN, Darko. Stanislaw Lem und das mitteleuropäische soziale Bewusstsein der Science Fiction. Stanislaw Lem. In: BERTHEL, Werner (Ed.). Der dialektische Weise aus Krakow. Frankfurt: Insel Verlag, 1976. p. 157-171.

SUVIN, Darko. “Utopian” and “Scientific”: Two Attributes for Socialism from Engels. Minnesota Review, Durham, The Duke University Press, n. 6, p. 59-70, Spring 1976.

SUVIN, Darko. Science and Marxism, Scientism and Marquit. Two Attributes for Socialism from Engels. Minnesota Review, Durham, The Duke University Press, n. 10, p. 143-151, Spring 1978.

SUVIN, Darko. Positions and Presuppositions in Science Fiction. London: Macmillan; Kent: Kent University Press, 1988.

SUVIN, Darko. Goodbye to Extrapolation. Science-Fiction Studies, Greencastle-USA, v. 22, n. 2, p. 301-303, 1995.

SUVIN, Darko. Considering the Sense of “Fantasy” or “Fantastic Fiction”. Extrapolation, Liverpool, v. 41, n. 3, p. 209-247, 2000.

SUVIN, Darko. On the Horizons of Epistemology and Science. Critical Quarterly, New Jersey-USA, v. 52, p. 68-101, Apr. 2010.

THOM, René. Stabilité structurelle et morphogénèse. Reading: Benjamin, 1972.

TRZYNADLOWSKI, Jan. Próba poetyki science fiction. In: BUDZYK, K. ed. Z teorii i historii literatury. Wrocław, 1963.

WILLIAMS, Raymond. The Long Revolution. Harmondsworth: Penguin, 1971.

Downloads

Publicado

2022-10-03

Edição

Seção

Artigos