Editorial, n. 19, 2005
DOI:
https://doi.org/10.5007/1518-2924.2005v10n19piResumo
FORMAÇÃO PROFISSIONAL E DESAFIOS ATUAIS NO CAMPO DA INFORMAÇÃO O título deste editorial aponta para mais que uma constatação; ele relembra a pluralidade com que está constituído o campo da informação de que tratam como campo profissional e de investigação bibliotecários, arquivistas e cientistas da informação. A atualidade decorre da circunstância de que há um sentimento em processo de generalização de que quase não há mais tempo para olhar o passado, senão como referência do que não pode mais servir como fonte de inspiração ou fonte de onde se poderá extrair idéias instrumentalmente aplicáveis ao mundo contemporâneo, especialmente de uma contemporaneidade que se mede em não mais que uma década. Desse modo, um artigo que examina a literatura sobre formação profissional, concentra a sua análise em textos que foram majoritariamente produzidos nos cinco anos recentes. Explica-se, sobretudo, pelo fato do enfoque estar dando relevância às tecnologias da informação e tecnologia, sabemos todos, não está sendo tomada nos dias atuais apenas como uma moeda que promove a competição entre países, através de suas elites dirigentes (políticas e econômicas) e profissionais, mas, distorcidamente, está sendo levada à conta da razão da existência humana, sendo cada vez mais naturalizada. Por este motivo, um dos mais fortes desafios atuais no e ao campo da informação é incorporar em seu discurso e constante apreciação o trato ético da existência em sociedade e das relações que podem ser construídas nas interações entre homens e mulheres nesta contemporaneidade, sem perder de vista o futuro. Nesta edição, um artigo levanta parte das questões aí colocadas e, como trabalho intelectual, teve como base palestra realizada em 2004, por sua autora, em um Encontro dos Profissionais Bibliotecários do Estado de São Paulo, voltado para a discussão do tema. É um avanço? É a busca pela construção de uma resposta da qual os profissionais do campo da informação não podem se escusar? Talvez! Esse talvez se explica pelo fato de que aqueles mesmos bibliotecários, liderados pelo Conselho Regional de Biblioteconomia da 8ª Região, mantêm uma seqüência dessas reuniões, que prosseguirão por todo o ano de 2005. Também constitui desafio atual ao campo a modalidade de publicação periódica em meio eletrônico, do que esta revista Encontros Bibli é um dos canais tecnologicamente beneficiados e, porisso, está sendo analisada em seus aspectos intrínsecos e extrínsecos. Como análises de outros veículos no meio impresso oferecidas pela literatura, um estudo sobre um periódico publicado em meio eletrônico traz uma avaliação que contribuirá para alavancar e fortalecer o campo da informação, na razão direta em que fatores relacionados à autoria e produtividade também abrem questões que, mais adiante, apontarão para a avaliação da qualidade com que o campo da informação produz o seu discurso. Permite verificar com quem os autores do campo dialogam no universo uni, inter, multi e transdisciplinar e que matrizes importam e formulam para sustentar seu conhecimento explicativo e prático e, assim, a sua ciência e a sua tecnologia. É neste aspecto que o discurso plural se manifesta mais e mais e nesta edição vai estar representado por artigos que resultam do encontro intelectual de cientistas da informação e cientistas na computação, praticando, propondo e experimentando possíveis respostas que levam a possibilidades mais amplas de armazenamento e recuperação da informação. De outro lado, revelam também uma certa impossibilidade de geração desse conhecimento tecnológico insulado em um espaço particular de tratamento da informação ou em uma organização de pesquisa. Pesquisas aplicadas como revela um dos textos pode requerer, mais que iniciativa intelectual, a aproximação de instituições de ensino e pesquisa públicas e privadas. Vencer, no campo da informação, nos países em processo de desenvolvimento econômico, como o Brasil, o desafio do isolamento motivado pela origem institucional (público X privado), em prol da produção de saber puro e aplicado é uma das grandes possibilidades que o mundo atual aponta como um discurso que a formação do profissional deve reforçar. Os projetos pedagógicos e as práticas pedagógicas neste momento não responderão mais, de forma adequada, ao desenvolvimento sócio-econômico se não forem configurados e praticados como intervenções no campo das políticas. Por essa razão, a racionalidade de hoje requer que a ação socializadora da escola de preparação acadêmico-prática de profissionais da informação tome como afirmação que o seu trabalho se orienta por Projetos Político-Pedagógicos e, assim, procuram construir e difundir soluções contextualmente situadas. As ciências da Ciência da Informação não farão sentido para o futuro se não puderem ser caracterizadas como produtoras de conhecimento puro e aplicado que, de fato, tenham relação com o conxteto que lhes cobra respostas e ações e, portanto, com o agora e com o futuro. Contudo, e esse é o desafio maior, que fazer com o passado? Se o passado estiver estritamente referenciado nas tecnologias e, portanto, no conhecimento aplicado, poucos argumentos haverá para sustentá-lo mas se estiver apoiado em uma memória que explica o contexto de existência e os modos de agir e interagir humano, portanto, amparado pela compreensão histórica, psicológica, sociológica e política ele não poderá ser tomado simplesmente como o passado, posto que é ele que explica o sentido do mundo atual e das possibilidades de futuro. Neste sentido, conhecer Pierre Bourdier e sua teoria do campo e Norbert Elias e suas teorias processual e configuracional nos dará fundamento para entender que a formação de profissionais no atualmente desafiador campo da informação não pode ser vista de uma perspectiva relativa mas também não de uma perspectiva absoluta, na medida que deverá fluir em uma trajetória guiada pela existência humano-social. Neste número, os leitores ainda terão um documento que representa uma comunicação sintética das contribuições apresentadas em Seminário promovido pelo Departamento e Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da UFSC no final do ano de 2004. E, pela primeira vez, com o propósito de disseminar o conhecimento produzido no Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da UFSC, serão apresentados resumos de dissertações defendidas em seu Curso de Mestrado e, com isso, está sendo aberta a sessão Resumos de Dissertações. Desejando a todos os leitores e a todas as leitoras um bom proveito com o conteúdo desta edição, subscreve-se Prof. Francisco das Chagas de Souza – Editor chagas@cin.ufsc.br ou bibli@cin.ufsc.br Departamento de Ciência da Informação Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação Universidade Federal de Santa Catarina Brasil Florianópolis, Ilha de Santa Catarina, março de 2005. Enc. Bibli: R. Eletr. Bibliotecon. Ci. Inf., Florianópolis, n.19, 1º sem. 2005.
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