Editorial, n. 20, 2005
DOI:
https://doi.org/10.5007/1518-2924.2005v10n20piResumo
EDITORIAL EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E FUTURO NO CAMPO DA INFORMAÇÃO DOCUMENTÁRIA O campo da informação documentária tem sido ampliado de forma dramática, pela expansão que decorre do acentuadamente denso movimento dos negócios privados e públicos. Esses negócios cada vez mais se entrelaçam. Nas três últimas décadas têm-se tornado quase indistinguíveis os interesses industriais, financeiros e de especulação de capital dos dirigentes estatais e das corporações privadas. Independentemente das questões éticas, políticas e sociais, há uma evidentemente crescente demanda de informação por parte desses dirigentes. É desnecessário dizer que nenhuma dessas operações deixa de ser registrada, ocupando grandes espaços de memória eletrônica seja no registro dos fluxos de comunicação telefônica, bancária, tributária ou referente ao registro de fretamento e uso de transportes ou dos demais recursos exigidos ao longo do desenvolvimento dos negócios. Hoje, mais que em qualquer outro momento passado, ninguém desconhece que a produção e o registro de informação tomaram posições centrais nos negócios, na educação, no controle do conhecimento e na promoção da saúde. Atingiu-se um estágio de desenvolvimento capitalista em que os bens e espécies naturais escasseiam (água, ar, e várias fontes ambientais da flora e fauna), enquanto a informação passa a ser excessiva, gerando excedentes cada vez mais assustadores, sendo uma das atuais causas de desperdício do emprego da inteligência e trabalho humanos. Sabe-se que, progressivamente, aumentam as preocupações com as técnicas de seleção documentária e com as políticas de formação e manutenção de acervos de documentos, como uma conseqüência vinculada ao propósito de redução de custos de prédios, máquinas, recursos humanos, eletricidade, sistemas de comunicação de dados, dentre outros e, mesmo assim, vê-se que esses custos não param de crescer. É evidente que os sistemas de informação, por estarem diretamente associados ao progresso da formalização e registro dos discursos humanos, têm como única direção o crescimento linear e em progressão geométrica, na medida mesma em que a expectativa dos gestores econômicos se afirma num único tom: o lucro, o superávit e o crescimento dos resultados na produção de bens, serviços e movimentação de capital. A medida de sucesso, de um bom sucesso, é o aumento de receita, a redução de despesa e a otimização dos benefícios em relação aos investimentos realizados. Desse ponto de vista, o futuro das profissões vinculadas ao campo da informação documentária, cujo conceito aqui tomado inclui toda a tipologia de documento gerados pela ação humana, parece indiscutivelmente aberto. Seja qual for o ângulo pelo qual se olhe, não há evidências de que se terá o esgotamento de lugares para a atuação dos profissionais preparados para aí serem inseridos. O que se pode discutir tem relação com as formas como esses profissionais desejam abordar esse futuro na esfera do Estado e na esfera empresarial, seja atuando em organizações do setor de educação, comunicação, saúde, indústria, serviços etc. Em todos os espaços profissionais edificados no âmbito dessas esferas vai ser exigido de uma educação profissional que não seja de oferta restrita ao espaço físico ou virtual em que operam os respectivos cursos ou escolas formadoras. Necessariamente, dos egressos dessa educação, mais do que atualmente acontece, se exigirá uma preparação que também seja política e situada histórica e economicamente na sociedade como fundamento para propor as direções com vista ao futuro. Desses egressos, se espera que entendam que os acervos e os conteúdos neles contidos venham a ser tomados não como “documentos” enquanto pacotes de registros, mas documentos enquanto “mensagens” que contribuem para orientar ou determinar as direções do porvir. Nesse futuro da informação documentária caberá cada vez menos o bom técnico em descrição documentária. Fará a diferença o profissional motivado para cuidar de que os processos de comunicação se dêem em qualquer âmbito ou setor de forma dinâmica e que toda a informação estocada circule com muito mais desembaraço. Isto não implica que ele vá descurar da realização dos registros, do atendimento às demandas de dados ou informação, mas significa que ele deverá ser protagonista na produção de uma nova ordem de acesso universal ao conhecimento humanamente produzido, tornando o alcance de todo o saber a resposta que deve ser colocada na contramão da redução dos bens e espécies naturais que escasseiam (água, ar, e várias fontes ambientais da flora e fauna). Nesse contraponto, a informação como bem social, evidentemente, excessivo tornar-se-ia disponível para todos em qualquer tempo e lugar como hoje já não o é mais o ar puro e a água potável, fazendo assim com que pela informação, pelo seu pleno uso, se possa melhor aproveitar, e em menor volume, o que a natureza já não poderá mais oferecer tão larga e graciosamente, sem a aplicação de uma adequada inteligência em seu uso e aproveitamento. Á propósito, esta edição de Encontros Bibli, referente ao segundo semestre de 2005, inicia-se com um artigo que aborda a questão da gestão da informação resultante de atividades de comunicação televisiva. Os demais artigos tratam de linguagem documentária; conversão de conhecimento em um ambiente de negócio educacional; transferência de tecnologia entre universidade e indústria; serviço de referência on-line e produção e circulação do livro no Brasil em quatro séculos, a partir de 1550. Outro fato associado a este fascículo é o de que todos os artigos são assinados por autores oriundos de outras instituições distintas daquela que é responsável por sua edição. A isto se associa o marco de que, com esta edição, Encontros Bibli, alcança ininterruptamente, dez anos de presença no espaço editorial ocupado pela Ciência da Informação e Biblioteconomia no Brasil. Também, e não menos significativa, é a presença dos resumos de oito dissertações defendidas pelos alunos do Curso de Mestrado em Ciência da Informação da Universidade Federal de Santa Catarina. A disseminação desses textos dá continuidade à sessão Resumos de Dissertações, iniciada na edição anterior deste periódico. Nesta oportunidade, carregada de marcos simbólicos em torno deste empreendimento que se insere, reforça e acentua o futuro da informação documentária no mundo, agradecemos a todas as pessoas, colegas, consultores, correspondentes e demais colaboradores que, no Brasil e no exterior, acreditam num mundo em que o excesso de informação iluminará as formas pelas quais se possa fazer cair a escassez de seu acesso para todos e para todas as pessoas que habitam o planeta. Uma proveitosa leitura é o que desejamos a cada um(a) que tiver acesso a esta edição! Prof. Francisco das Chagas de Souza – Editor chagas@cin.ufsc.br ou bibli@cin.ufsc.br Departamento de Ciência da Informação Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação Universidade Federal de Santa Catarina Brasil Florianópolis, Ilha de Santa Catarina, setembro de 2005. Disponibilizado na WWW em 05/10/2005. Enc. Bibli: R. Eletr. Bibliotecon. Ci. Inf., ISSN 1518-2924, Florianópolis, Brasil.Downloads
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