Seguindo a onda: o gratuito em primeiro
DOI:
https://doi.org/10.5007/1518-2924.2007v12nesp1piResumo
O que nos move? Como produtores e consumidores de bens e serviços, o que nos entusiasma fazer e com que meios o fazemos? Essas questões encerram toda a noção de existência humana e apontam para a necessidade de compreensão da estimulação que possamos ter. É isso, no que toca à comunicação científica, que esta edição de Encontros Bibli levanta como ponto de partida, a fim de levar o seu leitor a usufruir também a partir de suas próprias perguntas das dimensões do que está no conteúdo que ela traz. O conjunto dos artigos, precedidos pela entrevista com Stevan Harnad, dão o tom do que nesta segunda metade da primeira década do século XXI vem se desenrolando como uma das mais inesperadas respostas da Comunidade Científica mundial para o acesso ao conhecimento registrado, ao acesso “gratuito” ao saber que cientistas produzem no mundo todo. O gratuito “entre aspas” aqui enfatizado é para ressaltar que nada é gratuito, quando fala-se do universo de produção de bens e serviços. No mínimo, boa parte das pesquisas e boa parte das cátedras são remuneradas com o dinheiro da população, quando através do Estado subvenciona a realização de pesquisa científica dita pura e quando através das empresas de quem adquirem bens e serviços, subvencionam, quando estas o fazem, a realização das pesquisas aplicadas e do desenvolvimento e inovação tecnológicas. Por isso, ao fim e ao cabo são os consumidores os patrocinadores. Certamente, por essa razão, temos a consciência de que os meios de que dispomos para o que nos entusiasma realizar como geração de conhecimento sai do nosso bolso de consumidor e formador do lucro das empresas e de contribuinte do estado que cada vez mais nos tributa. Essa consciência teve um momento para iluminar muitas mentes, o final do século XX, e coincidiu com duas circunstâncias: a) o abuso da ordem econômica neoliberal iniciada nos anos 1990 direcionado a lucrar mais acentuadamente, inclusive com a implantação das reengenharias que destruíram muitos empregos no mundo todo; e b) o desenvolvimento de muitas novas tecnologias de comunicação e informação a partir dos anos 1980, dando condições de seu barateamento e maior possibilidade de ser acessível às classes médias e, com chances de, num horizonte não muito restrito, atingir parte das classes trabalhadoras. É esta coincidência entre o capital que quer mais lucrar e a tecnologia que precisa ser cada vez mais consumida, que estabelece então o quadro favorável a uma distribuição mais larga da informação e, por conseguinte, uma noção de que a informação vale muito mais e retro-alimenta muito mais o próprio mundo do capital, quanto mais ela circula. E quanto mais ela circula tanto mais necessita de outros serviços como eletricidade, transporte de equipamentos de acesso à informação, desenvolvimento de pacotes de informação cada vez mais sofisticados, serviços de manutenção, novas estratégias de engenharia em muitos âmbitos etc. Enfim, quanto mais informação e comunicação gratuita, tanto mais os negócios das mídias e das telecomunicações avançam. Então a nossa consciência, o nosso entusiasmo em fazer a criação das condições para difundir conteúdos em arquivos abertos, em desenvolver bibliotecas digitais, ao tempo em que nos alegra, não nos pode cegar e nos impedir de perceber que somos ampliadores do movimento do capital. E isso é dito como uma constatação de quem está seguindo uma onda, que hoje é dominante. Este movimento mundial em torno dos arquivos abertos, que envolve muitas das melhores mentes e capacidades de produzir conhecimento aplicado à comunicação científica, não poderia deixar de motivar os que fazem esta revista a estimular dois pesquisadores brasileiros, Lígia Café e Hélio Kuramoto, a organizar esta edição especial. Por isso, quero agradecer, em nome da Comissão Editorial de Encontros Bibli, a ambos, pelo aceite em organizar este número e fazer, com o melhor de seus esforços a reunião de um seleto grupo de pesquisadores voltados a essa temática. Este número – Tecnologia da Informação e Arquivos abertos – traz sete artigos produzidos por estudiosos da temática no país e também no exterior, em várias instituições. Ao oferecer essa colaboração desses autores para os seus leitores, Encontros Bibli, por sua Comissão Editorial e por todos os demais colaboradores, tem a certeza de estar prestando uma significativa contribuição para o estudo do tema nos Programas de Ciência da Informação e Biblioteconomia. Por fim, agradeço aos avaliadores dos originais por sua colaboração para o sucesso desta edição. A todos e a todas, desejo uma boa leitura e espero que esta edição, que é parte de um periódico que desde 1996 dispõe de todos os números em arquivos abertos, represente um bom aporte conceitual e teórico para os próximos trabalhos de cada um[a].Downloads
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
O autor deve garantir:
- que haja um consenso completo de todos os coautores em aprovar a versão final do documento e sua submissão para publicação.
- que seu trabalho é original, e se o trabalho e/ou palavras de outras pessoas foram utilizados, estas foram devidamente reconhecidas.
Plágio em todas as suas formas constituem um comportamento antiético de publicação e é inaceitável. Encontros Bibli reserva-se o direito de usar software ou quaisquer outros métodos de detecção de plágio.
Todas as submissões recebidas para avaliação na revista Encontros Bibli: revista eletrônica de biblioteconomia e ciência da informação passam por identificação de plágio e autoplágio. Plágios identificados em manuscritos durante o processo de avaliação acarretarão no arquivamento da submissão. No caso de identificação de plágio em um manuscrito publicado na revista, o Editor Chefe conduzirá uma investigação preliminar e, caso necessário, fará a retratação.
Esta revista, seguindo as recomendações do movimento de Acesso Aberto, proporciona seu conteúdo em Full Open Access. Assim os autores conservam todos seus direitos permitindo que a Encontros Bibli possa publicar seus artigos e disponibilizar pra toda a comunidade.
Os conteúdos de Encontros Bibli estão licenciados sob uma Licença Creative Commons 4.0 by.
Qualquer usuário tem direito de:
- Compartilhar — copiar, baixar, imprimir ou redistribuir o material em qualquer suporte ou formato
- Adaptar — remixar, transformar, e criar a partir do material para qualquer fim, mesmo que comercial.
De acordo com os seguintes termos:
- Atribuição — Você deve dar o crédito apropriado, prover um link para a licença e indicar se mudanças foram feitas. Você deve fazê-lo em qualquer circunstância razoável, mas de maneira alguma que sugira ao licenciante a apoiar você ou o seu uso.
- Sem restrições adicionais — Você não pode aplicar termos jurídicos ou medidas de caráter tecnológico que restrinjam legalmente outros de fazerem algo que a licença permita.