Informação e patrimônio cultural LGBT: as mobilizações em torno da patrimonialização da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo
DOI:
https://doi.org/10.5007/1518-2924.2020.e70964Palavras-chave:
Informação, Museologia, Patrimônio, Diversidade, Parada do Orgulho LGBTResumo
Objetivo: O artigo investiga as mobilizações em prol da patrimonialização de bens relacionados à comunidade LGBT no Brasil e o modo como o campo da Informação dialoga com essa temática. Compreende que, apesar de nas últimas décadas ter ocorrido uma flexibilização conceitual, quando se trata da seleção, registro e difusão do patrimônio relacionado às práticas e produções culturais da comunidade LGBT, evidenciam-se lacunas, ausências e silenciamentos. Utiliza como estudo de caso as tentativas de reconhecimento da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo como patrimônio.
Método: Pesquisa de caráter descritivo e exploratório com abordagem qualitativa, sendo analisados dois tipos de fontes: (1) a literatura científica sobre a temática; (2) documentos relativos ao Projeto de Lei n.º 399/2017 da Câmara Municipal de São Paulo e ao Projeto de Lei n.º 176/2015 da Assembleia Legislativa de São Paulo.
Resultado: Explicita as transformações no campo nacional do Patrimônio, o lugar dos patrimônios LGBT nas produções do campo da Ciência da Informação e da Museologia no Brasil e as mobilizações em torno da tentativa de reconhecimento da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo como Patrimônio Cultural Imaterial do Município e do Estado.
Conclusões: O artigo destaca a importância de realizar estudos voltados para a comunidade LGBT no campo da Informação, da Museologia e do Patrimônio, observando as reverberações da patrimonialização enquanto um processo informacional.
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