Beauvoir e a situação das mulheres: entre subjetividade e facticidade
DOI:
https://doi.org/10.5007/1677-2954.2018v17n2p217Resumo
Mostraremos, nesse artigo, que a noção de situação – compreendida como tensão entre subjetividade e facticidade – possibilita a Beauvoir sair do conceitualismo e sua essencialização do que é histórico, e ao mesmo tempo, sair do nominalismo, que recusa a noção mesma de gênero em prol de expressões abstratas e universais. Contra essas duas vertentes, a filósofa francesa aponta a necessidade de pensar a questão de gênero a partir das situações concretas de formação das crianças e jovens para encontrar, ali, as dificuldades que as mulheres encontram para se afirmarem como “nós”, mas também para – ao não anular o papel dessas subjetividades no mundo – buscar ali as possibilidades de luta e modificação das próprias condições históricas.
Com base principalmente na Introdução do Primeiro Volume e na última parte do Segundo Volume do livro O segundo sexo, buscaremos compreender que a afirmação de que “há mulheres”, presente no texto, não resulta de um pensamento que essencializa as situações, mas o contrário, resulta de uma adoção da ética existencialista, que pressupõe como ponto de partida a descrição da concretude humana.
Referências
BEAUVOIR, S. O segundo sexo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2016, vol. I.
______. O segundo sexo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2016, vol. II.
______. Le deuxième sexe I Paris: Gallimard, 2010.
______. Le deuxième sexe II. Paris: Gallimard, 2010.
______. O existencialismo e a sabedoria das nações. Lisboa: Esfera do Caos, 2008.
______. Por que sou feminista? Entrevista a Jean-Louis Servan-Schreiber. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=xd4NzJ9XFrs> Acesso em 23/06/2017.
DAVIS, A. Mulheres, raça e classe. São Paulo: Boitempo, 2016.
DOS SANTOS, Magda G. Memória e feminino em Simone de Beauvoir: o problema da recepção. Estudos Feministas, set-dez/2012, pp. 919-937. Disponível em: <https://periodicos.ufsc.br/index.php/ref/article/view/S0104-026X2012000300018>. Acesso em 28/06/2017.
FALQUET, Jules. Nouvelles Questions Féministes: 22 años profundizando en una visión feministe, radical, materialista y anti-esencialista. Estudos Feministas, Florianópolis: set-dez/2004, pp. 63-75. Disponível em: <https://periodicos.ufsc.br/index.php/ref/article/view/S0104-026X2004000300006> Acesso em 23/06/2017.
KOFES, Suely. No labirinto, espadas e novelo de linha: Beauvoir e Haraway, alteridades, e alteridade, na teoria social. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, set-dez/2008, pp. 865-878. Disponível em: <https://periodicos.ufsc.br/index.php/ref/article/view/S0104-026X2008000300008> Acesso em 28/06/2017.
LECARME-TABONE, E. Le Deuxième Sexe de Simone de Beauvoir. Paris: Gallimard, 2008.
LUGONES, María. Rumo a um feminismo descolonial In Estudos Feministas, Florianópolis, set/dez 2014, pp. 935-952. Disponível em <https://periodicos.ufsc.br/index.php/ref/article/view/36755> Acesso em 28/06/2017.
MISSAGIA, Juliana. Fenomenologia e feminismo: introdução e defesa de um diálogo profundo In PACHECO, J (org). Mulher & Filosofia. Porto Alegre: Editora Fi, 2015.
PERROT, M. Os excluídos da história: operários, mulheres, prisioneiros. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988.
RIBEIRO, D. Prefácio à edição brasileira In DAVIS, A. Mulheres, raça e classe. São Paulo: Boitempo, 2016.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
This obra is licensed under a Creative Commons Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional