Beauvoir e a situação das mulheres: entre subjetividade e facticidade

Autores

  • Thana Mara de Souza Universidade Federal do Espírito Santo

DOI:

https://doi.org/10.5007/1677-2954.2018v17n2p217

Resumo

Mostraremos, nesse artigo, que a noção de situação – compreendida como tensão entre subjetividade e facticidade – possibilita a Beauvoir sair do conceitualismo e sua essencialização do que é histórico, e ao mesmo tempo, sair do nominalismo, que recusa a noção mesma de gênero em prol de expressões abstratas e universais. Contra essas duas vertentes, a filósofa francesa aponta a necessidade de pensar a questão de gênero a partir das situações concretas de formação das crianças e jovens para encontrar, ali, as dificuldades que as mulheres encontram para se afirmarem como “nós”, mas também para – ao não anular o papel dessas subjetividades no mundo – buscar ali as possibilidades de luta e modificação das próprias condições históricas.

Com base principalmente na Introdução do Primeiro Volume e na última parte do Segundo Volume do livro O segundo sexo, buscaremos compreender que a afirmação de que “há mulheres”, presente no texto, não resulta de um pensamento que essencializa as situações, mas o contrário, resulta de uma adoção da ética existencialista, que pressupõe como ponto de partida a descrição da concretude humana.

Biografia do Autor

Thana Mara de Souza, Universidade Federal do Espírito Santo

Professora Doutora do Departamento e Programa de Pós-Graduação em Filosofia da UFES (Universidade Federal do Espírito Santo).

Mestre, doutora e pós-doutora pela USP (Universidade de São Paulo) na área de Filosofia Francesa Contemporânea. Ano de defesa do doutorado: 2009. Ano de apresentação do último pós-doutorado: 2016.

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Publicado

2018-12-31

Edição

Seção

Dossiês