Luz, Câmera, Alfabetização Científica! Compreendendo o protagonismo de Marie Curie pela obra cinematográfica Radioactive
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-7941.2021.e76549Resumo
Embora a indústria cultural se preocupe, muitas vezes, em concentrar esforços para proporcionar um simples divertimento, as obras cinematográficas podem ir além do entretenimento e oferecer possibilidades incomensuráveis de reflexão de temas no campo científico, tecnológico e social. Por isso, o objetivo deste artigo é analisar a obra cinematográfica Radioactive procurando compreender contribuições desse filme para a alfabetização científica e tecnológica da sociedade. Utiliza-se a técnica de Análise de Conteúdo de Bardin. O filme mostra que a compreensão sobre a estrutura do átomo estava em pleno desenvolvimento e revela um pouco da dificuldade para se entender, naquele momento, a natureza dos raios emitidos pelos átomos instáveis mencionados por Marie Curie. A obra cinematográfica permite refletir visões distorcidas da C&T como a ideia individualista e elitista que ignora o trabalho coletivo dos cientistas e que entremostra a ciência como sendo uma atividade de homens brancos que estariam aptos a decidir temas sociais que envolvem C&T. O filme parece nos deixar uma série de mensagens, mas podemos destacar aquela que valoriza a democratização da ciência e, principalmente, com a participação necessária da mulher como sujeito do processo.
Referências
AGUIA. Produção científica feminina cai devido à pandemia. AGUIA. Agência USP de gestão da informação acadêmica Universidade de São Paulo. 27 de jun. de 2020. Disponível em: https://www.aguia.usp.br/noticias/49310/?doing_wp_cron=1596666982.1948049068450927734375. Acesso em: 05 ago. 2020.
AKOTIRENE, C. Interseccionalidade. São Paulo: Editora Jandaíra, 2020.
ALVES, R. Filosofia da Ciência: introdução ao jogo e suas regras. São Paulo: Brasiliense, 1981.
AULER, D.; DELIZOICOV, D. Alfabetização científico-tecnológica para quê? Ensaio Pesquisa em Educação em Ciências, Belo Horizonte, v. 3, n. 2, p. 122-134, 2001. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/epec/v3n2/1983-2117-epec-3-02-00122.pdf. Acesso em: 10 ago. 2020.
AULER, D.; DELIZOICOV, D. Educação CTC: articulação entre pressupostos do educador Paulo Freire e referenciais ligados ao movimento CTS. In: LÓPES, A. B.; PEINADO, V-B.; LÓPES, M. J.; RUZ, M. T. P. (Org.). Las Relaciones CTS en la Educación Científica. Málaga: Editora da Universidade de Málaga, v. único, p. 01-07, 2006.
BARDIN, L. Análise de Conteúdo. 3. ed. São Paulo: Edições 70, 2011.
BATISTA, I. de L.; SALVI, R. F.; LUCAS, L. B. Modelos científicos e suas relações com a epistemologia da ciência e a educação científica. In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS, 8, 2011, Campinas. Anais... Campinas: ENPEC, 2011.
CACHAPUZ, A. et al. (Org.). A necessária renovação do ensino de ciências. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2011.
CHALMERS, A. F. O que é ciência afinal? 1. ed. São Paulo: Brasiliense. 1993.
CHASSOT, A. Alfabetização científica: questões e desafios para a educação. 5. ed. Ijuí: Ed. Unijuí, 2011.
CHASSOT, A. Alfabetização científica: uma possibilidade para a inclusão social. Revista Brasileira de Educação, ANPED, n. 22, p. 89-100, 2003. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-24782003000100009&lng=en. Acesso em: 10 ago. 2020.
COLLINS, H.; PINCH T. O Golem à solta: o que você deveria saber sobre tecnologia. Belo Horizonte: Fabrefactum. 2010.
CORDEIRO, M. D. Dos Curie a Rutherford: aspectos históricos e epistemológicos da radioatividade na formação científica. 2011. Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-Graduação em Educação Científica e Tecnológica, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis.
CORDEIRO, M. D.; PEDUZZI, L. O. Q. M. S. Aspectos da natureza da ciência e do trabalho científico no período inicial de desenvolvimento da radioatividade. Revista Brasileira de Ensino de Física, v. 33, n. 3, p. 3601-11, 2011. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/rbef/v33n3/19.pdf. Acesso em: 22 fev. 2021.
CUNHA, R. B. Alfabetização científica ou letramento científico? Interesses envolvidos nas interpretações da noção de scientific literacy. Revista Brasileira de Educação, v. 22, n. 68, p. 169-186, 2017. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbedu/a/cWsmkrWxxvcm9RFvvQBWm5s/?lang=pt. Acesso em: 22 jun. 2021.
CURIE, M. S. Rayons émis par les composés de l’uranium et du thorium. Comptes Rendus de l’Académie des Sciences de Paris, v. 126, p. 1101-3, 1898. Disponível em: https://www.academie-sciences.fr/pdf/dossiers/Curie/Curie_pdf/CR1898_p1101.pdf. Acesso em: 22 fev. 2021.
FAUSTO-STERLING, A. Sexing the Body: Gender Politics and the Construction of Sexuality. New York: Basic Books. 2000.
FREIRE, P. Conscientização teoria e prática da libertação: uma introdução ao pensamento de Paulo Freire. 3. ed. São Paulo: Moraes, 1980.
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
HOOKS, B. Ensinando a transgredir: a educação como prática da liberdade. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2013.
KELLER, E. F. Qual foi o impacto do feminismo na ciência? Tradução: Maria Luiza Lara. Cadernos Pagu, Campinas, n. 27, p. 13-34, 2006. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-83332006000200003&script=sci_ abstract&tlng=pt. Acesso em: 10 ago. 2020.
GALVÃO, T.; FELICIO, C. M.; NOLL, M. O jornalismo científico no contexto educacional: práticas dialógicas informacionais para a divulgação científica. In: FALEIRO, W.; BARROS, M. V.; ANDREATA, M. A. (Org). A docência e a divulgação científica no ensino de ciências. Goiânia: Kelps, p. 155-186, 2020.
GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
HEERDT, B; BATISTA, I, d. L. Questões de gênero e da natureza da ciência na formação docente. Investigações em Ensino de Ciências, v. 21, n. 2, p. 30-51, 2016. Disponível em: https://www.if.ufrgs.br/cref/ojs/index.php/ienci/article/view/7. Acesso em: 03 jul. 2021.
HIRATA, H. Gênero, classe e raça - Interseccionalidade e consubstancialidade das relações sociais. Tempo Social, v. 26, n. 1, São Paulo: USP, 2014. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ts/a/LhNLNH6YJB5HVJ6vnGpLgHz/?lang=pt. Acesso em: 03 jul. 2021.
JAPIASSU, H. O mito da neutralidade científica. 2. ed. Rio de janeiro: Imago, 1981.
LICIO, J. G.; SILVA, C. C. O que Richard Feynman tem a nos ensinar sobre natureza da ciência? Caderno Brasileiro de Ensino de Física, v. 37, n. 1, p. 146-172, 2020. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/fisica/article/view/2175-7941.2020v37n1p146. Acesso em: 10 ago. 2020.
LUJÁN LÓPES, J. L. et al. Ciencia, Tecnología y Sociedad: Una introducción al estudio social de la ciencia y la tecnología. Madrid: TECNOS. 1996.
MAFFÍA, D. Epistemología Feminista: la subversión semiótica de las mujeres en la ciencia. Revista feminismos, v. 2, n. 3, Set. - Dez. 2014. Disponível em: https://portalseer.ufba.br/index.php/feminismos/article/view/30037. Acesso em: 10 ago. 2020.
MARQUES, A. C. T. L.; MARANDINO, M. Alfabetização científica, criança e espaços de educação não formal: diálogos possíveis. Educação e Pesquisa [online], v. 44, p. 1-19, e170831. 2018. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S1678-4634201712170831. Acesso em: 22 jun. 2021.
MARTINS, A. M.; JUNIOR, P. L. Identidade e desenvolvimento profissional de professoras de ciências como uma questão de gênero: o caso de Natália Flores. Investigações em Ensino de Ciências, v. 25, n. 3, p. 616-629. 2020. Disponível em: https://www.if.ufrgs.br/cref/ojs/index.php/ienci/article/view/2173. Acesso em: 22 jun. 2021.
MARTINS, R. A. As primeiras investigações de Marie Curie sobre elementos radioativos. Rev. SBHC, n. 1, p. 29-41, 2003. Disponível em: https://www.sbhc.org.br/revistahistoria/view?ID_REVISTA_HISTORIA=21. Acesso em: 22 fev. 2021.
MARTINS, R. A. Como Becquerel não descobriu a radiatividade. Caderno Brasileiro de Ensino de Física, v. 7, número especial, p. 27-45, 1990. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/275832998_Como_Becquerel_nao_descobriu_a_radioatividade. Acesso em: 22 fev. 2021.
MEDEIROS, C. Entrevista com Mariluce Moura. In: VOGT, C.; GOMES, M.; MUNIZ, R. (Org). ComCiência e divulgação científica. Campinas: BCCL/UNICAMP, p. 143-150, 2018.
MELO, M. G. de A. Luz, Câmera, Alfabetização Científica! Possibilidades epistemológicas no antagonismo ciência-pseudociência da série Cosmos de Carl Sagan. Amazônia: Revista de Educação em Ciências e Matemáticas, v. 17, n. 38, p. 173-190, 2021. Disponível em: https://www.periodicos.ufpa.br/index.php/revistaamazonia/article/view/9737. Acesso em: 03 de jul. de 2021.
MELO, M. G. de A.; SILVA, J. A. P. Luz, Câmera, Alfabetização Científica! Uma conversa entre Arte e Ciência na Viagem à Lua de Georges Méliès. Revista Valore, v. 4, n. (edição especial), p. 8-18. 2019. Disponível em: https://revistavalore.emnuvens.com.br/valore/article/view/526. Acesso em: 03 jul. 2021.
MORIN, E. Ciência com consciência. 11. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2008.
MOZZER, N. B.; JUSTI, R. da S. Modelagem analógica no ensino de ciências. Investigações em Ensino de Ciências, v. 23, n. 1, p. 155-182, 2018. Disponível em: https://www.if.ufrgs.br/cref/ojs/index.php/ienci/article/view/883. Acesso em: 26 fev. 2021.
PEDUZZI, L. O. Q. Do átomo grego ao átomo de Bohr. Publicação interna. Florianópolis: Departamento de Física, Universidade Federal de Santa Catarina, 2015 (revisado em julho de 2019). 205 p. Disponível em: www.evolucaodosconceitosdafisica.ufsc.br. Acesso em: 22 fev. 2021.
PIZZATO, M. C. et al. O que são atitudes investigativa e científica, afinal? Revista Electrónica de Enseñanza de las Ciencias, v. 18, n. 2, p. 342-360, 2019. Disponível em: http://reec.uvigo.es/volumenes/volumen18/REEC_18_2_3_ex1408.pdf. Acesso em: 10 ago. 2020.
PUGLIESE, G. O Nobel e alguns "contos de fada". ComCiência, Campinas, n. 164, dez. 2014. Disponível em: http://comciencia.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1519-76542014001000011 &lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 23 jun. 2021.
PUGLIESE, G. Sobre o “Caso Marie Curie”: A Radioatividade e a Subversão do Gênero. 2009. Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-Graduação de Antropologia Social da Universidade de São Paulo, São Paulo.
PUGLIESE, G. Um sobrevoo no “Caso Marie Curie”: um experimento de antropologia, gênero e ciência. Revista de Antropologia, São Paulo, USP, v. 50, n. 1, 2007. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ra/a/xZy55p7Sk9BZPYBNnYjZmWC/?format=html. Acesso em: 24 jun. 2021.
ROSA, K.; MARTINS, M. C. O que é alfabetização científica, afinal? In: SIMPÓSIO NACIONAL DE ENSINO DE FÍSICA, XVII, 2007, São Luís, Maranhão. Anais... Disponível em: http://www.sbf1.sbfisica.org.br/eventos/snef/xvii/sys/resumos/T0011-1.pdf. Acesso em: 24 jul. 2020.
SAGAN, C. O mundo assombrado pelos demônios: a ciência vista como uma vela no escuro. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.
SAMPIERI, R. H.; COLLADO, C. F.; LUCIO, P. B. Metodologia de pesquisa. 3. ed. São Paulo: McGraw-Hill, 2006.
SASSERON, L. H.; CARVALHO, A. M. P. de. Alfabetização científica: uma revisão bibliográfica. Investigações em ensino de ciências, v. 16, n. 1, p. 59-77, mar. 2011. Disponível em: https://www.if.ufrgs.br/cref/ojs/index.php/ienci/article/view/246. Acesso em: 10 ago. 2020.
SCHIEBINGER, L. Mais mulheres na ciência: questões de conhecimento. Apresentação de Maria Margaret Lopes. História, Ciências, Saúde – Manguinhos, Rio de Janeiro, v. 15, supl., jun., p. 269-281, 2008.
SCHIENBINGER, L. O feminismo mudou a ciência? Bauru: Edusc, 2001.
SILVA, F. F. da; RIBEIRO, P. R. C. A inserção das mulheres na ciência: narrativas de mulheres cientistas sobre a escolha profissional. Linhas Críticas, v. 18, n. 35, p. 171-191, 2012. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/linhascriticas/article/view/3846. Acesso em: 17 ago. 2020.
SOUZA, L. P.; GUEDES D. R. A desigual divisão sexual do trabalho: um olhar sobre a última década. Estudos avançados, v. 30, n. 87, 2016. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ea/a/PPDVW47HsgMgGQQCgYYfWgp/?lang=pt. Acesso em: 03 jul. 2021.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
DECLARAÇÃO DE RESPONSABILIDADE Certifico que participei da concepção do trabalho, em parte ou na íntegra, que não omiti quaisquer ligações ou acordos de financiamento entre os autores e companhias que possam ter interesse na publicação desse artigo. Certifico que o texto é original e que o trabalho, em parte ou na íntegra, ou qualquer outro trabalho com conteúdo substancialmente similar, de minha autoria, não foi enviado a outra revista e não o será enquanto sua publicação estiver sendo considerada pelo Caderno Brasileiro de Ensino de Física, quer seja no formato impresso ou no eletrônico.
Caderno Brasileiro de Ensino de Física, Florianópolis, SC, Brasil - - - eISSN 2175-7941 - - - está licenciada sob Licença Creative Commons > > > > >